🦠As várias Curitibas que um vírus expõe

Bom dia!

Pedimos licença mais uma vez na sua caixa de entrada, pra falar das várias Curitibas que o coronavírus ajuda a mostrar, de mulheres na ciência e do sentimento de curitibanos à deriva em meio a este isolamento.

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Nosso próximo encontro:
Terça, 28 de julho

1. Mulheres da ciência

Lembra daquele livro de passatempos sobre mulheres cientistas e o coronavírus, feito por um grupo de professoras e alunas da UFPR? Falamos dele algumas edições atrás, mas o assunto é tão legal que voltamos a ele.

📙 Pra quem não sabe, o livro tem jogos de palavras-cruzadas e caça-palavras com temas como vírus, quarentena e Fiocruz — além de desenhos para colorir que representam mulheres como as cientistas brasileiras Jaqueline Goes e Ester Sabino, responsáveis por sequenciar o genoma do novo coronavírus.

🏅 O sucesso levou o grupo a começar uma série de quebra-cabeças das mulheres do Nobel — um dos maiores prêmios concedidos a cientistas, mas que ainda tem baixíssima representatividade feminina.

“Queremos suscitar reflexões sobre os obstáculos enfrentados por nós para conquistarmos espaços sociais importantes. É fundamental o reconhecimento mais profundo sobre as histórias dessas mulheres, no sentido de ampliarmos o nosso repertório sobre grandes feitos femininos e valorizarmos aquelas que abriram caminhos para as gerações futuras”, afirmou Camila Silveira da Silva, professora do departamento de Química da UFPR, na apresentação do projeto.

A primeira perfilada é a icônica Marie Curie. O quebra-cabeça está aqui.

A propósito: a coordenadora dos testes da vacina contra o coronavírus no HC de Curitiba, aliás, é uma mulher: a professora e médica Sonia Raboni. (Gazeta do Povo)
 

2. O V do vírus

A pandemia do coronavírus (que, aliás, já fez quase 14 mil infectados e 369 mortes por aqui) chama a atenção para as várias Curitibas que existem na nossa cidade.

Já falamos aqui n’O Expresso dos bairros com mais casos do vírus e os que concentram as mortes pela doença. E, na semana passada, comentamos brevemente que a epidemia tem se deslocado do centro para a periferia da cidade, segundo esse estudo de um grupo independente de pesquisadores. (Instituto Democracia Popular)

Nesta semana, conversamos com uma das integrantes do grupo, Maria Carolina Maziviero, professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPR. E também achamos novos dados públicos: o de testes feitos nas unidades de saúde de Curitiba.

Maziviero comenta que as regiões mais vulneráveis ao vírus formam um “V da pobreza” no mapa de Curitiba. “São áreas em que as pessoas estão em maior insegurança social e, provavelmente, têm mais chance de óbito.” Dá pra ver bem o tal V na imagem abaixo:

Este mapa mostra o percentual de testes positivos para o coronavírus realizados nas unidades de saúde, por bairro. Clique aqui para ver o mapa completo.


Não por acaso, os postos de saúde com maior positividade estão na região da CICBairro Novo e Pinheirinho, com até 69% de testes positivos, segundo o último boletim epidemiológico da prefeitura. Ainda dá para ver um grande percentual de positivos em outras franjas da cidade, na região norte. 

O ‘V da pobreza’ também aparece quando analisamos os óbitos pelo coronavírus na cidade, que se concentram em bairros da região sul, como CIC, Sítio Cercado e Xaxim.

“Essas áreas são mais propícias à dispersão do vírus. Nosso objetivo com essa análise é dar subsídios ao poder público para atuar”, afirmou Maziviero. A plataforma dos pesquisadores é atualizada constantemente com novos estudos e mapas — assim como o nosso velho conhecido Monitor COVID-19 Curitiba, feito pela gente d’O Expresso.

Falando nisso:

  • Lembram da nossa reflexão sobre a mobilidade na Curitiba pós-epidemia? Pois a prefeitura está prometendo ampliar ciclofaixas e áreas exclusivas para pedestres, tal como fez no Mercado Municipal. Outras prefeituras brasileiras também estão apostando nas ciclovias como legado da pandemia. (CBN Curitiba, Banda B e Folha de S.Paulo)
  • Serviço: um aplicativo desenvolvido pelo governo do Paraná mostra quais os horários de menor movimento nos supermercados. (Tribuna do Paraná)
  • Sabe a tão falada subnotificação dos casos de COVID? Pois a secretaria da Saúde estima que mais de 50 mil pessoas já tenham sido infectadas pelo novo coronavírus em Curitiba. (CBN Curitiba)

 

3. Curtas da semana

Eleições à vista: sabia que já existem pelo menos 20 pré-candidatos à prefeitura de Curitiba? Neste ano, aliás, a votação vai ser um pouco mais tarde: o primeiro turno ficou para o dia 15/11, e o segundo, 29/11. (Tribuna do Paraná e Nexo)

Cobertor curto: o prometido fundo de R$ 10 milhões para incentivar startups de Curitiba só tem previsão de receber R$ 3,5 milhões neste ano por ora — e, mesmo assim, nenhum tostão ainda está disponível. (Plural) 

Por outro lado: uma iniciativa de empresários locais abriu um edital para apoiar 100 negócios inovadores de Curitiba com R$ 450 mil em subsídios, como espaço físico, horas de formação e consultoria. As inscrições vão até outubro. (Reviravolta Local)


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4. Torneiras fechadas

Em tempos de estiagem, um registro das únicas torneiras da cidade que têm permissão de ficarem constantemente abertas. É de uma das obras de Poty Lazzarotto, ali na Caixa D’Água do Alto da XV.

Aliás, é bom reforçar que, em entrevista recente, um diretor da Sanepar disse que as chuvas devem continuar abaixo da média no Paraná até o fim do ano — e, por causa disso, é possível que o rodízio no abastecimento de Curitiba persista por mais alguns meses. (CBN Curitiba)


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5. Pra terminar: em bom curitibanês

“Aqui e agora, no Centro de Curitiba, me sinto um capitão à deriva. […] Lá embaixo, a cidade é um oceano adormecido, falsamente pacífico. Poucas ondas, muitos náufragos.”

Encerramos a edição de hoje com um trecho (que julgamos apropriado ao momento) da obra do escritor curitibano Luís Henrique Pellanda, retirado do livro “Detetive à deriva”

A inspiração para as 68 crônicas da coletânea é a nossa cidade de Curitiba, com temas tão diversos quanto “uma família de urubus nas alturas de um prédio e um par de botas abandonado”.

A leitura vale um passeio pela cidade e seus cenários — afinal, já que não dá para sair de casa, ao menos visitemos Curitiba com a ajuda da literatura. 📚
 

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