Curtas ⚡️

Horário alternativo: está avançando na Câmara um projeto que pretende estender o horário de funcionamento do comércio de rua em Curitiba. Mais de 80% dos lojistas da cidade são a favor da mudança, segundo pesquisa da Associação Comercial. (Gazeta do Povo e ACP)


Crise das startups: depois do Olist, semana passada foi a vez de outro unicórnio curitibano, o EBANX, demitir parte dos funcionários. Os cortes fazem parte de um cenário hostil às startups no Brasil e no mundo, que já provocou pelo menos 3 mil demissões neste ano no país. (Expresso, Plural e Forbes)

Um centavo no litro, 500 pessoas no biarticulado 🚌

Não é novidade para ninguém que o preço dos combustíveis foi às alturas no último ano. Atualmente, o valor médio do litro da gasolina em Curitiba está em R$ 7,54 – quase o dobro do que pagávamos dois anos atrás. (Nexo)

A questão é que esse aumento, além de impactar nossos bolsos, impacta também a cidade e a mobilidade urbana: um estudo publicado em abril na revista acadêmica Sustainability mostrou que, em média, um aumento de R$ 0,10 no preço dos combustíveis eleva em 5 mil o número de passageiros mensais nas linhas de BRT de Curitiba.

🔎 O estudo foi conduzido por pesquisadores da PUC-PR, FAE, UFPR e IFPR, e analisou o histórico de dez anos das seis linhas de BRT da cidade – como Santa Cândida/Capão Raso, Centenário/Campo Comprido, Circular Sul e Boqueirão, que representam cerca de 30% do total de passageiros do sistema.

Vale destacar que essa relação se mantém mesmo com o aumento do valor da passagem no período pesquisado (2010 a 2019), quando a tarifa pulou de R$ 2,20 para R$ 4,50.

🤔 Mas, se o preço do combustível tem subido significativamente e isso tende a elevar o uso de transporte coletivo, por que o número de passageiros nos ônibus de Curitiba não para de cair? Aí entra a outra variável analisada pelos pesquisadores: o aumento da frota de carros e motos.

A pesquisa olhou para dados de 2010 a 2019. Nesse período, a cidade perdeu cerca de 40% dos passageiros de ônibus. Já a frota particular de carros e motos cresceu.

Entre 2010 e 2019, a frota de carros em Curitiba cresceu 22%; de motos, 33% – e o número de passageiros no transporte público caiu 42%. Veja o gráfico completo aqui.

Cruzando os dados, é possível dizer, segundo o estudo, que cada novo carro nas ruas de Curitiba representa, em média, 25 passagens a menos no transporte público.

  • uma nova motocicleta representa queda de 201 passageiros 😱


Luis André Wernecke Fumagalli, pesquisador da PUC-PR e um dos autores do estudo, falou sobre essa diferença numa entrevista à Veja:

“[Com o aumento da gasolina], o proprietário não vende o carro e começa a andar de ônibus. Ele deixa na garagem. E aí, quando ele volta a achar que vale mais a pena usar o carro, ele para de se locomover por transporte público.”

  • Já quem compra uma moto tende a sair definitivamente do sistema de transporte público. 🏍️


Embora o estudo não considere o impacto da pandemia (e se atenha aos dados de 2010 a 2019), não dá para deixar de observar que, em 2022, mesmo com o reajuste da passagem, estamos vendo uma gradual recuperação do número de passageiros nos ônibus de Curitiba: a média atual é de 570 mil pessoas por dia, segundo dados da Urbs – ainda abaixo dos 750 mil pré-pandemia, mas 30% acima do ano passado.

Resumo da ópera: regular o preço da passagem de ônibus para evitar que ela aumente com o preço dos combustíveis pode contribuir para menos carros nas ruas e mais passageiros no transporte público, concluem os pesquisadores. Isso, é claro, depende de subsídio público – e de um planejamento estratégico para manter a qualidade do sistema, mesmo com mais gente nos ônibus. Aí é que entra o desafio.

🗣️ E você, leitor? Já deixou o carro de lado por causa do preço da gasolina? Ou tentou fazer isso e se frustrou com a qualidade do sistema? Conta para a gente no oi@oexpresso.curitiba.br.

Pra terminar: em bom curitibanês

“Dizem que a seca de Curitiba este ano é a pior do século, e que os reservatórios estão se esgotando. Bem, diante da peste geral brasileira, parece até um problema pequeno”.

Um pequeno trecho do novo romance de Cristóvão Tezza, Beatriz e o poeta, que tem como pano de fundo nossa recente história com a pandemia da COVID-19 e as efervescências político-sociais do país.

Como diz José Castello nesta crítica ao Valor, “os relatos de Tezza são pura trama, bruta e implacável, que se desenrola sobre uma malha de vozes. São seus personagens –  como a perplexa Beatriz e o sonhador Gabriel – que manejam as palavras como máquina de pensar”.

