Como não podia deixar de ser, abrimos esta edição falando novamente do status da epidemia do coronavírus aqui em Curitiba. Nesta segunda (30), eram 79 casos confirmados em Curitiba (um aumento de 61% em relação à semana passada) e 119 suspeitos. Olha o gráfico atualizado aí embaixo:

A linha azul são todos os casos confirmados, enquanto a área amarela representa os suspeitos. Você pode clicar aqui para acessar a versão interativa.
🤔 Ok. Mas o que isso quer dizer? Isso é alarmante ou não? A evolução dos casos está acelerada ou devagar? E, afinal: esta quarentena está servindo para alguma coisa?
A gente aqui d’O Expresso resolveu ir um pouco além nos dados, compilando algumas informações que podem dar algumas ideias de como Curitiba está diante de outras cidades do Brasil (Porto Alegre, São Paulo e Brasília).
Como a gente fez isso? Para começar, resolvemos não comparar os números absolutos de casos de COVID-19, mas sim a taxa de casos confirmados por 100 mil habitantes. Isso dá uma noção mais acurada da evolução da epidemia, proporcionalmente, em cada uma dessas cidades.
🗓 Além disso, tomamos como ponto de partida o “dia zero” de cada uma dessas cidades — ou seja, o dia em que se confirmou o primeiro caso de coronavírus em cada capital.
- Curitiba é uma das cidades com menos tempo de epidemia: os primeiros casos foram confirmados no dia 12 de março – o que nos leva a 17 dias de enfrentamento da doença. Em Brasília, o primeiro caso foi detectado uma semana antes; em Porto Alegre, no dia 9; e em São Paulo, no dia 26 de fevereiro.
Então, vamos à comparação:

A marca cinza indica o momento atual da epidemia em Curitiba (somos a bolinha azul), em comparação às outras cidades brasileiras. Você pode acessar o gráfico completo, em sua versão interativa, aqui.
Dá pra ver que nossa evolução de casos por 100 mil habitantes, neste momento (dia 17 da epidemia), já é mais acelerada do que foi em Brasília e em São Paulo, mas menos do que em Porto Alegre. Temos 4,1 casos por 100 mil habitantes.
A essa altura da epidemia, Brasília (em verde) registrava 3 e São Paulo (roxo), menos de 1. Já Porto Alegre (em amarelo), como dá para ver, registrou uma progressão bem mais veloz de casos desde o início da epidemia.
E as práticas de isolamento social? Até agora, o que dá para dizer é que Curitiba adotou medidas de ‘quarentena’ mais cedo do que Porto Alegre, Brasília ou São Paulo. Aqui, o decreto municipal que limitou eventos e suspendeu aulas passou a valer em 18 de março (ou dia 7 da epidemia). Em São Paulo, o isolamento oficial começou no 21º dia da epidemia na cidade; em Porto Alegre, no dia 11; e em Brasília, no dia 8.
Atualmente:
- Brasília tem 9,9 casos por 100 mil habitantes;
- Porto Alegre tem 9,7 casos por 100 mil habitantes;
- São Paulo tem 4,8 casos por 100 mil habitantes;
- Curitiba tem 4,1 casos por 100 mil habitantes.
Um contexto importante:
- Vale lembrar que o acesso e o tempo de espera pelos resultados dos testes de COVID-19 variam em cada cidade, e que, justamente por isso, vários epidemiologistas ressaltam que há subnotificação dos casos — então, o número real de infectados pode ser muito maior. (O Estado de S.Paulo)
- Um bom indicativo desta subnotificação são as internações por problemas respiratórios, que estão nove vezes mais numerosas do que a média para o mês no Brasil, segundo a Fiocruz. (G1)
- A quem quiser acessar mais dados, recomendamos o site do Lagom Data, que faz o comparativo proporcional de casos nos municípios e estados por milhão de habitantes. Segundo o jornalista Marcelo Soares, fundador do Lagom, “essa relativização ajuda a enxergar a gravidade da situação. Fortaleza e Brasília estão com taxas muito preocupantes”. Em algumas cidades do interior do país, lembra ele, os testes chegam a demorar 17 dias para ficarem prontos.
Na semana que vem, vamos comparar a situação de Curitiba a algumas metrópoles pelo mundo — como Nova York, Berlim e Milão.
Até lá, #FiqueEmCasa!