🚫 Deixa a guria em paz

Bom dia!

Chegamos a mais uma terça-feira de O Expresso, com a já tradicional curadoria de notícias de Curitiba e apurações originais que ajudam a pensar nossa cidade.

Hoje o assunto principal é assédio sexual de rua, com a estreia da nossa nova colunista Adriana Baggio — que foi atrás dos principais dados de importunação sexual em Curitiba.

Como sempre, nosso muito obrigado aos novos apoiadores: Álvaro AntonioJoão Del Valle e João Pedro Schonarth  e, também, ao nosso novo parceiro: Cosmos Gastrobar. Se você também curte O Expresso, consulte os nossos planos em oexpresso.curitiba.br/apoie e ajude a incentivar o debate sobre Curitiba. 

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Tempo de leitura da edição de hoje:
7 minutos e 20 segundos

Nosso próximo encontro:
Terça, 20 de outubro

1. À luz do dia: um mapa dos assédios em Curitiba 🗺️☀️

Hoje iniciamos mais uma colaboração por aqui: é da Adriana Baggio, professora e semioticista de Curitiba (além de leitora d’O Expresso!), que vai falar sobre espaço público e a nossa relação com a cidade. E o tema para iniciar a conversa rende pano pra manga: os assédios sexuais de rua em Curitiba. Olha a provocação dela aí:
 

O isolamento social é uma das principais recomendações nesta pandemia, e quem teve oportunidade de se manter em casa pode estar com saudades de sair por aí livremente. 


🤔 Mas será que “livremente” é a melhor palavra para descrever o modo como circulamos pela cidade?


Se você, por receio de ser incomodada, já preteriu um meio de transporte, desistiu de usar saia ou vestido, mudou de calçada, evitou passar por certas ruas e praças, sinto dizer: você não anda livremente.


Algo está errado, e não é com você, nem com sua roupa, nem com a hora do dia ou o local que escolheu para circular. Em 2019, uma pesquisa mostrou que 71% das brasileiras conhecem alguém que já sofreu assédio no espaço urbano e 97% dizem ter sido assediadas no transporte público. (Instituto Patrícia Galvão)


E em Curitiba, como estão as coisas? Fomos conferir:

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A maior parte dos casos de importunação sexual, ato obsceno e importunação ofensiva ao pudor ocorreu de dia. Acesse o mapa na página especial Deixa a guria em paz.

 

Nos últimos dez anos, a Guarda Municipal registrou 2.131 atos relacionados a assédio:

  • 2019 foi o ano com mais ocorrências (e também o ano em que crimes contra a dignidade sexual aumentaram 45% em Curitiba, segundo as polícias Civil e Militar).
  • A grande maioria dos assédios aconteceu em dias de semana, e durante o dia.
  • Quinta e sexta-feira são os dias com mais ocorrências.
  • 76% dos casos foram registrados nos períodos da manhã e tarde.


Obviamente, o dia ou o horário nunca são justificativas para o assédio. Mas se alguém ainda insiste em pensar que a mulher é assediada quando sai à noite para se divertir, melhor conferir os dados. Risco mesmo é ir à escola, ao trabalho, levar os filhos na creche, os idosos no posto de saúde, fazer compras para a família — durante o dia.


🗺️ Estes mapas não são para dizer onde você pode ou não circular. Eles devem ser usados para ajudar os cidadãos a cobrar do poder público medidas de enfrentamento ao problema. E a cobrança pode começar por seu/sua candidato/candidata a prefeito/prefeita e vereador/vereadora.


🗣️ Nunca é demais lembrar: se você for vítima ou presenciar uma situação de assédio, denuncie na hora. Ligue para o 153, informe o local exato da ocorrência e descreva o assediador. Se estiver dentro do ônibus, além de fazer a ligação, tente avisar o motorista. Ele é orientado a parar o veículo e a manter as portas fechadas até a chegada da Guarda Municipal.


A gente vai voltar ao tema do assédio sexual de rua nas próximas colunas, com novos mapas e dados. E queremos saber: e você, leitora d’O Expresso? Já evitou ou deixou de circular pelas ruas de Curitiba? Compartilhe sua experiência conosco respondendo a esse e-mail. 

 

2. A eleição dos ausentes

Um dado interessante: a pouco mais de um mês do primeiro turno das eleições municipais, quase um terço dos eleitores de Curitiba considera deixar de votar por causa da pandemia. 😮  


Essa foi a parcela de pessoas que responderam, na última pesquisa Ibope*:

  • que estão em dúvida se vão comparecer às urnas, em função da pandemia (19%);
  • que não irão votar “de jeito nenhum”, por causa do coronavírus (8%).


Além disso, 15% dos entrevistados pretendem anular ou votar em branco para prefeito, e outros 10% ainda não escolheram um candidato. 


Serviço eleitoral: a Gazeta do Povo compilou as principais propostas dos candidatos ao Executivo. E o G1 PR fez um levantamento de promessas por área: mobilidade urbanasaúde e educação.


* O levantamento do Ibope ouviu 602 eleitores em Curitiba, entre os dias 4 e 5 de outubro. A margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no TSE sob o número PR-08260/2020.

 

3. Curtas ⚡

Ficou para depois: o início dos testes com a vacina russa contra o coronavírus no Paraná não tem data para começar. Motivo: o protocolo de vacinação, que deveria ter sido enviado à Anvisa no fim de setembro, ainda não ficou pronto. A situação da pandemia em Curitiba em detalhes está, como sempre, no nosso Monitor COVID-19 Curitiba. (Tribuna do Paraná e CBN Curitiba)
 

Calorão: 2020 deve ser o ano mais quente no Paraná nos últimos 25 anos. O chuvaréu da semana passada, aliás, não aliviou o rodízio de água em Curitiba: os reservatórios da região passaram de 28% para 29,37% de capacidade média. (BandNews FM e Gazeta do Povo)
 

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4. Passeio com segurança(s)

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O clique, numa dessas tardes de primavera no Alto da Glória, é de Estelita Carazzai.
 

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5. Pra encerrar: em bom curitibanês ⚽

“Foi uma montanha na planície. Foi impressionante, porque não havia referencial. Nenhum de nós que montamos o melhor sistema de transporte de massa da América do Sul […] tinha referencial para agir sem riscos.”

Encerramos esta edição com um depoimento dado em 1989 pelo arquiteto e urbanista Lubomir Ficinski Dunin, que faria 91 anos na semana passada. (Tabloide Digital)

O arquiteto foi um dos responsáveis pela criação da canaleta de ônibus em Curitiba e está entre os idealizadores do Parque Barigui — além de ter projetado prédios icônicos como o da antiga Telepar. (Gazeta do Povo e Prédios de Curitiba)

Ficinski morreu em 2017, aos 87 anos, ainda como um contribuidor ativo do debate sobre Curitiba. A casa onde ele viveu até os últimos dias, exemplo da arquitetura modernista na cidade, foi fotografada por Karina Tonietto.
 

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