Uma ótima semana a você 🙂

Pra terminar: em bom curitibanês

“O skate vai muito além do esporte: é um estilo de vida e uma forma de expressão.”

Terminamos esta edição com o skatista e curitibano Luigi Cini, atual campeão do Circuito Brasileiro de Skate e recém-convocado para a seleção brasileira da modalidade.

Com 20 anos completados nesta semana, o esportista construiu uma pista de skate no Campo Comprido, em que desenvolve um projeto social para crianças em situação de risco social.

Toda semana, crianças e adolescentes da comunidade ao redor e também de casas de abrigo de Curitiba frequentam o espaço e têm aulas com professores e voluntários. “É uma ferramenta de inclusão que junta pessoas de todos os tipos, de todas as origens”, defendeu Cini nesta entrevista. (CBN Curitiba)

Pra quem não conhece, Cini é um dos expoentes de uma novíssima geração de skatistas de Curitiba, que já participou de X-Games e que deve chegar com tudo às Olimpíadas de 2024. Bora ficar na torcida! (ESPN)

Uma ótima semana a você 🙂

Um cachorro-quente notívago 🌭

Já reparou que de madrugada só tem barraquinha de cachorro-quente em Curitiba? Poderia ter umas sopinhas, um pastel, um churrasquinho… Acontece que tem um decreto municipal que não permite.

O dogão é a única comida liberada para a venda por ambulantes das 19h às 6h em Curitiba. A restrição está num decreto de 2004, sobre o comércio ambulante: “[O horário da madrugada é] reservado apenas àqueles que trabalham com cachorro-quente”.

Na semana passada, os vereadores Amália Tortato (Novo) e Professor Euler (PSD) criticaram o que chamaram de “monopólio noturno do cachorro-quente”. “É no mínimo estranho que uma cidade cosmopolita mantenha o comércio ambulante de alimentos noturno com exclusividade para o cachorro-quente”, comentou Euler. Para Tortato, o problema é a criação de uma reserva de mercado. (Bem Paraná)

  • O assunto não é novo. Em 2013, o então vereador Professor Galdino também havia criticado essa restrição, chamando-a de “máfia do cachorro-quente“. (BandNews Curitiba)

Nem os próprios vendedores de cachorro-quente são defensores unânimes da regra. Em 2019, um grupo de 200 deles entregou à Câmara um abaixo assinado pedindo para abrir as barraquinhas mais cedo, às 16h. A resposta, na época, foi que os legisladores “entenderam que a atividade de venda de lanche de cachorro-quente na rua, se liberada no período diurno, confrontaria com outras atividades econômicas, tipo bares e lanchonetes, que exerçam seus trabalhos nesse período”.

O que diz a prefeitura? A prefeitura, por enquanto, disse que não vai se posicionar a esta nova leva de críticas ao decreto – mas, entre 2013 e 2015, a justificativa para a restrição dada aos vereadores era a seguinte:

“O cachorro quente é produzido com base em produto embutido (salsicha) que tem maior resistência e conservação ante a ação dos fatores externos, aliado ainda ao fato de que no período noturno a temperatura é menor o que ajuda na conservação dos alimentos expostos em ambientes abertos.”

O município ainda afirmou que estava estudando a possibilidade de ampliar o cardápio da madrugada, o que até agora não aconteceu.

Deu vontade? Aqui tem uma lista dos melhores dogões de Curitiba. (MCities)

Hora da vacina 💉

Deve acontecer em breve aqui em Curitiba a liberação da segunda dose de reforço da vacina contra a COVID-19 para os maiores de 40 anos.


E por que tomar a quarta dose? Este levantamento da prefeitura dá um bom motivo (e em dados!) para esticar o braço para a vacina. Os epidemiologistas analisaram todas as mortes por COVID ocorridas neste ano em Curitiba e compararam a incidência de óbitos entre:
quem não tomou vacina,
quem tomou só o ciclo básico (duas doses), e 
quem tomou reforço.

A conclusão? Quem tomou o reforço está 10 vezes mais protegido do que quem só tomou duas doses – e quem completou ao menos este ciclo, veja só, está 61 vezes mais seguro em relação ao não imunizado!

  • Essas comparações consideram as taxas de mortalidade entre pessoas de cada grupo, com mais de 50 vanos. Ou seja, a incidência de mortes entre o grupo 3 foi significativamente menor do que entre o grupo 2, e ainda muito menor se comparada ao grupo 1.


“Não é o vírus que está mais fraco. É nosso organismo que está mais protegido”, resumiu a secretária da Saúde de Curitiba, Beatriz Battistella. As doses de reforço agregam camadas de proteção, e ajudam a combater a queda da imunidade gerada pela vacina ao longo do tempo.

Como saber se chegou a sua vez de tomar a quarta dose? Aqui tem um guia.

Cadê a árvore que estava aqui?

Três fotos no mesmo lugar – uma árvore a menos. O registro é lá do Cristo Rei, na Rua Sanito Rocha, durante uma semana de várias podas por lá. Como está aí no seu bairro? Manda pra gente no oi@oexpresso.curitiba.br.

