🚛 🚙 🚓 Linha Verde: a novela

Chove, chuva!

Hoje é terça-feira de novo, e com ela chega mais uma edição d’O Expresso

Nesta edição, além daquela curadoria caprichada de notícias de Curitiba, trazemos uma nota inédita sobre os devedores do Fies na cidade, além de frases de dois marcantes personagens curitibanos — que são aniversariantes dessa semana.

Bateu a curiosidade? Role a news até o final! E depois conte para a gente o que achou.

Tempo de leitura da edição de hoje:
8 minutos

Nosso próximo encontro:
Terça, 27 de agosto

1. Quanto pesa a faculdade no bolso do curitibano?

Em tempos de recessão e de desemprego recorde, cresce também o número de endividados com o Fies, o programa federal que financia cursosuniversitários privados. 

O que é? A ideia do Fies, que existe desde 1999, é diminuir o peso da mensalidade da facul no bolso. As parcelas são pagas só depois da formatura. Mas, mesmo depois de pegar o canudo, muita gente não tem conseguido emprego — e aí, o pagamento da dívida vai atrasando.

O governo federal divulgou há poucos meses que havia 500 mil devedores do Fies no país. 

Sabe quantos deles em Curitiba? Pouco mais de 4.200. Para esses alunos, a faculdade deixou uma dívida de, em média, R$ 22 mil. Somadas, elas chegam a R$ 96 milhões!

O Expressoanalisou os dados disponibilizados pelo pessoal do Fiquem Sabendo, uma agência de dados independente e especializada na Lei de Acesso à Informação. Um resumão para você:


 Os mais caros:  curso de Medicina soma apenas seis contratos inadimplentes, mas tem a maior dívida média, por aluno: R$ 178 mil! Em seguida, está Odontologia: cada aluno deve, em média, R$ 89 mil.


E no Brasil? A coisa não é muito diferente. As maiores dívidas são de egressos dos cursos de Direito, Administração, Pedagogia (que não figura no ranking curitibano) e Enfermagem (esse também não está na lista local). A dívida média nacional é de R$ 21 mil por aluno.

Nota metodológica: os dados, que são do próprio MEC, não são individualizados. Ou seja, não dá pra saber quem tem a maior dívida, nem quais universidades esses estudantes cursaram. Os valores são o saldo de contratos com atraso de, no mínimo, três meses.

Você pode acessar todos os dados no site do Fiquem Sabendo, neste link.

2. O futuro da Linha Verde

Na semana passada, o prefeito prometeu que iria definir “o futuro da Linha Verde” — aquela que vive engarrafando e que está em construção há 12 anos. Na terça (13), ele anunciou a rescisão do contrato com a construtora Terpasul, responsável pelo trecho norte da obra, que vai do Tarumã ao Atuba. (G1, Prefeitura de Curitiba)

Por quê? Segundo a prefeitura, a empresa foi notificada 144 vezes sobre descumprimentos de contrato e atrasos. Ainda assim, abandonou a execução de trechos da rodovia.

  • Outro lado: a Terpasul diz que havia erros no projeto inicial, e que as mudanças iniviabilizaram financeiramente as obras. Ela promete entrar na justiça contra a decisão de Greca. (BandNews)

E agora? O motorista vai precisar de (ainda mais) paciência. A prefeitura deve promover uma nova licitação, mas ela ainda não tem data para acontecer — e só vai rolar depois de uma perícia. 

Em tempo: a Linha Verde já foi apontada como o pior trecho do trânsito de Curitiba, em 2016. (Gazeta do Povo)

E você? Passa por ali de carro ou de ônibus? Conta pra gente o que achou da decisão. Escreva para oi@oexpresso.curitiba.br.

3. Mais área verde preservada em Curitiba?

Os vereadores aprovaram nesta segunda (19) a alteração dos limites da Estação Ecológica Teresa Urban, no bairro do Alto Boqueirão. (Câmara Municipal de Curitiba)

Copo meio cheio: a área da reserva aumentou em 4,82%, com o acréscimo de 1,33 hectare. Segundo a prefeitura, o projeto adequa a situação patrimonial da unidade, que englobava terrenos particulares (e pelos quais o município não poderia pagar, por motivos de: falta de dinheiro).
  • Isso vai permitir, daqui em diante, a realização de visitas monitoradas, pesquisas e projetos para aprimorar a proteção do local.

Copo meio vazio: vereadores alertaram que a mudança troca “mata por mato”, como afirmou o Rogerio Galindo no Plural. Segundo eles, a área acrescentada está, na verdade, bastante degradada — e a parte devolvida aos proprietários é composta por um belo remanescente de floresta. (Plural e Porém.net)

  • Não por acaso, a proposta teve sete votos contrários. 

Acompanhe: o projeto ainda vai ser votado em segunda discussão nesta terça (20). Você pode checar a tramitação aqui.

4. Curtas da semana

_Começou nessa semana um curso gratuito de defesa pessoal para mulheres. A primeira turma está lotada, mas tem vaga nas próximas. O curso é promovido pela prefeitura, e vai acontecer na Casa da Mulher Brasileira, no Cabral, e nas ruas da cidadania. É aberto para mulheres com mais de 18 anos.
  • O prefeito Rafael Greca esteve na aula inaugural: “Ela [a primeira-dama Margarita Sansone, que apoia a iniciativa] não vai fazer o curso, porque eu sou bem bonzinho“. (Contraponto)

_Sabe a série Chernobyl, que todo mundo está assistindo (e gostando)? Tem uma conexão Curitiba-URSS nessa história, como contou o repórter Durval Ramos, na Gazeta do Povo: 15 crianças vítimas daquele acidente nuclear estiveram na cidade entre 1999 e 2001, para se tratarem das doenças causadas pela radiação. Vale a leitura.

_Dois sobreviventes da explosão em um apartamento no Água Verde, durante a impermeabilização de um sofá, deram sua primeira entrevista nesta semana, à RPC: “[O sentimento é que] colocaram uma bomba dentro da nossa casa”. A prática, em ambientes internos, foi proibida pela prefeitura após a tragédia. (G1 e BandNews)

5. Cenas Curitibanas: arte no prédio

 
Já viu esse mural pela cidade? Dica: fica pertinho do Passeio Público. Que tal levantar a cabeça e dar uma espiada da próxima vez que passar por lá? A foto é de Gustavo Panacioni.

6. Pra terminar: em bom curitibanês

“Rola sempre uma culpa por um dia perdido, é verdade, e eu sempre acho que isso acontece por causa dessa maldita ética do trabalho que nos atormenta a todos, especialmente os curitibanos.”

Cristovão Tezza, escritor, que faz aniversário nesta quarta (21) e que compartilha conosco as agruras e delícias de ser curitibano (natural ou por adoção, não importa). As aspas são de uma entrevista de Tezza à revista Helena, em junho.

BÔNUS TRACK: a semana também é de homenagens a Paulo Leminski — que, se vivo estivesse, faria 75 anos no dia 24. Olha ele aqui falando de Curitiba:
tudo de vento em popa
nesta cidade simbolista
quieta
caipira
metrópole tímida
terra de bares e longas encucações
fria
com poentes longos como agonias
É de uma carta de 1979, publicada no maravilhoso livro “Cartas brasileiras”, da Companhia das Letras. Retrato de uma Curitiba que continua a mesma e que tanto mudou!…

Ficamos por aqui. Boa semana!

Estelita Carazzai
Gustavo Panacioni

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