Pra terminar: em bom curitibanês

“O skate vai muito além do esporte: é um estilo de vida e uma forma de expressão.”

Terminamos esta edição com o skatista e curitibano Luigi Cini, atual campeão do Circuito Brasileiro de Skate e recém-convocado para a seleção brasileira da modalidade.

Com 20 anos completados nesta semana, o esportista construiu uma pista de skate no Campo Comprido, em que desenvolve um projeto social para crianças em situação de risco social.

Toda semana, crianças e adolescentes da comunidade ao redor e também de casas de abrigo de Curitiba frequentam o espaço e têm aulas com professores e voluntários. “É uma ferramenta de inclusão que junta pessoas de todos os tipos, de todas as origens”, defendeu Cini nesta entrevista. (CBN Curitiba)

Pra quem não conhece, Cini é um dos expoentes de uma novíssima geração de skatistas de Curitiba, que já participou de X-Games e que deve chegar com tudo às Olimpíadas de 2024. Bora ficar na torcida! (ESPN)

Uma ótima semana a você 🙂

Miragem

Em tempos de frio extremo, todo sol esquenta. Um clique direto da Rua Alfredo Bufren, 337 – em frente à Praça Santos Andrade – bem no Centro de Curitiba.

Pra terminar: em bom curitibanês

“Para escrever o menor dos contos, a vida inteira é curta.”

Encerramos esta edição com o lendário escritor curitibano Dalton Trevisan, que completa 97 anos nesta terça (14).

O “vampiro de Curitiba”, que deu raras entrevistas e atualmente vive recluso, é considerado um dos principais contistas e cronistas do país, com textos breves e inconfundíveis.

Nesta antologia de textos, Trevisan afirma, ao comentar a frase acima, que “uma história nunca termina; a cada leitura ela se reescreve”.

“O melhor conto você escreve com tua mão torta, teu olho vesgo, teu coração danado.”

Uma ótima semana a você 🙂

A geada do curitibano é mais fria? 🥶

Tem muito curitibano que gosta de se envaidecer do frio da cidade. Esse ufanismo que hoje é meme na internet foi alvo de sarcasmo ainda em 1967, num texto icônico do jornalista pernambucano Fernando Pessoa Fernandes: “Curitiba, a fria – onde Jânio Quadros comia moscas”. (Tribuna do Paraná e Bonijuris)

“Seu momento de mais doce euforia sucede quando um forasteiro tiritante, que cometa a imprudência de aparecer em Curitiba no ápice do inverno, queixe-se do frio de lascar que está fazendo; é aí que o rosto do curitibano se ilumina do mais torpe orgulho e, fingindo fleugma, informa ao enregelado visitante: ‘Isto não é nada. Você precisava ter estado aqui no inverno de 53, ou 55. Aquilo sim é que foi frio!'”

Se identificou? 🙈

Não temos aqui n’O Expresso os dados dos invernos de 1953 ou 1955 para ver de que frio falava este hipotético curitibano de Fernandes. Mas olhem que bacana: achamos todas as temperaturas mínimas da cidade entre janeiro de 1961 a junho de 2022, segundo os registros do INMET.

O gráfico abaixo mostra as mínimas registradas em cada ano – e, na prática, como as temperaturas mínimas subiram ao longo das últimas décadas:

Curitiba já foi mais fria: nos últimos 60 anos, o pico de temperaturas mínimas ocorreu na década de 1970. Veja o gráfico completo aqui.

  • Nossa temperatura mais baixa em todo esse tempo foi em 1972, quando registramos -5,4°C (e não, não foi o ano da famosa neve em Curitiba, que aconteceu um pouco depois, em 1975 – quando a mínima foi de -5,1°C). (Portal Memória Brasileira)
  • Em 2013, ano do último episódio mais significativo de neve em Curitiba, a mínima foi de -2,1°C. (Globo)
  • Já a nossa mínima mais alta foi em 2018: 6,6°C.
  • A quem interessar: em 2022, a mínima oficial em Curitiba foi de 2,6°C, que aconteceu justamente nesta segunda (13) pré-Expresso de hoje 🙂


E em relação a outras capitais brasileiras, será que nosso ‘orgulho’ tem lastro? Aproveitamos que estávamos fuçando nas bases de dados do INMET e comparamos as temperaturas médias de Curitiba com as das outras capitais em 2021. Pois vejam só: fomos a capital mais fria no ano passado, com temperatura média de 17,8°C.

  • Em segundo lugar, aparece São Paulo – que, quem diria, desbanca as sulistas Porto Alegre e Florianópolis em temperatura média mais baixa: 18,9°C.
  • Por esse cálculo, a capital mais quente do ano foi Cuiabá, com média de 27,8°C.

Curitiba foi a capital brasileira com a menor temperatura média em 2021. Veja o gráfico completo aqui.

Para fechar (a japona): Se considerarmos o comportamento sazonal da temperatura em Curitiba, o pior ainda está por vir: de acordo com a temperatura média de cada mês na cidade, considerando os últimos 60 anos, o mês mais frio por aqui é julho. (O Expresso)

  • Já o mês mais quente é fevereiro, com média de 21°C.