A geada do curitibano é mais fria? 🥶

Tem muito curitibano que gosta de se envaidecer do frio da cidade. Esse ufanismo que hoje é meme na internet foi alvo de sarcasmo ainda em 1967, num texto icônico do jornalista pernambucano Fernando Pessoa Fernandes: “Curitiba, a fria – onde Jânio Quadros comia moscas”. (Tribuna do Paraná e Bonijuris)

“Seu momento de mais doce euforia sucede quando um forasteiro tiritante, que cometa a imprudência de aparecer em Curitiba no ápice do inverno, queixe-se do frio de lascar que está fazendo; é aí que o rosto do curitibano se ilumina do mais torpe orgulho e, fingindo fleugma, informa ao enregelado visitante: ‘Isto não é nada. Você precisava ter estado aqui no inverno de 53, ou 55. Aquilo sim é que foi frio!'”

Se identificou? 🙈

Não temos aqui n’O Expresso os dados dos invernos de 1953 ou 1955 para ver de que frio falava este hipotético curitibano de Fernandes. Mas olhem que bacana: achamos todas as temperaturas mínimas da cidade entre janeiro de 1961 a junho de 2022, segundo os registros do INMET.

O gráfico abaixo mostra as mínimas registradas em cada ano – e, na prática, como as temperaturas mínimas subiram ao longo das últimas décadas:

Curitiba já foi mais fria: nos últimos 60 anos, o pico de temperaturas mínimas ocorreu na década de 1970. Veja o gráfico completo aqui.

  • Nossa temperatura mais baixa em todo esse tempo foi em 1972, quando registramos -5,4°C (e não, não foi o ano da famosa neve em Curitiba, que aconteceu um pouco depois, em 1975 – quando a mínima foi de -5,1°C). (Portal Memória Brasileira)
  • Em 2013, ano do último episódio mais significativo de neve em Curitiba, a mínima foi de -2,1°C. (Globo)
  • Já a nossa mínima mais alta foi em 2018: 6,6°C.
  • A quem interessar: em 2022, a mínima oficial em Curitiba foi de 2,6°C, que aconteceu justamente nesta segunda (13) pré-Expresso de hoje 🙂


E em relação a outras capitais brasileiras, será que nosso ‘orgulho’ tem lastro? Aproveitamos que estávamos fuçando nas bases de dados do INMET e comparamos as temperaturas médias de Curitiba com as das outras capitais em 2021. Pois vejam só: fomos a capital mais fria no ano passado, com temperatura média de 17,8°C.

  • Em segundo lugar, aparece São Paulo – que, quem diria, desbanca as sulistas Porto Alegre e Florianópolis em temperatura média mais baixa: 18,9°C.
  • Por esse cálculo, a capital mais quente do ano foi Cuiabá, com média de 27,8°C.

Curitiba foi a capital brasileira com a menor temperatura média em 2021. Veja o gráfico completo aqui.

Para fechar (a japona): Se considerarmos o comportamento sazonal da temperatura em Curitiba, o pior ainda está por vir: de acordo com a temperatura média de cada mês na cidade, considerando os últimos 60 anos, o mês mais frio por aqui é julho. (O Expresso)

  • Já o mês mais quente é fevereiro, com média de 21°C.

Agasalhe-se e esteja preparado! ❄️

O Expresso da História: Um instituto para a educação

Hoje é dia de mais uma daquelas viagens pelos edifícios mais icônicos de Curitiba, pelas talentosas mãos do nosso colunista Diego Antonelli. Ele fala de um daqueles prédios quase ocultos em ruas movimentadas do centro, cuja beleza se revela aos olhos mais atentos 😉 Conta mais, Diego:

No centro de Curitiba, está localizada uma das instituições de ensino mais importantes da história do Paraná. Há 146 anos, nascia o atual Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pilotto.

Ao longo da história, o imóvel passou por algumas ampliações, contando atualmente com 5,5 mil metros quadrados de área construída. Mesmo assim, as características originais do edifício foram mantidas, como mostra esta foto de 1923.

Figuras icônicas: o Instituto de Educação do Paraná ganhou o nome de Erasmo Pilotto em 1992, em homenagem ao professor que lecionou na instituição. Além dele, outra figura de destaque que já passou pelo local foi a poetisa paranaense Helena Kolody, que trabalhou na escola como professora durante 23 anos.

O Instituto tem, atualmente, cerca de 1,4 mil alunos, que cursam Formação de Docentes, Ensino Médio regular e Ensino Fundamental integral.


Um convite: acontece nesta terça (14), às 19h30, o lançamento do mais recente livro do nosso ilustre colunista. Chamado “Vindas: Memórias da Imigração”, e escrito por Antonelli em parceria com Alessandra Bucholdz e Jefferson Schneider Dittrich, o livro traz histórias e memórias de imigrantes de diferentes etnias que formaram o Paraná. Vale prestigiar!