Transporte emite 62% dos gases do efeito estufa em Curitiba 🚗

Saiu esses dias uma nova estimativa das emissões de gases de efeito estufa nos municípios brasileiros – um ranking feito pelo Observatório do Clima, que usa as diretrizes do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e dados do Ministério de Ciência e Tecnologia para estimar os índices por cidade. (G1)

Como sempre, fomos dar uma olhadinha nos dados de Curitiba, e eis que descobrimos que o transporte motorizado é o responsável pela maior fatia de emissões em Curitiba: cerca de 62% dos nossos gases estufa vêm desse setor, e mais ou menos metade disso é de carros de passeio, movidos a gasolina 😱

Tem outros achados bem interessantes também:

  • Com 0,9% da população brasileira, Curitiba responde por 0,2% das emissões de gases do efeito estufa no Brasil;
  • Isso nos coloca na 92ª posição no ranking das emissões, liderado pela cidade de Altamira (PA), de onde saem 1,8% das emissões brutas de gases do efeito estufa no país – uma consequência do crescente desmatamento da floresta amazônica;
  • Os dados históricos do SEEG mostram uma leve queda das emissões em Curitiba nos últimos três anos (cerca de 9%), mas uma tendência de estabilidade se considerarmos os últimos 20 anos, quando a taxa variou, em média, 0,93% ao ano;
  • Na quantidade total de emissões, estamos bem atrás de metrópoles como São Paulo, obviamente, e Manaus, na Amazônia – mas à frente de Porto Alegre e Recife, que têm mais ou menos o mesmo número de habitantes.

Emissões totais em Curitiba caíram 9% nos últimos três anos, mas permanecem relativamente estáveis nos últimos 20 anos. Veja o gráfico completo aqui.

O que Curitiba pode fazer: a cidade tem um Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas (PlanClima), publicado em dezembro de 2020. Lá está o ambicioso objetivo de alcançar a neutralidade de carbono em 2050, seguindo o Acordo de Paris – o que vai exigir uma grande mudança, estrutural e comportamental, com “mudanças de paradigmas, processos, comportamentos e tecnologias” 👀

No caso do setor de transporte, que lidera as emissões na cidade, vai ser preciso mudar o perfil de deslocamento na cidade (vale dar uma olhada na página 59 do PlanClima):

  • Em 2050, para cumprir a meta de neutralidade de carbono, os automóveis responderiam por menos de 8% dos deslocamentos de Curitiba (hoje, eles respondem por quase a metade!);
  • Já o transporte público, na prática, substituiria os carros, respondendo por 45% das viagens dos curitibanos (hoje, ele responde por cerca de 25%);
  • Já as bicicletas ficariam com aproximadamente 10% dos deslocamentos, e andar a pé pularia de 23% para quase 30%.

Para isso, o plano conta com o aumento da eficiência dos veículos (com a mudança do combustível para a energia elétrica ou hidrogênio, por exemplo) e a implantação de um “sistema de transporte de alta capacidade” (o tão sonhado metrô?).

Isso sem falar da ampliação do uso de energia solar, da maior eficiência energética nas residências e da reciclagem de 95% dos resíduos de Curitiba. Ufa!

🗣️ E você, leitor? Já está fazendo algo para contribuir com essa ambiciosa meta? Conta para a gente no oi@oexpresso.curitiba.br 

O Expresso da História: A casa de Flora e Bento 🏠

Hoje o nosso colunista Diego Antonelli nos leva a uma viagem por um imóvel residencial extremamente bem preservado de Curitiba, que guarda muitas histórias por detrás de suas paredes… 

Uma exuberante casa situada na esquina da Alameda Carlos de Carvalho com a Rua Brigadeiro Franco, em Curitiba, guarda memórias de um dos principais políticos da história do Paraná: Bento Munhoz da Rocha Netto.

  • Bento foi governador do Paraná de janeiro de 1951 a abril de 1955. Sua gestão deu início à pavimentação de rodovias no estado, foi responsável pela criação da Copel e da Biblioteca Pública do Paraná, bem como pela construção do Teatro Guaíra e do complexo arquitetônico do Centro Cívico, em Curitiba.

🏡 A casa de Bento e Flora, inaugurada em 23 de setembro de 1940 (segundo registros da época e informações da historiadora Cassiana Lacerda), foi moradia do casal até 1973, quando Bento morreu. A arquitetura da casa é inspirada em uma residência que eles visitaram na Suíça, entre os anos 1930 e 1940.

  • Foi também nessa casa que o então governador despachou por alguns meses, em 1953, enquanto a sede do Poder Executivo se mudava para o novo endereço no Palácio Iguaçu.

🖋️ Também foi lá que o então presidente Getúlio Vargas jantou ao lado da família de Flora e Bento – e Café Filho, então vice-presidente, foi recebido na deslumbrante biblioteca do imóvel.

Apesar de guardar tanta história, a casa não é tombada pelo governo estadual – e ainda hoje, pertence à mesma família.

