Pra terminar: em bom curitibanês

“Eu desejava continuar uma repórter, uma eterna repórter.”

Terminamos a edição de hoje com Rosy de Sá Cardoso, primeira mulher a ter um registro profissional de jornalista no Paraná e primeira cronista social de Curitiba – “a única porta aberta às mulheres” na época, segundo ela. (Turismo em Números)

Rosy morreu na semana passada, aos 95 anos. Símbolo do pioneirismo feminino, foi também uma das primeiras mulheres a adotar calça comprida em Curitiba: “Era um frio louco. A gente usava calça comprida dentro de casa e, na hora de ir para o cinema, botava um vestido? Fui de calça. Achei ótimo, e passei a usar.” (G1 e O Rádio do Paraná)

O jornalismo, ao qual dedicou mais de 60 anos de sua vida, veio em um desses acasos da vida: um calo em suas cordas vocais encerrou sua carreira de cantora. 

Apaixonada por viagens, a curitibana que viajou da Antártida ao Alasca, do Japão ao famoso trem do Expresso Oriente, dizia que queria morrer em um acidente de avião, para virar notícia. Como se, depois de uma vida dessas, precisasse. (Plural)

Que a ousadia de Rosy continue a nos inspirar!

Curtas ⚡

Preparar para decolagem: depois de quase dois anos, Curitiba volta a ter voos internacionais no Aeroporto Afonso Pena. O trecho é direto para Buenos Aires e será percorrido quatro vezes por semana a partir de abril. A expectativa é que os voos voltem a movimentar o turismo na cidade. (Prefeitura)

McMadalosso: o novo quiosque de sorvetes do McDonald’s que abriu no estacionamento do Restaurante Madalosso levantou algumas discussões interessantes sobre a ameaça à identidade italiana em Santa Felicidade. (Plural)

Imunizados e com reforço 💉

Na semana que passou, estes editores foram convocados com alegria para tomar a terceira dose da vacina contra o coronavírus – dê uma olhada no aplicativo Curitiba Saúde Já para saber se também chegou sua vez!

Você sabe quantas pessoas em Curitiba já receberam a dose de reforço, que aumenta a eficácia contra o vírus? Mais de 620 mil pessoas, ou quase um terço da população da cidade. (CNN Brasil)

Entre os mais velhos, a cobertura da terceira dose chega a até 95%, como mostra o gráfico abaixo.

A maioria das pessoas com mais de 60 anos já tomou a dose de reforço em Curitiba, como mostram as bolinhas em rosa. Veja o gráfico completo aqui.


Vale lembrar: o número de casos ativos da doença desacelerou, mas continua elevado, como mostra o nosso Monitor COVID-19 Curitiba – e as UTIs, infelizmente, recomeçaram a lotar. Tome a terceira dose quando puder e continue se cuidando! (Bem Paraná)

O desafio de pintar uma cidade de verde 🌳

Nesta semana, continuamos a falar sobre as áreas verdes de Curitiba, que pusemos no mapa na edição passada. Agora, o assunto é o desafio de criar um espaço verde em plena cidade… que, quanto mais cresce, mais adensada e verticalizada fica.

Para entender melhor, basta olhar o mapa: Curitiba é especialmente adensada (ou seja, tem uma grande quantidade de habitantes por km2) na área central, na região do Portão e Pinheirinho, e também a leste, na regional Cajuru. 

👀 E é justamente do lado oposto que está a maior concentração de áreas verdes da cidade, como mostra o mapa abaixo.

Com algumas exceções, podemos ver que, à medida que a densidade populacional aumenta, a área verde diminui – como já havia mostrado esta pesquisa. (UFPR)

  • O CIC, por exemplo, regional com uma das menores densidades populacionais, tem a maior área verde da cidade. Já em bairros como o Água Verde, onde há mais prédios e mais gente por metro quadrado, a quantidade de áreas verdes é menor. 

O X da questão
Segundo a prefeitura, é um desafio criar áreas verdes em regiões muito urbanizadas, como o Juvevê – porque quase não há mais lotes livres. Por isso, nos últimos anos, é mais comum ver a criação de parques em bairros ainda em crescimento, como o Campo de Santana. (Gazeta do Povo)

Ainda assim, analisando os dados que O Expresso obteve, dá para identificar algumas oportunidades para novas áreas verdes: as regionais do Tatuquara, Bairro Novo e Pinheirinho, por exemplo, têm uma área verde ainda muito pequena em comparação a outras regiões com a mesma densidade populacional, como dá para ver neste gráfico.

