😩 Dá pra não falar de coronavírus?
- Edição enviada em 09/06/2020
- às 18:00
Bom dia!
“Dá para não falar de coronavírus?” é a pergunta que nos fazemos todos os dias! Inevitavelmente, abrimos esta edição com as últimas da pandemia. Mas, para não dizer que não tentamos, trazemos a história de uma marca centenária e, lá no finalzinho, um convite para fugirmos dos temas obrigatórios.
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Tempo de leitura da edição de hoje:
10 minutos
Nosso próximo encontro:
Terça, 16 de junho
1. Uma epidemia em expansão
Começamos esta edição, como já virou tradição, falando dos últimos dados da epidemia do coronavírus em Curitiba — que, vale lembrar, são atualizados diariamente no nosso Monitor COVID-19 Curitiba. Nesta segunda-feira (8), essa era a situação na cidade:
- 1.352 casos confirmados
- 279 casos suspeitos
- 61 mortes
Da semana passada para cá (atenção), foram 223 novos casos confirmados — o maior aumento semanal de casos desde o início da circulação do vírus aqui na cidade.
📝 Uma observação interessante: fizemos aqui n’O Expresso a conta dos casos ativos de COVID em Curitiba — ou seja, o número de curitibanos infectados pelo vírus e que estão em condição de transmiti-lo a outras pessoas, como explica esta reportagem. (Gazeta do Povo)
Trocando em miúdos, isso equivale ao número de casos confirmados, excluindo-se recuperados (que já não têm necessidade de isolamento social) e mortos. Resultado: atingimos nesta semana o pico de casos ativos no município, o que significa que a possibilidade de transmissão do vírus é a maior da epidemia até aqui.
Nos bairros: E onde estão estes casos? Você já deve saber que Cristo Rei e Mossunguê juntaram-se a Cascatinha e Batel como os bairros com maior incidência da COVID-19.
O que você não sabe é que 22 bairros de Curitiba apresentaram aumento no número de casos, com base nos dados divulgados pela Prefeitura na última sexta. Cristo Rei e Mossunguê estão na lista, claro, somados a Abranches, Água Verde, Ahú, Bacacheri, Barreirinha, Boa Vista, Cabral, Campina do Siqueira, Campo de Santana, Campo Comprido, Ganchinho, Novo Mundo, Rebouças, Santa Quitéria, São Francisco, Seminário, Tarumã, Umbará e Vila Izabel.
🗣️ E aí? Seu bairro está na lista? Conta pra gente como está a situação por aí pelo oi@oexpresso.curitiba.br ou na nossa enquete no final da edição.
Curtas da epidemia⚡
- Um baita serviço do Plural: onde fazer o teste para COVID-19 em Curitiba. Para quem não sabe, a cobertura do exame pelos planos de saúde agora é obrigatória; basta ter requisição médica.
- Causaram choque na cidade as imagens de bares de Curitiba lotados neste fim de semana, com clientes sem máscara e aglomerações no estilo pré-pandemia. Houve reação: em entrevista, o prefeito repudiou a ação, e o poder público reforçou que está fiscalizando e notificando bares e outros estabelecimentos denunciados. A ver. (G1 Paraná e Prefeitura de Curitiba)
- Direto das gôndolas: apesar de parecerem lucrar como nunca, os supermercados viram o consumo voltar aos patamares pré-pandemia já em abril. O movimento pode até ser maior, mas os clientes estão priorizando itens baratos, como água sanitária e alvejante, segundo este empresário. (Gazeta do Povo)
- Não é feitiçaria: pesquisadores da PUCPR criaram um modelo matemático para prever a evolução dos casos de COVID-19 em Curitiba. Spoiler: a curva está subindo. (Gazeta do Povo)
2. O Expresso da História: Últimas notas
Trazemos hoje mais uma edição da coluna O Expresso da História, em que o nosso parceiro Diego Antonelli mostra as raízes de uma tradicional fábrica curitibana que tem origens alemãs e, quem diria, argentinas!… Conta lá, Diego:
🎹Os acordes dos pianos ressoaram pela última vez em 1997, no cruzamento entre as ruas Mauá e Campos Sales, no bairro Alto da Glória. A tradicional fábrica de pianos Essenfelder se despediu naquele ano do povo paranaense e virou parte da história.
A antiga fábrica da Essenfelder em Curitiba, localizada no Alto da Glória, em imagem do início do século XX (colorida digitalmente). Crédito: Divulgação
🇩🇪 🇦🇷 A saga da centenária fábrica começa no velho continente, quando o alemão Florian Essenfelder aprendeu o ofício da fabricação de pianos na C. Bechstein, em Berlim, famosa por produzir um dos melhores pianos do mundo. Ali, ele descobriu sua vocação.
