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Não é novidade para ninguém que o preço dos combustíveis foi às alturas no último ano. Atualmente, o valor médio do litro da gasolina em Curitiba está em R$ 7,54 – quase o dobro do que pagávamos dois anos atrás. (Nexo)

A questão é que esse aumento, além de impactar nossos bolsos, impacta também a cidade e a mobilidade urbana: um estudo publicado em abril na revista acadêmica Sustainability mostrou que, em média, um aumento de R$ 0,10 no preço dos combustíveis eleva em 5 mil o número de passageiros mensais nas linhas de BRT de Curitiba.

🔎 O estudo foi conduzido por pesquisadores da PUC-PR, FAE, UFPR e IFPR, e analisou o histórico de dez anos das seis linhas de BRT da cidade – como Santa Cândida/Capão Raso, Centenário/Campo Comprido, Circular Sul e Boqueirão, que representam cerca de 30% do total de passageiros do sistema.

Vale destacar que essa relação se mantém mesmo com o aumento do valor da passagem no período pesquisado (2010 a 2019), quando a tarifa pulou de R$ 2,20 para R$ 4,50.

🤔 Mas, se o preço do combustível tem subido significativamente e isso tende a elevar o uso de transporte coletivo, por que o número de passageiros nos ônibus de Curitiba não para de cair? Aí entra a outra variável analisada pelos pesquisadores: o aumento da frota de carros e motos.

A pesquisa olhou para dados de 2010 a 2019. Nesse período, a cidade perdeu cerca de 40% dos passageiros de ônibus. Já a frota particular de carros e motos cresceu.

Entre 2010 e 2019, a frota de carros em Curitiba cresceu 22%; de motos, 33% – e o número de passageiros no transporte público caiu 42%. Veja o gráfico completo aqui.

Cruzando os dados, é possível dizer, segundo o estudo, que cada novo carro nas ruas de Curitiba representa, em média, 25 passagens a menos no transporte público.

  • uma nova motocicleta representa queda de 201 passageiros 😱


Luis André Wernecke Fumagalli, pesquisador da PUC-PR e um dos autores do estudo, falou sobre essa diferença numa entrevista à Veja:

“[Com o aumento da gasolina], o proprietário não vende o carro e começa a andar de ônibus. Ele deixa na garagem. E aí, quando ele volta a achar que vale mais a pena usar o carro, ele para de se locomover por transporte público.”

  • Já quem compra uma moto tende a sair definitivamente do sistema de transporte público. 🏍️


Embora o estudo não considere o impacto da pandemia (e se atenha aos dados de 2010 a 2019), não dá para deixar de observar que, em 2022, mesmo com o reajuste da passagem, estamos vendo uma gradual recuperação do número de passageiros nos ônibus de Curitiba: a média atual é de 570 mil pessoas por dia, segundo dados da Urbs – ainda abaixo dos 750 mil pré-pandemia, mas 30% acima do ano passado.

Resumo da ópera: regular o preço da passagem de ônibus para evitar que ela aumente com o preço dos combustíveis pode contribuir para menos carros nas ruas e mais passageiros no transporte público, concluem os pesquisadores. Isso, é claro, depende de subsídio público – e de um planejamento estratégico para manter a qualidade do sistema, mesmo com mais gente nos ônibus. Aí é que entra o desafio.

🗣️ E você, leitor? Já deixou o carro de lado por causa do preço da gasolina? Ou tentou fazer isso e se frustrou com a qualidade do sistema? Conta para a gente no oi@oexpresso.curitiba.br.

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