“Existe uma carência de áreas verdes na região sul, ainda mais com a pandemia. Agora as pessoas ficam mais em casa e precisam do contato com a natureza. É necessário que haja mais espaços de lazer”, diz o pesquisador Allan Nunho dos Reis, doutorando e mestre em engenharia florestal pela UFPR.

🤔 Para além disso, é necessário repensar o conceito de área verde: e se, ao invés de um grande parque com lago, criássemos áreas pequenas, mas que também permitissem o convívio e o respiro urbano?

  • Essas experiências, chamadas de Pocket Parks, têm funcionado muito bem em diversas cidades pelo mundo e inclusive em Curitiba, que inaugurou sua Praça de Bolso do Ciclista, em pleno centro, em 2014. (Archdaily e Band TV)
  • “A intenção é sempre deixar espaços de convívio, de respiro”, disse ao Expresso Jean Brasil, superintendente da secretaria do Meio Ambiente de Curitiba.

Segundo ele, mesmo uma pequena área verde traz um impacto bastante positivo (em termos de impermeabilização do solo e conforto térmico, por exemplo) – e beneficia inclusive os bairros em seu entorno.

🗣️ E você, leitor? Qual sua área verde preferida na cidade? Ela é pública ou privada? O que você gostaria que tivesse no seu bairro? Conta pra gente respondendo a esse e-mail ou escrevendo para oi@oexpresso.curitiba.br

Espaço verde na cidade 🌳

A gente começa o ano falando sobre um assunto que é quase conversa de bar em Curitiba: área verde. A nossa cidade se cunhou como “capital ecológica”, ainda lá nos anos 1990, com a criação de parques que viraram cartão-postal e resolveram problemas ambientais e urbanos.

Mas a quantas anda a criação de novas áreas verdes na cidade? E como elas estão distribuídas pelos bairros?

O Expresso recorreu à Lei de Acesso à Informação para obter dados atualizados sobre as áreas verdes de Curitiba, e conseguimos uma lista de todos os 1.172 espaços existentes na cidade – que incluem parques, praças, bosques, reservas particulares, largos e corredores verdes nas avenidas.

  • Importante: esses dados não consideram árvores, quintais e maciços florestais identificáveis por satélite, que entram no cálculo da metragem oficial de área verde por habitante de Curitiba (hoje, ela está em 64 m2).
  • Ainda assim, eles são um indicativo interessante de como o município tem atuado para fomentar espaços públicos verdes, para lazer e uso pela população espalhada pelos diversos bairros da cidade.\

O mapa de área verde por bairro de Curitiba deixa clara a carência desses espaços na região centro-sul da cidade, em cor mais clara. Confira o mapa completo aqui.

Resumo da ópera:

Neste cálculo, Curitiba tem cerca de 11m2 de área verde pública por habitante. São mais de 400 praças, e 28 parques no total. Dá para consultar a lista completa aqui.

O tipo de área verde mais comum são as praças e jardinetes. Mas também aparecem com destaque áreas de manutenção, os largos e as RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural).
A maior parte da área verde está concentrada em parques: o Parque Iguaçu é o maior, com cerca de 300 hectares, seguido pelo famoso Parque Barigui, com 140 hectares.
O maior espaço verde público da cidade é o Refúgio de Vida Silvestre Reserva do Bugio, na CIC, que foi inaugurado em 2015 e conta com mais de 8 milhões de metros quadrados.

O que salta aos olhos é que, mesmo que a quantidade de áreas verdes públicas seja expressiva, elas não estão distribuídas de forma proporcional entre os bairros de Curitiba. De maneira geral, a região norte da cidade tem uma concentração bem maior de área verde por habitante, enquanto que alguns bairros no centro e no sul de Curitiba, como o Prado Velho, o Umbará, o Novo Mundo e o Capão Raso, têm bem menos espaços verdes disponíveis.

