Vejam que história deliciosa – e potencialmente triste para a arte da cidade. Um mural de Poty Lazzarotto, o muralista mais famoso destas bandas, está em uma casa em ruínas e corre o risco de ser demolido para a construção de um prédio no Batel.
👀 O causo foi uma descoberta do Plural, que também descobriu que o mural foi recentemente restaurado. A obra de arte, que retrata lendas brasileiras como o Boitatá e o Saci-Pererê, foi feita na antiga residência de Eunice da Paz e Gil Caldas, de quem Poty era amigo.
O mural “Lendas brasileiras”, pintado por Poty em 1972, segundo o registro da empresa Caniatti Conservação e Restauro.
“Lá você podia encontrar artistas plásticos como Érico da Silva, Renée Bittencourt e Álvaro Borges. E até ser surpreendida pelo artista Poty em ação, traçando esboços diante de um público estupefato. Era comum que essas confraternizações acontecessem depois do trabalho, na “hora do aperitivo”, versão nacional da happy hour”, conta a reportagem do Plural.
E agora? A construtora Porto Camargo, atual dona do terreno, disse em nota que, “curitibana como é, sabe da importância de Poty Lazzarotto na história e na cultura da nossa cidade” e que “tem buscado reunir informações sobre a origem e autenticidade” do mural. Uma possibilidade é que a obra seja removida e transferida para outro lugar. Vamos ficar de olho!
Aproveitando, vale lembrar do nosso mapa dos painéis de Poty em Curitiba, feito em colaboração com nossos leitores, que destaca algumas das obras do muralista pela cidade.
É tudo verdade: começa nesta quarta (11) a 6ª edição do Festival Internacional do Documentário Estudantil, o Fidé. A abertura acontece no Cine Passeio, com a exibição de Eneida, da cineasta curitibana Heloisa Passos, que fala sobre uma reconciliação entre mãe e filha. A programação completa você pode conferir aqui. (Fidé Brasil e Plural)
Mais cinema: é também no Cine Passeio que acontece a exibição, pela primeira vez no Brasil, do filme “perdido” do Zé do Caixão. A obra, que será exibida na sessão da meia-noite de sexta-feira 13, foi encontrada num saco de lixo no apartamento do diretor. (Prefeitura de Curitiba)
Coral na biblioteca: estão de volta, desde o finalzinho de abril, os encontros do Cantateca, o coral juvenil da Biblioteca Pública do Paraná. Crianças e adolescentes entre 7 e 17 anos, podem se inscrever para participar dos ensaios que acontecem todos os sábados, na própria BPP. Informações no cantateca@gmail.com. (AEN)
Greve à vista: depois de atrasarem a saída dos ônibus nesta segunda (9), os motoristas de transporte público da capital aprovaram um indicativo de greve em protesto contra o atraso nos salários. Os valores, que deveriam ter sido depositados na última sexta, dependem de aprovação da Câmara de Curitiba. (Diário do Transporte)
Ela é do Juvevê e eu sou do Mossunguê Ela Batel Soho, eu Praça de Bolso Eu bebo Fontana, ela vai de Fernet Ela sobe linda o Museu do Olho Eu no Madrugueiro espero amanhecer Eu subo de bike pra malhar meu corpo Ela Mini-Cooper, vai pro Barigui Eu de canaleta, ela no sinaleiro Ela Balneário, eu Superagui
Terminamos a edição desta semana com a deliciosa letra da banda curitibana Orquestra Friorenta, que lançou recentemente uma nova versão da música Like pra Quê?, de Amanda Pacífico e Du Gomide.
A lambada é uma história do match impossível entre dois curitibanos opostos. Tipo Eduardo e Mônica, só que em Curitiba. E no Tinder.
Criada em 2015, a Orquestra Friorenta mistura milongas com carimbós, cumbias com lambadas e chamamés para criar uma sonoridade única. Vale ouvir!
Não tem hora para eles aparecerem pelas ruas: de manhã bem cedinho, ainda sob neblina, na hora do almoço ou à noite, mesmo com um frio de lascar. Os corredores de rua de Curitiba, felizmente, têm enchido os quarteirões, praças e parques da cidade com o trote e o som das suas passadas.
Em média, a cidade tem abrigado entre 80 e 90 corridas de rua por ano, segundo os registros da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer 😱 Até antes da pandemia, tinha evento todo final de semana, às vezes até mais de um por dia, entre caminhadas, corridas, maratonas e meia maratonas.
🤔 Mas o que a gente quer explorar aqui é: você já parou para pensar de que forma as corridas de rua criam um relacionamento entre a cidade e seus habitantes? A corredora Gleice Kelly Treuko, nascida em Curitiba e adepta das corridas de rua, resumiu para a gente em uma frase:
“É como fotografar com os olhos os lugares que passo. Eu sinto que, a cada corrida, a cada prova e a cada treino, eu conheço mais Curitiba.”
Segundo ela, as provas e treinos a ajudam a criar laços com a cidade. “Os meus treinos favoritos são pelos bairros, pois eu posso passar por ruas que nunca tinha passado, e é gostoso observar a paisagem, as pessoas, a arquitetura”, diz.
A experiência da corredora é corroborada pela pesquisadora Simone Rechia, professora do Departamento de Educação Física da UFPR, que estuda as relações entre espaço público, esporte e a cidade. Para ela, a corrida de rua mescla o benefício à saúde com a experiência de lazer e pertencimento da cidade. (Revista Brasileira de Ciências do Esporte)
“As corridas envolvem o corpo, e isso faz com que as pessoas tenham uma experiência mais viva. Quem participa enxerga a cidade com outra lente, de forma mais sensível, o que inclui não só as coisas boas da cidade, mas as mazelas e as diferenças entre os bairros também.”