Restauração: depois da morte de Bento, Flora se mudou e a casa foi alugada. Desde 1995, ela abriga o escritório do advogado Peregrino Neto, cuja família era amiga da de Bento.

  • Um dos pedidos de Flora ao alugar a casa era que o espaço da Biblioteca fosse preservado. Não só foi preservado, como totalmente restaurado, bem como os demais espaços da casa – que ainda guarda lareira na sala de estar e outra lareira onde era a suíte do casal.

Características: A casa possui dois pavimentos e mantém praticamente todas as características originais. O piso de parquet de madeira acompanha todo o segundo pavimento, bem como os armários embutidos em um dos cômodos, construídos sob medida a pedido de Flora.

  • Na antiga suíte, curiosamente, há uma parede falsa, onde ficava escondido o cofre de Bento.

Pra terminar: fim de noite

Hoje a gente encerra nossa edição com o vão livre do Museu Oscar Niemeyer, numa dessas noites quentes deste inverno. O clique é da nossa leitora Carolina Cattani.

Falando em MON, tem muita exposição bacana em cartaz por lá. Aproveite as férias de julho (pra quem tiver alguns dias de descanso!). Nos vemos no mês que vem 🙂

Um centavo no litro, 500 pessoas no biarticulado 🚌

Não é novidade para ninguém que o preço dos combustíveis foi às alturas no último ano. Atualmente, o valor médio do litro da gasolina em Curitiba está em R$ 7,54 – quase o dobro do que pagávamos dois anos atrás. (Nexo)

A questão é que esse aumento, além de impactar nossos bolsos, impacta também a cidade e a mobilidade urbana: um estudo publicado em abril na revista acadêmica Sustainability mostrou que, em média, um aumento de R$ 0,10 no preço dos combustíveis eleva em 5 mil o número de passageiros mensais nas linhas de BRT de Curitiba.

🔎 O estudo foi conduzido por pesquisadores da PUC-PR, FAE, UFPR e IFPR, e analisou o histórico de dez anos das seis linhas de BRT da cidade – como Santa Cândida/Capão Raso, Centenário/Campo Comprido, Circular Sul e Boqueirão, que representam cerca de 30% do total de passageiros do sistema.

Vale destacar que essa relação se mantém mesmo com o aumento do valor da passagem no período pesquisado (2010 a 2019), quando a tarifa pulou de R$ 2,20 para R$ 4,50.

🤔 Mas, se o preço do combustível tem subido significativamente e isso tende a elevar o uso de transporte coletivo, por que o número de passageiros nos ônibus de Curitiba não para de cair? Aí entra a outra variável analisada pelos pesquisadores: o aumento da frota de carros e motos.

A pesquisa olhou para dados de 2010 a 2019. Nesse período, a cidade perdeu cerca de 40% dos passageiros de ônibus. Já a frota particular de carros e motos cresceu.

Entre 2010 e 2019, a frota de carros em Curitiba cresceu 22%; de motos, 33% – e o número de passageiros no transporte público caiu 42%. Veja o gráfico completo aqui.

Cruzando os dados, é possível dizer, segundo o estudo, que cada novo carro nas ruas de Curitiba representa, em média, 25 passagens a menos no transporte público.

  • uma nova motocicleta representa queda de 201 passageiros 😱


Luis André Wernecke Fumagalli, pesquisador da PUC-PR e um dos autores do estudo, falou sobre essa diferença numa entrevista à Veja:

“[Com o aumento da gasolina], o proprietário não vende o carro e começa a andar de ônibus. Ele deixa na garagem. E aí, quando ele volta a achar que vale mais a pena usar o carro, ele para de se locomover por transporte público.”

  • Já quem compra uma moto tende a sair definitivamente do sistema de transporte público. 🏍️


Embora o estudo não considere o impacto da pandemia (e se atenha aos dados de 2010 a 2019), não dá para deixar de observar que, em 2022, mesmo com o reajuste da passagem, estamos vendo uma gradual recuperação do número de passageiros nos ônibus de Curitiba: a média atual é de 570 mil pessoas por dia, segundo dados da Urbs – ainda abaixo dos 750 mil pré-pandemia, mas 30% acima do ano passado.

Resumo da ópera: regular o preço da passagem de ônibus para evitar que ela aumente com o preço dos combustíveis pode contribuir para menos carros nas ruas e mais passageiros no transporte público, concluem os pesquisadores. Isso, é claro, depende de subsídio público – e de um planejamento estratégico para manter a qualidade do sistema, mesmo com mais gente nos ônibus. Aí é que entra o desafio.

🗣️ E você, leitor? Já deixou o carro de lado por causa do preço da gasolina? Ou tentou fazer isso e se frustrou com a qualidade do sistema? Conta para a gente no oi@oexpresso.curitiba.br.