Para Allan Rodrigo Nunho dos Reis, doutorando e mestre em engenharia florestal pela UFPR, esta é uma discrepância histórica: nos últimos 30 anos, a região norte de Curitiba concentrou os investimentos do poder público na construção de parques e reservas, a fim de extinguir ocupações irregulares (nos parques Tingui e Barigui), restaurar áreas degradadas por antigas pedreiras (casos do Parque Tanguá e da Ópera de Arame), controlar enchentes e conservar as nascentes dos principais rios da cidade.

  • Jean Brasil, superintendente de Obras e Serviços da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, afirma que parte dessa dessemelhança se dá por conta do arranjo dos biomas na cidade. A região norte já tinha uma formação com um aspecto mais de floresta e mata, e assim se beneficiou com a criação de áreas em relação à região do Boqueirão, por exemplo, que tem áreas mais úmidas e plantas mais rasteiras.


Isso tem mudado nos últimos anos, com a criação de novas reservas em bairros como a CIC e o Boqueirão, além do futuro superparque na região sul e o parque Pinhal do Santana, no Campo de Santana. Segundo a prefeitura, tem havido um esforço de identificar e promover áreas de preservação na região sul – e, assim, diminuir os “vazios verdes” do mapa. (Gazeta do Povo e Tribuna do Paraná)

E eu com isso?
Investir em áreas verdes não é apenas uma questão estética: “A floresta urbana é um componente de uma cidade funcional: ela é [tão importante] como uma rede de saneamento ou de eletricidade”, comenta Reis, da UFPR.

As áreas verdes melhoram o bem-estar e a saúde física dos moradores; trazem conforto térmico, redução de ruído e a mitigação das mudanças climáticas, além de promover a conservação da biodiversidade. Por fim, também têm benefícios econômicos, como a valorização monetária dos imóveis ao seu redor. “Isso é nítido em Curitiba. A região centro norte tem imóveis bastante valorizados, e isso tem relação direta com a presença de áreas verdes no local”, afirma o pesquisador.

🔎 Fique de olho: a gente vai voltar a esse assunto na próxima edição, mostrando como o adensamento da cidade tem trazido desafios para a criação de novas áreas verdes em Curitiba.

Pra terminar: em bom curitibanês

sempre tem neblina,
cerração,
garoa,
chuvisco,
chuva fina,
céu de brigadeiro,
pôr de sol lilás,
quatro estações num dia.
Tempestade, não.

Trecho da música Canção pra Curitiba, do mestre Waltel Branco com letra de Alice Ruiz. A poetisa, haicaísta, letrista e tradutora curitibana completou 76 anos no dia 22 de janeiro de 2022.

Ficamos por aqui. Até semana que vem!

Casa de fazenda

Em pleno Bigorrilho, uma casa que parece de fazenda, com poço e tudo. A casa foi residência do artista Franco Giglio e, por muitos anos, sede da Biblioteca Franco Giglio – que, neste dia 25 de janeiro que passou, completou 11 anos fechada. O clique é da Estelita Carazzai.

Curtas ⚡

Ano novo sem rodízio: o nível total dos reservatórios de Curitiba está em 85%. Por isso, depois de mais de 1 ano e 10 meses, o rodízio de água acabou na cidade. A promessa é que não teremos rodízio em 2022, mesmo que voltemos à estiagem: na atual situação, os reservatórios têm condições de atender à população por 12 a 16 meses. (Governo do Estado)

A peça do pirata da cidade: que tal conhecer um personagem folclórico da cidade? No canal de YouTube do Silver Neto você pode assistir, ao vivo, à peça “O Tesouro do Pirata Zulmiro”. Reza a lenda que ele teria escondido um baú de tesouro nas Mercês. As transmissões começam na quinta, dia 3, e vão até domingo, dia 6. (BandNews Curitiba)

E a pandemia continua 👀

A gente até achou que, em 2022, a pandemia nos daria uma trégua… Até que veio a ômicron.

Aqui em Curitiba, para quem ainda não viu, o número de casos ativos atingiu um pico logo no primeiro mês do ano: são mais de 14 mil casos – mesmo nível do auge da pandemia, em março de 2021. Em média, temos 3.400 novos casos da doença por dia! É, de longe, a maior taxa de infecção da pandemia, como mostra o nosso Monitor COVID-19 Curitiba.

Mas também há o copo meio cheio: graças ao avanço da vacina, que já chegou a 76% da população, a média de mortes não cresceu no mesmo ritmo do que o número de casos.

Continue se cuidando, evite aglomerações e use máscara!