Um movimento global: a forte presença das corridas de rua em Curitiba é reflexo de um fenômeno global, o pedestrianismo, que já é bastante forte na Europa e em capitais como Belo Horizonte e São Paulo.
Rechia destaca que, em Curitiba, as canaletas que se transformaram em pistas de corrida e caminhada, prática intensificada pela pandemia.
“A corrida é uma prática democrática”, reforça a pesquisadora. Como diz este artigo, é nas corridas que o evento e a cidade se relacionam e se confundem, tornando os lugares mais públicos e trazendo mais vida ao espaço urbano. (Universidade do Porto)
🗓️ Calendário: para quem ficou com coceira de interagir com Curitiba por meio das corridas, ainda dá tempo de participar. Em maio, serão pelo menos quatro eventos, uma em cada fim de semana, com distâncias entre 5km e 10km:
E uma dica final: vale acompanhar o blog Bom de Dica de Corrida, dos curitibanos Vinicius Boreki e Fernanda Takahashi. Companheiros nas pistas e na vida, eles divulgam as principais notícias do setor em Curitiba, além de relatos e reflexões sobre correr pela cidade.
Na semana passada, falamos aqui que Curitiba recicla 22% do seu lixo – e que a maior parte dele é reciclada graças aos catadores.
Pois justo neste semana saíram duas histórias bem interessantes sobre esses personagens da cidade, que valem a leitura:
1️⃣ A reportagem Batalha dos recicláveis, na piauí, conta como os catadores motorizados estão disputando espaço com os não motorizados em Curitiba, e como o ramo atraiu parte da mão-de-obra desempregada durante a pandemia. “É o vulnerabilizado em disputa com o vulnerabilizado”, definiu o padre Joaquim Parron, que trabalha na Vila das Torres – onde afirma haver “famílias inteiras de catadores; catadores que são filhos de catadores”.
2️⃣ Já essa reportagem do UOL relata a história de catadores da Vila Tiradentes, na CIC, que estão montando um barracão próprio de triagem para melhorar a condição de pagamento e coleta da comunidade. O detalhe saboroso: eles estão usando material de demolição de antigas mansões da cidade para construírem o espaço.
Pais em alerta: aumentou em 30% o número de crianças atendidas nas UPAs de Curitiba em abril, na comparação com janeiro. O motivo? Sintomas respiratórios e infecções virais e bacterianas, um pico já anunciado pela volta das crianças às aulas depois de dois anos de isolamento. A prefeitura teve que reorganizar o atendimento e o Pequeno Príncipe chegou a fechar temporariamente o pronto-atendimento, em função da alta demanda. (G1-PR e Prefeitura de Curitiba)
Livro novo na praça: uma boa notícia para os amantes de literatura: sai na semana que vem, dia 9, o novo livro de Cristovão Tezza, “Beatriz e o poeta“. O ano é 2020, o cenário é um café de Curitiba e o tema, “como sair da imobilidade da quarentena”. Gostamos! (Plural)
Trânsito seguro: já que temos falado tanto de trânsito por aqui, não podíamos deixar de destacar o início da campanha do Maio Amarelo, que iluminou vários monumentos e pontos da cidade para conscientizar sobre os acidentes e mortes no trânsito. (Prefeitura)
“Eu fui uma criança muito sortuda; morava em um bairro incrivelmente diversificado. Eu gosto de pensar naquilo como um pequeno pedaço do mundo.”
Encerramos esta edição com a memória de Teresa Urban, curitibana, jornalista e ativista ambiental, que viveu intensamente a pluralidade do bairro das Mercês nas décadas de 1940 a 1970.
Em relato ao excelente livro Sem liberdade, eu não vivo, sobre mulheres ativistas durante a ditadura militar, Teresa conta que era vizinha de imigrantes japoneses, russos, italianos, árabes, ucranianos, poloneses e chineses. Isso a ajudou não só a ampliar sua bagagem cultural, como principalmente a aceitar e respeitar as diferenças.
Morta em 2013, a jornalista faz às escritoras um relato franco de seu ativismo político, do período em que foi presa e torturada, e da Curitiba que encontrou depois que saiu da prisão, em 1974, após quatro anos detida: uma cidade com carros nas garagens, produção industrial em ascensão e TVs na sala de estar.
“Parecia que eu tinha viajado no túnel do tempo. Era como se eu tivesse caído num outro mundo. E era.” O depoimento é fascinante – e vale toda a reflexão.
“As pessoas vêm para o teatro e, depois que terminam os espetáculos, elas ficam no saguão. Não vão embora. Era uma ansiedade muito grande de voltar”.
Terminamos nossa edição com Cleverson Cavalheiro, diretor-presidente do Teatro Guaíra, comentando sobre o retorno dos espetáculos presenciais na cidade no início deste ano.
“Eu tenho 36 anos de Guaíra e nunca tinha visto algo assim”, contou, em entrevista ao programa É de Curitiba, da rádio Educativa. “Está sendo um retorno muito impactante.”
Nas últimas semanas, a cidade felizmente viveu a retomada das apresentações presenciais e do Festival de Curitiba – e haja shows e espetáculos pela frente. (CuritibaCult e Fundação Cultural de Curitiba)
Tome a sua dose de reforço e aproveite para curtir a agenda cultural da cidade 🙂