Pra terminar: em bom curitibanês

“Na aguda e grave melodia | do chope, papo e cama | Cafezinho, fé e trama | Boca reivindicando o pão do dia”

Encerramos esta edição com Geraldo Magela, poeta radicado em Curitiba e que faleceu recentemente, aos 65 anos. (Folha de S.Paulo)

Nas linhas acima, ele falava sobre a nossa “Bendita Boca Maldita” – nome de seu primeiro livro de poemas. Com uma vida intensamente vivida em Curitiba, Magela era um dos artistas que saía de kombi pela cidade nos anos 1980 escrevendo poemas, impressos com a ajuda de um tipógrafo e distribuídos pelos bairros.

“O cara colocava letrinha por letrinha, com toda a paciência. Demorava uma meia hora pra fazer um poema de dez, vinte linhas”, contou nesta entrevista. (CBN Curitiba)

Mais tarde, o esforço deu origem à Feira do Poeta, um ponto de encontro no Largo da Ordem que promove saraus, declamações e performances.

Que a poesia sempre nos encontre!

Expresso da História: o Castelo Hauer 🏰

Hoje é dia de mais uma viagem no tempo com o Diego Antonelli, especialista na história de Curitiba e do Paraná, que vem fazendo um passeio por alguns dos edifícios mais icônicos da cidade. Hoje, é dia de falar de um castelo local:

Um palácio com estilo de castelo não passa despercebido pelos olhares de quem trafega na Rua do Rosário, na região do Largo da Ordem. Trata-se do Castelo Hauer, construído em meados de 1895 para ser residência do imigrante alemão José Hauer. 

  • 👑 Hauer morou no seu castelo por cerca de dez anos, até 1905, ano em que retornou à Europa. Posteriormente, o local, que tem dois pavimentos e um porão, virou sede do Colégio Divina Providência (que hoje faz parte do Grupo Bom Jesus) e atualmente abriga um campus universitário.

De jardim de infância a universidade: Antes de ir embora do Brasil, Hauer vendeu a propriedade às Irmãs da Divina Providência, que ali instalaram um colégio. Já no ano seguinte, em 1906, a escola matriculou mais de 200 alunas. O jardim de infância foi inaugurado em 1916. “Em 1924, já eram 650 alunos. Nesta época, a escola foi aberta também para os meninos”, contou esta reportagem. Durante os 53 anos em que esteve ali, o colégio cresceu e adquiriu os terrenos ao lado – uma das novas alas começou a ser construída apenas em 1931, por exemplo. (Tribuna do Paraná)

  • Foi apenas no ano 2000 que a Uninter (Centro Universitário Internacional) passou a utilizar o conjunto de imóveis, até então do Colégio Divina Providência, como um dos seus campi – função que o edifício exerce até hoje.

O palácio: em 2004, o prédio passou por obras de revitalização. Diversos elementos arquitetônicos se destacam na construção. A principal é a torre de cerca de 15 metros de altura, que “foi encomendada por Hauer para que pudesse ver a Serra do Mar”, como afirma esta reportagem. (Gazeta do Povo) 🌄

💎 O mesmo texto destaca que no térreo “permanecem intactas no teto molduras em bronze e madeira maciça”. “Por fora, o jardim também conserva características iniciais, com um jardinete ao lado dos dois volumes que avançam na calçada. Ao lado, o verde se estende como um corredor, que convida a olhar para o fundo”.


Vale o olhar atento em sua próxima caminhada pelo centro!

As avenidas mais perigosas de Curitiba 🚙

Curitiba não é a mesma de dez anos atrás. Mas, quando o assunto é segurança no trânsito, parece que algumas coisas não mudam: há pelo menos uma década, a região central concentra os acidentes de trânsito da capital – e as avenidas Comendador Franco (a Avenida das Torres), Visconde de Guarapuava, Silva Jardim e Marechal Floriano Peixoto seguem no ‘top 5’ das ruas com mais acidentes em Curitiba.


Antecipando o Maio Amarelo, dedicado à segurança no trânsito, este Expresso foi atrás de dados detalhados sobre as ocorrências de Curitiba. Conseguimos, por meio do Detran-PR e da Setran, as informações de todos os acidentes registrados pelo BPTran (Batalhão de Polícia de Trânsito), desde 2012! Dez anos de trânsito numa planilha, que analisamos com cuidado 🔎 

No ranking, as 15 avenidas com mais acidentes em Curitiba, desde 2012. Algumas se mantêm na dianteira, outras sobem e descem. Veja com mais detalhes aqui.


