Um clique diretamente de um dos imóveis históricos à venda da Rua Barão do Rio Branco. O registro é do Washington Cesar Takeuchi e você pode conferir a série inteira aqui.
Pra encerrar: em bom curitibanês
“Curitiba virou uma espécie de terra prometida para os venezuelanos: são os Estados Unidos dos imigrantes.”
Quem nos conta esta história aí de cima é a venezuelana Maria Nina Muñoz Salas, uma dentista que veio morar no Brasil em 2017 e trouxe com ela apenas uma mala e uma bicicleta. (O Globo)
Como muitos venezuelanos, Maria Nina chegou ao país pela fronteira com Roraima, e viveu por dois anos em Boa Vista trabalhando como odontóloga. Desde essa época, tinha o sonho de se mudar para Curitiba – onde ela chegou em dezembro do ano passado e já montou seu consultório.
Maria Nina comentou que muitos dos seus conterrâneos vivem no bairro Fazendinha, onde há “venezuelanos por todos os lados”. Você sabia? Esperamos, de fato, que a cidade continue a acolher gente de todos os cantos 🙂
Uma ótima semana a você!
💸 Quanto ganha a mulher curitibana?
Quanto a mulher curitibana ganha 🤑
Uma das discriminações mais sutis contra a mulher está registrada em carteira: ganhar menos que o homem. Pesquisas recentes, das mais diversas fontes, mostram que as mulheres brasileiras ganham até 23% a menos que os homens, que o problema se estende a todos os estados brasileiros e que a pandemia desacelerou a correção desta desigualdade no Brasil e no mundo. (CNN Brasil, G1, Folha de S.Paulo e DW Brasil)
E como estará a situação em Curitiba?
Como sempre, nós d’O Expresso resolvemos vasculhar os dados locais disponíveis, com a ajuda da nossa super analista de dados Caroline Attilio.
- Descobrimos um bom nível de detalhamento na base do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, e resolvemos apurar: afinal, qual a diferença salarial entre homens e mulheres em Curitiba?
Em um número: 8%. Enquanto as mulheres de Curitiba que têm carteira assinada recebem, em valores medianos, R$ 1.380 por mês, os homens ganham R$ 1.500.
- Parece pouco, mas, segundo os dados de março de 2021, este é o segundo maior gap salarial de gênero nas capitais brasileiras – só fica atrás de Belo Horizonte.
Em março deste ano, Curitiba era a segunda capital em desigualdade salarial de gênero no Brasil: só perdia para Belo Horizonte. Veja o mapa completo aqui.
A gente detalhou todos os números na nossa página especial Quanto ela ganha, mas deixamos aqui alguns destaques:
- Uma das coisas que mais nos chamou a atenção foi que, quanto mais a mulher estuda, maior a desigualdade salarial: mulheres com mestrado ganham 50% a menos que os homens; mulheres com pós-graduação, 33%.
- A diferença salarial também varia conforme a raça: mulheres indígenas, por exemplo, ganham 18% a menos que os homens; mulheres pretas, 12% a menos.
- No ano da pandemia, a coisa parece ter piorado: o gap salarial de gênero em Curitiba foi de 4,6% para 8% entre março de 2020 e março de 2021.
“A cultura de que a mulher recebe menos precisa ser rompida. É uma coisa velada, uma preferência machista, baseada nos papéis tradicionais. Enquanto não houver igualdade nas atividades domésticas, a mulher terá um fator limitador em sua inserção no mercado profissional.”
Foi o que nos disse Thereza Cristina Gosdal, desembargadora do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 9ª Região e professora de Direito do Trabalho.
Fomos além e perguntamos às nossas entrevistadas: e o que pode ser feito?
🔎 A primeira coisa é transparência: em países como Reino Unido e Alemanha, as empresas são obrigadas a publicar dados (não individualizados) sobre a diferença salarial entre homens e mulheres – e, assim, acabam sendo cobradas publicamente para reduzir o gap. (G1 e BBC Brasil)
- Aqui no Brasil, tramita no Congresso um projeto de lei que prevê multa a empresas que cometam discriminação salarial contra mulheres. (Folha)
🕚 Outra sugestão unânime é lutar pela igualdade nas atividades domésticas. Em média, as mulheres brasileiras ainda dedicam o dobro de tempo a serviços domésticos do que os homens. (iG) Essa “pobreza de tempo“, como afirma a juíza Bárbara Ferrito, faz com que as mulheres se tornem menos disponíveis para o mercado de trabalho. (Gênero e Número)
- “A expectativa de responsabilidade pelas atividades de cuidado recai sobre a mulher. E isso impacta muito: o emprego, sob essa ótica, vira secundário, e isso restringe a participação da mulher no mercado de trabalho”, resume Carolina de Quadros, advogada, mestra em Direito e especialista em Direito do Trabalho.