Agasalhe-se e esteja preparado! ❄️

O Expresso da História: Um instituto para a educação

Hoje é dia de mais uma daquelas viagens pelos edifícios mais icônicos de Curitiba, pelas talentosas mãos do nosso colunista Diego Antonelli. Ele fala de um daqueles prédios quase ocultos em ruas movimentadas do centro, cuja beleza se revela aos olhos mais atentos 😉 Conta mais, Diego:

No centro de Curitiba, está localizada uma das instituições de ensino mais importantes da história do Paraná. Há 146 anos, nascia o atual Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pilotto.

Ao longo da história, o imóvel passou por algumas ampliações, contando atualmente com 5,5 mil metros quadrados de área construída. Mesmo assim, as características originais do edifício foram mantidas, como mostra esta foto de 1923.

Figuras icônicas: o Instituto de Educação do Paraná ganhou o nome de Erasmo Pilotto em 1992, em homenagem ao professor que lecionou na instituição. Além dele, outra figura de destaque que já passou pelo local foi a poetisa paranaense Helena Kolody, que trabalhou na escola como professora durante 23 anos.

O Instituto tem, atualmente, cerca de 1,4 mil alunos, que cursam Formação de Docentes, Ensino Médio regular e Ensino Fundamental integral.


Um convite: acontece nesta terça (14), às 19h30, o lançamento do mais recente livro do nosso ilustre colunista. Chamado “Vindas: Memórias da Imigração”, e escrito por Antonelli em parceria com Alessandra Bucholdz e Jefferson Schneider Dittrich, o livro traz histórias e memórias de imigrantes de diferentes etnias que formaram o Paraná. Vale prestigiar!

Um tripé desregulado 🚦

Temos falado bastante sobre trânsito aqui n’O Expresso. Recentemente, contamos sobre os novos radares instalados em Curitiba e sobre onde os valores arrecadados pelas multas, por lei, devem ser aplicados. (O Expresso e BandNews Curitiba)

Naquela ocasião, a Setran (Secretaria de Trânsito de Curitiba) nos disse que o trânsito funciona apoiado em um tripé: engenharia, educação e fiscalização – e que não adianta reforçar um pilar se não investirmos em outro.


O fato é que esse tripé parece estar um pouco desregulado (pelo menos, se considerarmos os valores vindos das multas): em 2021, é quase impossível ver o valor investido em educação no trânsito

Menos de 1% dos recursos oriundos de multas em Curitiba foram gastos com educação no trânsito em 2021. Veja o gráfico completo aqui.

Foram apenas R$ 190 mil investidos em educação no trânsito, de um total de R$ 96,8 milhões gastos com os valores originários de multas na cidade – ou míseros 0,2%.

E por que isso aconteceu? Fomos perguntar à prefeitura por que esse desequilíbrio. A resposta foi que as ações feitas pela Escola Pública de Trânsito de Curitiba, responsável pelo pilar da educação para o trânsito na cidade, foram fortemente impactadas pela pandemia nos anos de 2020 e 2021.

  • Só que: os investimentos em educação já estão caindo desde 2017, como mostra o gráfico abaixo 👀Mais que isso, pelo menos desde 2012 esses percentuais não chegam a 1%. (Gazeta do Povo)

Historicamente, a educação no trânsito recebe uma pequena parcela dos valores oriundos de multas em Curitiba. Veja o gráfico completo aqui.


Além disso, dá para perceber o crescimento gradativo dos gastos com sinalização, além de um salto recente em investimentos em engenharia de tráfego e campo. Segundo a prefeitura, isso aconteceu em razão de obras recentes, como as trincheiras da Mário Tourinho e da Fúlvio Alice, e do asfaltamento de ruas pela cidade.

A Setran diz que as ações de educação para o trânsito voltaram a todo vapor em 2022, incluindo abordagem a motoristas e pedestres. No último mês, o foco foram as ações do Maio Amarelo. A prefeitura também pretende iniciar neste ano um programa chamado “Trânsito para Todos”, que promete trabalhar a segurança viária incluindo pessoas com deficiência, num formato inédito no país.

Aguardemos os números do final do ano 👀

Curtas ⚡

Ajudar com o quê? Na última edição, falamos de como o frio impulsiona a solidariedade do curitibano. Mas, na hora de exercê-la, vale também afinar a empatia e doar apenas o que for realmente útil. Este guia do Nexo é um bom começo para quem quer aquecer o próximo. (Nexo)

Cidade high tech: Apesar do momento de aperto para startups no Brasil e no mundo, Curitiba teve uma boa notícia na área de tecnologia na semana que passou. A cidade tem o segundo melhor ecossistema de inovação do país, atrás apenas de São Paulo. (Massa News)

Vacina à vista: os maiores de 50 anos já podem começar a arregaçar as mangas para receber a quarta dose da vacina contra a COVID-19, a partir desta quarta (8). Pessoas com mais de 60 anos ou imunossuprimidas também têm direito à picada – importante num momento de alta dos casos da doença. (Prefeitura de Curitiba)

Para o alto

Do alto da Galeria Tijucas, o Café 217 tem conquistado os corações dos curitibanos. O clique é do 20º andar (onde fica o Café 217) deste edifício que já beira os 60 anos de existência ali no Centro da cidade.