✍️ Alguns destaques:

  • Em 2021, as avenidas das Torres, Juscelino Kubitschek de Oliveira (a marginal do Contorno Sul), Visconde de Guarapuava, Silva Jardim e Marechal Floriano Peixoto ocuparam o ‘top 5’ das ruas com mais acidentes. Em média, elas registram cerca de uma ocorrência por dia;
  • A maioria delas sempre ocupou o topo do ranking – à exceção da Juscelino Kubitschek, que no início da década estava entre o quinto e o sétimo lugar, e no ano passado avançou à segunda colocação;
  • Algumas novas ruas também apareceram no top 15: a Izaac Ferreira da Cruz, na regional do Pinheirinho; a Mário Tourinho, no Portão; a Martim Afonso, no Bigorrilho; e a Salgado Filho, na região do Uberaba.
  • Em outras palavras, apesar de a área central concentrar a maioria das ocorrências em Curitiba, bairros onde o fluxo de veículos está aumentando começam a despontar no ranking de acidentes;
  • Por outro lado, não aparecem mais entre as recordistas de acidentes as ruas João Negrão, Marechal Deodoro, República Argentina e a Av. Presidente Kennedy.

Rodovias federais, como a Linha Verde, o Contorno Sul e a BR-277 não foram consideradas neste levantamento, já que a competência de acidentes neste caso é da PRF.

Vale lembrar que as principais vítimas de acidentes em Curitiba são os motociclistas e, logo em seguida, os pedestres, como já contamos aqui. (O Expresso)

🥛 A boa notícia, ou o copo meio cheio: de maneira geral, o número de acidentes tem diminuído ao longo da última década. Se em 2012, por exemplo, Curitiba teve mais de 31 mil acidentes registrados no ano, em 2021 esse número caiu para 23 mil – cerca de 1/4 a menos.
Historicamente, Curitiba tem tomado medidas para diminuir os acidentes de trânsito, como a redução da velocidade das vias, como já mostramos por aqui. Esta reportagem destaca, por exemplo, que “cinco das dez ruas com mais acidentes em 2021 já tiveram velocidade reduzida para 50 km/h”: Visconde de Guarapuava, Silva Jardim, Brigadeiro Franco, Victor Ferreira do Amaral e João Bettega. (Tribuna do Paraná)

Nos próximos capítulos: vamos voltar a este tema nas próximas edições, destacando as mudanças que Curitiba fez (ou precisa fazer) para aumentar a segurança no trânsito da cidade, incluindo os recentes radares. 👀

Curtas ⚡

Cães curitibanos: os vira-latas, os mais queridos pela nação, são quase metade dos cachorros nas casas curitibanas. São mais de (pasme!) 90 mil vira-latas na cidade, de um total de 191 mil cães cadastrados no SIA (Sistema de Identificação Animal). Depois deles, aparecem o lhasa-apso, shih-tzus, pinschers e poodles. (Prefeitura de Curitiba)

COVID em baixa: depois de semanas de pico, o coronavírus parece ter dado uma trégua na cidade, ao menos por enquanto. Ontem, havia apenas uma (isso mesmo, uma) pessoa internada em UTI pública diagnosticada com COVID-19 em Curitiba. Os números da pandemia e da vacinação continuam sendo atualizados semanalmente no nosso Monitor COVID-19 Curitiba. (Banda B e O Expresso)

Até que enfim: pelo menos uma conta pode ter redução nas próximas semanas: a conta de luz. Com o alívio na estiagem, o governo estuda eliminar a taxa extra de escassez hídrica no país. Em Curitiba, o nível dos reservatórios, que chegou a meros 25%, atingiu 86% nesta semana. (Tribuna do Paraná e AEN)

Pra terminar: em bom curitibanês

“Se eu guardar o meu talento, ele vai morrer comigo. Então, eu quero compartilhar.”

Terminamos a edição de hoje com Hikmat Daoud Hanna, mais conhecido como Seu Henrique, um senhor iraquiano de 88 anos que oferece aulas de inglês de graça (cuja história rodou o país no mês passado). Todo domingo de manhã, ele fica em frente à Igreja da Ordem, na Feira do Largo, em busca de alunos. (Tribuna do Paraná)

Henrique nasceu no Iraque, morou na Itália e vive há quase 50 anos no Brasil. Hoje, o aposentado poliglota (que diz falar nove línguas) vive com um salário mínimo. “Me é suficiente. Então não cobro nada [pelas aulas]”, disse nesta entrevista. Ele pega ônibus para encontrar os alunos. (Plural)

Depois da fama, uma vaquinha online propôs ajudá-lo a publicar seus livros (incluindo um dicionário Árabe-Português), e o sr. Henrique também ganhou perfil no Instagram.

Que continuemos compartilhando nossos talentos 🙂

Uma ótima semana!