🤿 Para ir a fundo: explore a nossa página especial Quanto ela ganha. E também vale ler essa pesquisa sobre Mulheres na Pandemia, do excelente Gênero e Número, que cobre questões de gênero no Brasil.
Conheça o ‘Soares’ 🤸
Na semana passada, uma atleta curitibana de 15 anos fez história: a ginasta Júlia Soares realizou um movimento inédito na trave durante o Campeonato Pan-Americano de Ginástica Artística, no Rio de Janeiro – e que deve ser batizado com o seu nome. (Globo Esporte)
O ‘Soares’ é um movimento de entrada na trave, que envolve uma meia pirueta e um movimento de vela, em que o corpo se mantém estendido na vertical. Ficou curioso? Assista aqui.
Trabalho duro: Atleta do Cegin (Centro de Excelência de Ginástica do Paraná), Júlia treina desde os quatro anos de idade no ginásio do bairro Capão da Imbuia. Ela contou nesta entrevista que ficou dois anos treinando o movimento. “No começo eu batia muito meu braço e ficava roxo”, disse. (Tribuna do Paraná)
Seu próximo sonho? Disputar as Olimpíadas de Paris, em 2024. Vai, Júlia!
Curtas ⚡
Leão no drive-thru: começam hoje as visitas drive-thru no zoológico de Curitiba, gratuitas e agendadas. Para essa semana, as vagas já acabaram, mas há passeios programados para todo o mês de junho. O agendamento pode ser feito aqui. (Prefeitura de Curitiba)
Ainda a pandemia: saímos da bandeira vermelha, mas a letalidade do coronavírus ainda preocupa, como mostra o nosso Monitor COVID-19 Curitiba. As internações em Curitiba ficaram mais longas e letais, e as mortes permanecem num patamar elevado, na casa das 20 por dia. (Plural e O Expresso)
Falando nisso: quem quiser explorar mais os dados da pandemia terá a oportunidade de aprender com dois mestres do ofício, Álvaro Justen e Daniel Ikenaga, nesta live do pessoal do Code for Curitiba, na quarta (16) às 20h30.
Mosaico Urbano
A foto de hoje é do amigo e super fotógrafo Brunno Zotto, na Rua Prefeito Rosaldo Gomes Mello Leitão – ali no Centro Cívico. Aliás, nesta semana que passou, um outro registro do Brunno ganhou destaque (merecido) em vários portais curitibanos. Você viu?
Pra encerrar: em bom curitibanês
“O tempo real ficou disforme, e a gente está aprendendo a encontrar trocas.”
Encerramos esta edição com uma frase do escritor curitibano Richard Roch, que traduz muito da nossa sensação de desconforto nesta pandemia.
O autor criado no bairro Fazendinha e autor do livro “Preto de Alma Preta” contou nesta reportagem do jornal Cândido como tem feito para manter as trocas e diálogos com seus leitores em tempos de distanciamento. Spoiler: lives são uma das ferramentas.
Falando em escritores locais, neste domingo (20) é dia de Às vezes, aos Domingos, uma live de bate-papo entre autores do Paraná que rola uma vez por mês no Instagram. O debate da vez acontece às 17h, entre Antonio Cescatto e Marco Aurélio Cremasco.
Ficamos por aqui. Uma boa semana!
👾 O vírus pelos bairros
Pra terminar: em bom curitibanês
“O problema não é ser cego; é não acessar a mesma coisa que as outras pessoas acessam.”
Terminamos a edição de hoje com Lucas Radaelli, curitibano, cego e engenheiro de software do Google, que aos 29 anos foi perfilado pela Folha de S.Paulo.
O engenheiro atua no aprimoramento do sistema de buscas da gigante tech, na sede da empresa em San Francisco. Na infância, contou com a ajuda dos pais e colegas, que liam livros em voz alta, transcreviam lições e gravavam anotações de cadernos para que ele ouvisse depois.
Para Radaelli, a tecnologia pode dar igualdade de oportunidades. No futuro, seu plano é atuar em projetos que tornem a matemática e a programação mais acessíveis a pessoas com deficiência.
Ficamos por aqui. Uma boa semana!