⛔ Um ano de pandemia, uma semana de lockdown

Bom dia!

Na semana em que a pandemia completa um ano, falamos do lockdown e da presença negra em Curitiba, além de homenagear a biblioteca de um ilustre personagem da cidade.

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Tempo de leitura da edição de hoje:
7 minutos e 56 segundos

Nosso próximo encontro:
Terça, 23 de março

1. Bandeira vermelha 🚩

Chegamos aonde ninguém queria chegar: bandeira vermelha e lockdown em Curitiba. Vamos ser breves e diretos, como o momento exige, com uma imagem símbolo do atual momento da pandemia.

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Vivemos o pico não só de casos ativos, em amarelo, como também de mortes diárias, em vermelho: o coronavírus nunca matou tanto em Curitiba. Veja o gráfico completo aqui.
 

📰 Para completar, algumas leituras obrigatórias para entender o que enfrentamos:

Mais do que nunca: cuide-se, dos seus e dos outros! 🙏


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2. Onde vivem os negros de Curitiba? 👨🏿‍

Hoje é dia de mais uma valiosa contribuição da Adriana Baggio, semioticista e colunista d’O Expresso – que, com o mapa de Curitiba em mãos e a história da cidade na cabeça, fez uma reflexão sobre a presença negra na cidade:

Domingo, manhã de sol, 2020 a.P. (antes da pandemia). A praça João Cândido, no Alto São Francisco, animada com bandinha de rock, jogos para crianças e aulas de yoga. Armei minha cadeira de praia na altura do recém-reformado Belvedere. Havia casais, famílias, grupos de amigos. Mas sabe o que não havia? Pessoas negras. 

Onde estavam os negros de Curitiba, se foi justamente no Alto São Francisco que eles moraram, se organizaram, rezaram e festejaram? 

Parte da resposta pode ser encontrada no mapa abaixo: a comunidade que uma vez ocupou a região central da cidade vive hoje em suas margens geográficas.

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O centro de Curitiba, historicamente ocupado por africanos e afrodescendentes, concentra hoje a menor proporção de negros e pardos na cidade. Veja o mapa completo aqui.
 

🔢 Quase 20% da população curitibana é negra, segundo o último censo, de 2010. Mas a distribuição é bem distinta entre os bairros.

  • No Batel, Hugo Lange, Jardim Social, Bigorrilho, Alto da XV e Juvevêmenos de 5% dos moradores se autodeclaram pretos ou pardos.
  • Já em São Miguel, Campo de Santana, Tatuquara e Ganchinho, eles passam dos 30%. No Prado Velho, são 40%.

Mas já foi diferente: 40% era a população negra no planalto curitibano em 1854. Quem nos mostra isso — e também as estratégias de branqueamento da cidade de lá para cá — é o volume Dos traços aos trajetos: a Curitiba negra entre os séculos XIX e XX, organizado por Brenda dos Santos, Geslline Braga e Larissa Brum e publicado como Boletim da Casa Romário Martins.

  • O estudo mostra como a legislação de costumes e de edificações atuou para afastar a população negra do centro, área tradicionalmente ocupada por africanos e afrodescendentes, escravizados e libertos. 

🏰 O Palácio Belvedere é um exemplo. O edifício foi construído sobre os alicerces da Sociedade 28 de Setembro, fundada em 1895 e formada majoritariamente por mulheres negras. O nome é uma homenagem à data de promulgação da Lei do Ventre Livre, de 1871. A área havia sido doada à instituição pela Prefeitura, mas em 1915 foi desapropriada para a construção do Belvedere.

A poucos metros dali, fica a sede da Sociedade 13 de Maio, construída (e ainda de pé) no início do século XX na rua Clotário Portugal. Próxima também era a Sociedade Beneficente Protetora dos Operários, fundada em 1883 em frente à praça João Cândido, com numerosos associados negros.

❗ Estes clubes e sociedades foram cruciais para o movimento abolicionista e, depois, para promover a sociabilidade, a inserção social e as condições de vida dos recém-libertos. 

As ruas, as edificações e as sociabilidades que tanto apreciamos no São Francisco são legado da população negra de Curitiba. Alijada de seu espaço original, ela constitui hoje apenas 9% dos moradores do bairro.

  • Do prédio da Sociedade Beneficente dos Operários, aliás, restava apenas a fachada, e agora nem isso: puseram tudo abaixo para dar lugar a um novo equipamento público. Haverá nele alguma referência às origens étnicas e de classe da antiga construção? 🤔

🤿 Para ir mais a fundo:

Uma forma inicial de desfazer esse apagamento é conhecer o que está por baixo da reescritura – por exemplo, percorrendo a Linha Preta, roteiro que destaca as marcas da negritude curitibana. Quem quiser se aprofundar pode também consultar trabalhos como o já citado Dos traços aos trajetos e o livro Para além da placa: outras histórias da negritude em Curitiba.

 

3. Curtas ⚡️

Mais água: depois das chuvas das últimas semanas, a Sanepar aliviou o rodízio de água na grande Curitiba. Agora, serão 2,5 dias com água e um dia e meio sem. (Gazeta do Povo)

Novo horário: agora há pouco, saiu atualização do decreto de lockdown. Mercados funcionarão até 20h (e não mais até 18h), e restaurantes, até 22h (ainda só com delivery). (Prefeitura de Curitiba)

 

 

4. Depois da tempestade

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Que este belo pôr-do-sol no Capão Raso, registrado depois de um pancadão de chuva em fevereiro, nos ajude a lembrar que, depois da tempestade, sempre vem a bonança. O clique é da leitora Adriana Brum.
 

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5. Pra encerrar: em bom curitibanês

“Na minha biblioteca eu me alimento, escrevo, reescrevo. A minha biblioteca passou a ser o meu planeta.”

Em semana de lockdown, nada como ressignificar o ‘estar em casa’ com a ajuda do Paulo Venturelli, escritor nascido em Brusque (SC) e radicado em Curitiba – e famoso por manter um apartamento inteirinho, no bairro do Bacacheri, só para seus livros.

Ele conta mais sobre essa experiência “de estar diariamente cercado de livros por todos os lados, que é a minha defesa contra o mundo” nesta entrevista ao projeto Um Escritor na Biblioteca, da Biblioteca Pública do Paraná.

Todas as (excelentes) entrevistas do projeto, aliás, estão disponíveis gratuitamente e de forma online, assim como outras obras de escritores paranaenses, pelo Selo Biblioteca Paraná.

Fiquemos em casa! De preferência, cercados do que nos faz feliz 🙂

Uma boa semana para você.

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