Curtas ⚡️

Horário alternativo: está avançando na Câmara um projeto que pretende estender o horário de funcionamento do comércio de rua em Curitiba. Mais de 80% dos lojistas da cidade são a favor da mudança, segundo pesquisa da Associação Comercial. (Gazeta do Povo e ACP)


Crise das startups: depois do Olist, semana passada foi a vez de outro unicórnio curitibano, o EBANX, demitir parte dos funcionários. Os cortes fazem parte de um cenário hostil às startups no Brasil e no mundo, que já provocou pelo menos 3 mil demissões neste ano no país. (Expresso, Plural e Forbes)

Pra terminar: em bom curitibanês

“Dizem que a seca de Curitiba este ano é a pior do século, e que os reservatórios estão se esgotando. Bem, diante da peste geral brasileira, parece até um problema pequeno”.

Um pequeno trecho do novo romance de Cristóvão Tezza, Beatriz e o poeta, que tem como pano de fundo nossa recente história com a pandemia da COVID-19 e as efervescências político-sociais do país.

Como diz José Castello nesta crítica ao Valor, “os relatos de Tezza são pura trama, bruta e implacável, que se desenrola sobre uma malha de vozes. São seus personagens –  como a perplexa Beatriz e o sonhador Gabriel – que manejam as palavras como máquina de pensar”.

Uma ótima semana a você 🙂

Um cachorro-quente notívago 🌭

Já reparou que de madrugada só tem barraquinha de cachorro-quente em Curitiba? Poderia ter umas sopinhas, um pastel, um churrasquinho… Acontece que tem um decreto municipal que não permite.

O dogão é a única comida liberada para a venda por ambulantes das 19h às 6h em Curitiba. A restrição está num decreto de 2004, sobre o comércio ambulante: “[O horário da madrugada é] reservado apenas àqueles que trabalham com cachorro-quente”.

Na semana passada, os vereadores Amália Tortato (Novo) e Professor Euler (PSD) criticaram o que chamaram de “monopólio noturno do cachorro-quente”. “É no mínimo estranho que uma cidade cosmopolita mantenha o comércio ambulante de alimentos noturno com exclusividade para o cachorro-quente”, comentou Euler. Para Tortato, o problema é a criação de uma reserva de mercado. (Bem Paraná)

  • O assunto não é novo. Em 2013, o então vereador Professor Galdino também havia criticado essa restrição, chamando-a de “máfia do cachorro-quente“. (BandNews Curitiba)

Nem os próprios vendedores de cachorro-quente são defensores unânimes da regra. Em 2019, um grupo de 200 deles entregou à Câmara um abaixo assinado pedindo para abrir as barraquinhas mais cedo, às 16h. A resposta, na época, foi que os legisladores “entenderam que a atividade de venda de lanche de cachorro-quente na rua, se liberada no período diurno, confrontaria com outras atividades econômicas, tipo bares e lanchonetes, que exerçam seus trabalhos nesse período”.

O que diz a prefeitura? A prefeitura, por enquanto, disse que não vai se posicionar a esta nova leva de críticas ao decreto – mas, entre 2013 e 2015, a justificativa para a restrição dada aos vereadores era a seguinte:

“O cachorro quente é produzido com base em produto embutido (salsicha) que tem maior resistência e conservação ante a ação dos fatores externos, aliado ainda ao fato de que no período noturno a temperatura é menor o que ajuda na conservação dos alimentos expostos em ambientes abertos.”

O município ainda afirmou que estava estudando a possibilidade de ampliar o cardápio da madrugada, o que até agora não aconteceu.

Deu vontade? Aqui tem uma lista dos melhores dogões de Curitiba. (MCities)

Hora da vacina 💉

Deve acontecer em breve aqui em Curitiba a liberação da segunda dose de reforço da vacina contra a COVID-19 para os maiores de 40 anos.


E por que tomar a quarta dose? Este levantamento da prefeitura dá um bom motivo (e em dados!) para esticar o braço para a vacina. Os epidemiologistas analisaram todas as mortes por COVID ocorridas neste ano em Curitiba e compararam a incidência de óbitos entre:
quem não tomou vacina,
quem tomou só o ciclo básico (duas doses), e 
quem tomou reforço.

A conclusão? Quem tomou o reforço está 10 vezes mais protegido do que quem só tomou duas doses – e quem completou ao menos este ciclo, veja só, está 61 vezes mais seguro em relação ao não imunizado!

  • Essas comparações consideram as taxas de mortalidade entre pessoas de cada grupo, com mais de 50 vanos. Ou seja, a incidência de mortes entre o grupo 3 foi significativamente menor do que entre o grupo 2, e ainda muito menor se comparada ao grupo 1.


“Não é o vírus que está mais fraco. É nosso organismo que está mais protegido”, resumiu a secretária da Saúde de Curitiba, Beatriz Battistella. As doses de reforço agregam camadas de proteção, e ajudam a combater a queda da imunidade gerada pela vacina ao longo do tempo.

Como saber se chegou a sua vez de tomar a quarta dose? Aqui tem um guia.

Cadê a árvore que estava aqui?

Três fotos no mesmo lugar – uma árvore a menos. O registro é lá do Cristo Rei, na Rua Sanito Rocha, durante uma semana de várias podas por lá. Como está aí no seu bairro? Manda pra gente no oi@oexpresso.curitiba.br.