- Em 1889, Florian embarcou com esposa e dois filhos com destino a Buenos Aires, onde abriria uma oficina de pianos. Foi lá, portanto, que nasceu a primeira fábrica de pianos com a marca F. Essenfelder & Cia.
🇧🇷 Anos depois, em 1902, já viúvo e com seis filhos, Florian migrou para o Brasil, se estabelecendo primeiro em Pelotas, no Rio Grande do Sul, e, na sequência, em Curitiba, onde chegou em 1909. A capital paranaense foi escolhida na época pela abundância de matéria-prima para a fabricação de seus pianos — leia-se, madeira de alta qualidade, como mogno, imbuia e cerejeira. (Gazeta do Povo)
Em seu auge, a fábrica conseguia produzir entre 120 a 130 pianos por mês e contou com mais de 300 funcionários. A Essenfelder ganhou prêmios nacionais e internacionais pela qualidade do produto — como fazia questão de destacar a fachada da fábrica: “Pianos Essenfelder, premiados em exposições internacionais”. Gerações e mais gerações de músicos se formaram nas teclas de um Essenfelder.
📉 Nos anos 1990, a crise começou a baquear a empresa. As políticas econômicas do governo Collor facilitaram a importação de produtos, e fizeram com que pianos mais baratos chegassem ao país. Com isso, a Essenfelder perdeu a competitividade e o espaço no mercado, vindo a fechar a fábrica em 1997.
Curiosidades:
- Pouca gente sabe, mas a empresa Essenfelder ainda existe, reinventada: agora, ela produz pianos acústicos e digitais, em parceria com uma fábrica na China!
- O local onde funcionava a antiga fábrica abriga hoje uma das sedes do Tribunal de Justiça do Paraná — batizado de Edifício Essenfelder.
- Quem quiser saber mais sobre a trajetória de Florian Essenfelder pode conferir esta dissertação de mestrado de João Baptista Penna de Carvalho Neto, que associa o sucesso do empresário à transformação da economia paranaense na época, de agro-exportadora para industrial.
3. Curtas da semana ⚡
Rodízio à vista: a estiagem não dá trégua e se consolida como a pior dos últimos 100 anos. O Rio Iguaçu, por exemplo, tem o menor volume de água em 90 anos de registros. Por isso, a Sanepar já prevê estender o rodízio de abastecimento de água em Curitiba até setembro ou outubro. (Gazeta do Povo)
Agilidade: já é possível registrar Boletins de Ocorrência de crimes de violência contra a mulher pela internet. A ferramenta teve o lançamento priorizado, diante do aumento de casos durante a pandemia. Ao mesmo tempo, a Polícia Civil do Paraná passou a divulgar dados trimestrais sobre feminicídio. (Comunicare, Gazeta do Povo e BandNews FM)
Festival (só) de Curitiba: as apresentações de um dos maiores festivais de teatro do país, o Festival de Curitiba, serão reformuladas. A proposta é que sejam todas gratuitas, em espaços abertos e com foco apenas em produções locais. A única atração de fora é Emicida, que abre o evento – ainda sem data definida para acontecer. (CBN Curitiba)
4. Aos velhos tempos
Dois anos depois de fechar, a antiga locadora Vídeo 1 deu um vislumbre de esperança em alguns curitibanos nostálgicos quando renovou a fachada do prédio histórico, nas Mercês.
A reforma, porém, foi motivada pela segurança e manutenção do local — que, de quebra, ganhou uma arte em homenagem ao que foi, um dia, a locadora mais antiga da América Latina. (Gazeta do Povo)
5. Pra terminar: em bom curitibanês
“Todos — sem exceção — padecem no momento do mesmo mal: o imperativo dos assuntos únicos. Leia-se a pandemia e o governo federal. […] Tornou-se imoral falar sobre outra coisa. O mundo desabando e a gente ali — na base do amor, do sorriso e da flor.”
A frase de hoje é do jornalista, professor e curitibano da gema José Carlos Fernandes — com a qual a gente se identificou pacas.
Afinal, quem é que não cansa de falar do assunto do momento? Quem é que não precisa de um refresco mental vez ou outra, em meio aos dias em isolamento?
É o que tentamos fazer aqui n’O Expresso — e a gente pede desculpa se as notas sobre a pandemia parecem disco riscado, mas ignorar o obrigatório se tornou, como diz o Zeca, “uma tremenda falta de sensibilidade”.
Pra encerrar num tom mais leve, não deixe de ler essa crônica-desabafo deliciosa de Fernandes, que saiu na última edição do jornal Cândido.