Hoje, vamos falar de um dos assuntos preferidos do curitibano: o ônibus. Que, aliás, anda meio combalido…
Segundo os dados oficiais, o sistema de transporte de Curitiba perdeu quase 100 milhões de passageiros em 2020, em comparação ao ano pré-pandêmico. A suspensão das aulas presenciais, o distanciamento social e a própria crise econômica levaram à crise. (Prefeitura de Curitiba)
- No geral, os ônibus estão transportando cerca de metade dos passageiros que levavam antes – uma queda de 53%.
🤔 Mas quais linhas sofreram mais? Em algum lugar parou de circular ônibus?
🎲 A nossa analista de dados, Caroline Attilio, fez uma varredura nos dados abertos do transporte coletivo. Além disso, conseguimos um relatório da Urbs que mostra o detalhamento de passageiros por linha, antes e depois da pandemia.
Em resumo:
A queda média de passageiros pelas linhas da cidade foi de 57%. Nas estações-tubo e terminais (leia-se, biarticulados, ligeirinhos e ligeirões), a diferença foi ligeiramente menor, de -51%.
Algumas das linhas que mais sentiram a variação foram as das universidades: o alimentador da Universidade Positivo, por exemplo, viu a demanda diária cair de 1.800 pessoas para 75 (uma queda de 96%); na linha Bom Retiro/PUC, a diferença foi de 91%. Mesma coisa com a Estudantes (que vai do centro ao Centro Politécnico da UFPR), cuja queda foi de 82%.
O impacto foi geral, do centro aos bairros: na verdade, das 234 linhas analisadas, só duas (Caiuá/Campo Comprido e Futurama/Sítio Cercado) registraram alta de passageiros.
O efeito colateral
A gente acabou descobrindo que, com a queda na demanda, Curitiba perdeu pelo menos 23 linhas de ônibus😧 Algumas foram mescladas, como a Guabirotuba e a V. Macedo (que viraram ‘V. Macedo via Guabirotuba’). Mas muitas mais foram desativadas temporariamente, como a Universidades, a Fredolin Wolf, a Jardim Itiberê, a Fazendinha/PUC… Veja a lista completa aqui.

As linhas suspensas, em cinza, se concentram no eixo leste-oeste da cidade. O mapa completo está aqui.
⚠️ A Urbs ainda não sabe se elas voltarão depois da pandemia. A demanda não se recuperou com o passar dos meses, e só o tempo dirá sobre seu retorno.
E por que falar disso?
Primeiro, porque qualquer problema no sistema de ônibus atinge em especial os trabalhadores de baixa renda e as minorias, que dependem do transporte público para trabalhar, estudar e se locomover.
Segundo, porque a manutenção do transporte público durante a pandemia é um problema global: nos EUA, há cidades que querem cancelar o serviço aos fins de semana; em Nova York, já consideram cortar o serviço de metrô pela metade se não houver subsídio. (The New York Times, em inglês)
Em Curitiba, o município aprovou um auxílio emergencial às empresas de ônibus, que paga metade dos custos do sistema e vai durar até o fim de junho. (BandNews FM)
- Fica a dica: em outras cidades brasileiras, receitas do estacionamento rotativo, taxas de aplicativos de transporte e receitas de publicidade em abrigos de ônibus também ajudaram a injetar recursos no sistema. (WRI Brasil)
Além de tudo, os ônibus ainda enfrentam o desafio de combater o coronavírus enquanto mantêm um serviço essencial para o ir e vir da população – infelizmente, pelo menos 21 motoristas e cobradores já morreram de COVID. As empresas pedem que os funcionários sejam vacinados o quanto antes, e a Urbs passou a bloquear o cartão-transporte de quem testou positivo para a doença. (Gazeta do Povo, Diário do Transporte e BandNews F
🗣️ E você, leitor? Tem usado o transporte público nos últimos meses? Como avalia o serviço? Está faltando ônibus? Conte para gente o que acha no oi@oexpresso.curitiba.br