Pra terminar: em bom curitibanês

“Eu fiquei muito emocionado quando descobri [o hanaume]. E me perguntei: quem inventou isso? […] Aqui a gente vive junto e as pessoas se ajudam.”

Encerramos essa edição com o relato do japonês Isamu Takehisa, morador de Curitiba e um dos personagens do belo livro “De Lá para Cá”, que conta as histórias – e as memórias culinárias – de dez imigrantes que vivem na cidade.

Takehisa se mudou para Curitiba em 2013 para se casar com a brasileira Patrícia, que conheceu no Japão. Trouxe consigo as memórias culinárias de sua família, e a vontade de experimentar os sabores que marcaram sua infância.

O umeboshi, tradicional conserva japonesa feita de uma ameixa que só tem no Japão, era uma das lembranças mais fortes – e não é que ele descobriu que no Brasil tem o hanaume, com o mesmo gostinho, mas feito de hibisco?

O livro ainda tem relatos de sírios, haitianos, venezuelanos, congoleses e outros imigrantes que escolheram Curitiba para viver, acompanhados das receitas típicas de sua infância. Vale a leitura!

Uma ótima semana a você 🙂

Quanto mais frio, mais pedidos de ajuda aos vulneráveis ❄️

O frio de bater queixo dos últimos dias fez a gente aqui n’O Expresso pensar muito sobre quem está em situação de rua – em Curitiba, são pelo menos 2.700 famílias vivendo nessa condição, segundo dados de 2020 do Ministério da Cidadania.

Será que, quanto mais frio, mais gente liga para a Central 156 pedindo o acolhimento de quem está em situação de rua? Seria o frio um gatilho para a solidariedade do curitibano?

🔎 Como sempre, fomos aos números: cruzamos o banco de dados do 156, buscando especificamente por pedidos de abordagem social de rua, com os registros históricos de temperatura mínima em Curitiba, armazenados pelo INMET.

  • O resultado: quanto menor a temperatura, maior a média de chamados. Se quando a mínima supera os 20°C, a média de ligações para que a prefeitura aborde e acolha pessoas em situação de rua é de 81, em dias de mínima abaixo dos 10°C, esse número mais que dobra e vai para 190.
  • O período analisado foi de fevereiro de 2021 a fevereiro de 2022, quando foram registradas mais de 36 mil solicitações de abordagens para acolhimento. É uma média de quase 100 pedidos por dia, com um pico de 491 pedidos em 28 de julho do ano passado – quando a mínima foi de 7,4°C.

Número de chamados para acolhimento da população de rua praticamente triplica quando a temperatura cai abaixo dos 8°C. Veja o gráfico completo aqui.

A coordenadora da Central de Encaminhamento Social da FAS (Fundação de Ação Social), Grace Kelly Ferreira, diz que as chamadas da população ao 156 são muito importantes para o trabalho de acolhimento, já que, muitas vezes, na busca ativa, as equipes da FAS não enxergam pessoas que podem estar dormindo entre arbustos, atrás de muros…

Nessas noites de muito frio, abaixo dos 8°C, a FAS amplia o número de equipes na rua e deixa uma em cada regional, além de sete equipes na região central.

São três os desfechos mais comuns para cada solicitação de abordagem feita ao 156:

  • Acolhimento e encaminhamento aos abrigos;
  • A pessoa em situação de rua não é encontrada pela equipe da FAS a partir das informações fornecidas pelo cidadão solicitante;
  • A pessoa nega o acolhimento e opta por seguir na rua. 


➡️ Neste domingo (22), por exemplo, um homem conhecido como Barba foi encontrado morto na Praça Tiradentes. Naquela noite, a mínima foi de 6,2°C, por isso investiga-se se a morte foi causada por hipotermia. Segundo a FAS, Barba foi abordado na noite de sábado, mas recusou o abrigo e recebeu cobertores para enfrentar a noite fria na rua. (Tribuna do Paraná)

Segundo a coordenadora da FAS, o principal motivo para as pessoas negarem acolhimento é a dependência de álcool e drogas, substâncias de consumo proibido dentro dos abrigos.

  • Esta reportagem da piauí, do inverno passado, fala também de pessoas que não querem se separar de seus companheiros ou animais (embora haja abrigos com vagas para cachorros), ou do medo de que pertences pessoais sejam descartados e perdidos. (piauí)

Outras formas de ajudar: a Semeando Amor aceita voluntários para a distribuição de lanches e sopa à população de rua de Curitiba. Tem também o Rango de Rua, a UTFPR Solidária e a Médicos de Rua Curitiba.