🔥 Fogão a lenha
- Edição enviada em 29/06/2021
- às 06:00
Bom dia, e… que frio é esse? 🥶
Esperamos que você esteja bem agasalhado. Hoje, por acaso, falamos de fogão a lenha – como uma alternativa à fome cada vez mais recorrente em Curitiba, infelizmente. Também tem uma história sobre um aeroporto da cidade e sobre as feirinhas de inverno.
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Tempo de leitura da edição de hoje:
7 minutos e 54 segundos
Nosso próximo encontro:
Terça, 6 de julho
1. Gás nas alturas e madeira no fogão
É difícil de acreditar, mas, aqui em Curitiba, tem gente que está tendo que voltar às antigas e cozinhar com fogão a lenha, por causa do exorbitante preço do gás de cozinha.
Quem contou essa história (que até parece do século passado) foi a revista piauí, na reportagem “A lenha ou a fome”, de Felippe Aníbal. Ele foi ao bairro da Caximba, no extremo sul da cidade, onde “as pequenas chaminés dos fogões a lenha se multiplicam”. (piauí)
- O bairro, ironicamente, fica a poucos quilômetros da Refinaria Getúlio Vargas, da Petrobras, responsável por 12% da produção nacional de derivados de petróleo.
💰 Para muitas das famílias que ali vivem, comprar um botijão chega a custar quase 15% da renda mensal. Em Curitiba, o preço de um botijão de GLP varia atualmente entre R$ 82 e R$ 93,50, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo).
“Bem ou mal, comida sempre teve. Mas, para o gás, não estava dando”, disse Marili dos Santos à piauí. “É duro você ver a comida ali e não ter como cozinhar.”

Olhando o gráfico (em especial o pico do último ano), dá para ver por que o preço do gás ficou dramático para tantas famílias em Curitiba. Acesse a visualização completa aqui.
E por que o gás subiu tanto? Em resumo, por causa da alta do dólar e da elevada cotação do petróleo no mercado internacional. No Brasil, desde maio do ano passado, o preço do botijão subiu cinco vezes mais do que a inflação. Só no mês de junho, o reajuste foi de 6%. (Bem Paraná)
Mas ainda pode piorar: com o reaquecimento da economia global conforme a vacinação avança e a pandemia de COVID-19 arrefece, a demanda por energia deve aumentar – e o preço também, não só do gás, como da energia elétrica.
⏳ O uso de lenha e carvão para cozinhar não é de hoje: em Curitiba, cerca de 7% dos domicílios afirmam recorrer a esse tipo de combustível para preparar alimentos – ou 51 mil famílias, segundo dados do IBGE, de 2019.
Esse percentual é bem menor que a média nacional, de 19%, mas maior do que em outras capitais, como Belo Horizonte (4,7%), São Paulo (2,8%) e Rio de Janeiro (0,4%).
E agora?
O Disque Solidariedade, serviço da prefeitura que atende às famílias em vulnerabilidade social, chegou a receber pedidos de moradores por fogões a lenha. Dá para fazer doações por lá, via telefone 156;
O Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina) também tem feito edições pontuais da campanha “Gás a preço justo”, doando centenas de botijões a famílias carentes de Curitiba e região;
Enquanto isso, deputados do Paraná propuseram um projeto de lei para permitir a reutilização do botijão em qualquer distribuidora – o que aumenta a liberdade de escolha do consumidor e poderia reduzir o preço do gás em até 20%. A proposta ainda depende de aprovação em segundo turno e sanção do governador. (Tribuna do Paraná)
2. Um aeroporto que não perdeu voos ✈️
Se teve um setor afetado pela pandemia, foi o de turismo – e os aeroportos estão entre os locais que mais sentiram o baque. Mas teve aeroporto, e aqui em Curitiba, que conseguiu registrar aumento na movimentação: o Aeroporto do Bacacheri.
📈 Esse terminal encravado na região norte da cidade, dedicado a aeronaves de pequeno porte, recebeu 27.315 pousos e decolagens em 2020, 2,3% a mais que no ano anterior. (Plural)
E por quê? Porque o terminal não atende à aviação comercial; apenas aeronaves privadas.
Em um futuro não muito distante, o Bacacheri deve sofrer mudanças. O terminal foi leiloado em abril, dentro do novo pacote de concessões do governo. Por isso, o aeroporto vai passar por obras, que incluem o aumento da capacidade da pista e do pátio de aeronaves. (Gazeta do Povo)
🎧 A vizinhança que se prepare: a previsão é que o aeroporto dobre de capacidade até 2050, atingindo 55 mil pousos e decolagens por ano.
- O estudo ambiental que embasou a nova concessão do aeroporto mostra também o aumento da curva de ruído nos arredores do terminal, em função do aumento da capacidade da pista. (Ministério dos Transportes)
3. Curtas ⚡
Feiras abertas: já começaram as tradicionais feiras de inverno das Praças Santos Andrade e Osório, que funcionam de segunda a sábado, das 10h às 19h. Neste ano, elas irão até o dia 17 de julho. A Feira do Largo também está de volta aos domingos, com 50% dos expositores. Também dá para prestigiar o trabalho dos artesãos nos dias de semana, com uma parceria na Vila Urbana, no centro. (Gazeta do Povo e Prefeitura de Curitiba)
Pão de pinhão: este é um sonho mais próximo da realidade: cientistas da Embrapa desenvolveram uma farinha de pinhão cru, e que ainda por cima não contém glúten, o que a torna apropriada para dietas especiais. Além de pães, dá para fazer bolos, salgados e doces – o céu é o limite. Só falta alguém começar a produzir comercialmente. (Embrapa)
‘Koo-ree-chee-bah’: é assim, segundo o The Wall Street Journal, que se pronuncia Curitiba para um falante do inglês. O diário norte-americano publicou no começo do mês um obituário sobre o ex-prefeito Jaime Lerner, “um guru global em planejamento urbano”.
4. Cobertura
O Edifício Anita – que já foi palco de muita coisa legal –, nas esquinas das ruas Desembargador Ermelino de Leão, Cândido Lopes e Carlos de Carvalho. Aqui tem um pouco da história por trás do imóvel. O clique é do nosso leitor Gabriel Carazzai. (Prédios de Curitiba)
5. Pra encerrar: em bom curitibanês
“A unanimidade é burra; é a diversidade que faz a gente crescer.”
Encerramos a edição de hoje com o curitibano Aristides Barbosa Junior, médico formado pela UFPR e especialista no enfrentamento do HIV/Aids, que faleceu no mês passado, aos 66 anos.
Barbosa trabalhou por muitos anos na Secretaria da Saúde de Curitiba e no CDC (Centro de Doenças, Controle e Prevenção) dos Estados Unidos (o equivalente à nossa Anvisa), onde atuou na pesquisa e combate ao vírus do HIV.
O médico contribuiu para que Curitiba se tornasse uma cidade pioneira no enfrentamento do HIV, defendendo o diagnóstico precoce e o combate ao preconceito contra pessoas que vivem com a doença. A sua história foi contada nesta reportagem. (Gazeta do Povo)
Uma ótima semana!