👟 Mulheres que caminham em Curitiba

Bom dia!

Mais uma terça-feira com O Expresso na sua caixa de entrada. Queremos agradecer aos leitores e leitoras pelos comentários e sugestões recebidos na última edição! É sempre bom ouvir você.

E já sabe: indique O Expresso para quem também ama Curitiba, usando o link abaixo ou os (novíssimos) botões de compartilhamento das notas via WhatsApp.

Boa leitura!

Tempo de leitura da edição de hoje:
8 minutos

Nosso próximo encontro:
Terça, 17 de março

1. Andar a pé em Curitiba, para mulheres 🚺

A gente vive falando aqui n’O Expresso sobre os desafios de caminhar em Curitiba. E, na semana que sucede o Dia Internacional da Mulher, resolvemos abordar o tema sob outro viés: é mais difícil para uma mulher caminhar sozinha pela cidade?

A resposta, infelizmente, parece ser que sim: uma pesquisa divulgada pelo Instituto Sivis nos últimos dias mostra que 73% das mulheres curitibanas têm medo de andar sozinhas pelas ruas, principalmente à noite. 

🚹 Em contraste: apenas 11,7% dos homens da cidade disseram sentir o mesmo.

“[A ideia é] produzir o próprio alimento próximo de casa, arrumar tempero. E não só alimento para o corpo, mas para o espírito. Comida não é só comida; comida é diversão, cultura, arte.”

✍ Depoimento: na hora, a gente lembrou da história da jornalista curitibana Magaléa Mazziotti, de 40 anos, que há quatro adotou os pés como seu principal meio de transporte. Eram caminhadas diárias de 40 minutos, uma hora, até duas horas. 

Infelizmente, ela passou por algumas situações de violência e, desde o ano passado, quando começou a trabalhar em casa, reduziu o ritmo das pernadas — mas continua a defender o pé como modal. Leia abaixo um trecho do depoimento dela:

O meu antídoto contra o medo de ter nos próprios pés o meu principal modal sempre foi o exercício do direito de ir e vir. Considero um ultraje não poder fazer algo tão natural quanto caminhar porque você pode sofrer uma violência — e, de fato, isso ocorre e aconteceu algumas vezes comigo. 

Na época, minha reação foi intensificar a minha decisão. Quanto mais pessoas aderirem a isso, mais seguro fica o ambiente para todos.

Entre 2016 e 2018, elevei radicalmente a militância por ir a pé em qualquer lugar. Não havia limite de horário. Podia ser dia, noite ou madrugada. Meu limite era até duas horas de caminhada para chegar ao compromisso. São múltiplos os benefícios de ter uma rotina em que a caminhada é o seu modal: eu vivia feliz e autoconfiante. Não é por acaso que  diversas religiões valorizam a peregrinação como instrumento de transformação.

  • Ela também deu algumas dicas de segurança: saiba exatamente qual o seu limite, inclusive no sentido de administrar uma abordagem de assalto. A repetição torna a pessoa mais atenta aos pontos em que alguém pode surgir, como caçambas e muretas de prédios. Outra dica valiosa: procure caminhar na direção contrária a da rua em que se está. Por duas vezes, motos invadiram a calçada onde eu caminhava, para arrancar minha bolsa e para me derrubarem com o objetivo de revirar a minha mochila de trabalho. Aliás, quem adere à caminhada como modal precisa entender que celular deve ficar escondido na bolsa. Do contrário, a pessoa vira alvo.
🗣 E você, leitora? Também caminha a pé por Curitiba? Já se sentiu alvo nas ruas apenas por ser mulher? Saiba que não está sozinha — e que, juntas, somos mais fortes.
 

2. O Expresso na História: um macarrão curitibano

Na terceira edição da coluna de reminiscências sobre as principais indústrias de Curitiba, o nosso parceiro e jornalista Diego Antonelli fala sobre a Todeschini, a fábrica de macarrão “sublime” que ficava na Av. Sete de Setembro, esquina com a Bento Viana, ali no Batel. Conta mais, Diego:
 

8c7533f0-3102-4587-a07c-7b50ee200836.jpg

Crédito: Fundação Cultural de Curitiba/Curitiba Antiga

🛳 Aos 26 anos de idade, o italiano Giuseppe Todeschini decidiu atravessar o Atlântico com destino ao Brasil. Natural da província de Verona, ele chegou ao país em 1877, onde construiu uma grande indústria alimentícia que marcou a vida de gerações de brasileiros.

Quando tudo começou: em 1880, depois de anos trabalhando na construção de casas e juntando recursos, Giuseppe comprou um lote na atual Avenida Sete de Setembro. Foi ali que o italiano começou a botar seu sonho na prática: montou a primeira indústria de macarrão do sul do Brasil. Segundo o pesquisador Lúcio Borges, as primeiras máquinas usadas para fabricar o macarrão foram projetadas e construídas pelo próprio Giuseppe. 

🍝 A empresa surgiu com o nome “Fábrica di Paste Alimenticie”. Mas era modesta: tinha apenas seis funcionários, e a produção era feita na casa de Giuseppe. Havia resistência de parte da população contra alimentos industrializados ou pré-preparados. O comum era as pessoas produzirem suas próprias comidas.

O que o empreendedor italiano fez? Apostou na simpatia. Giuseppe chegava a ensinar a maneira de cozinhar a massa e até como enrolá-la no garfo. Não raro, ele próprio comia a macarronada acompanhado de algum freguês. 

🏭 fábrica em si, em plena Avenida Sete de Setembro, surgiu em 1906, com a construção de um chalé de dois andares, de tijolos. A indústria passou a se chamar “José Todeschini & Filhos” — Giuseppe teve oito filhos e três filhas, que tocaram a empresa após a morte do pai, em agosto de 1922. A produção de macarrão se consolidou, ganhou o Brasil e avançou para o ramo de balas e depois, biscoitos, com atuação nacional.
 

5c3a8772-f986-4a43-95d6-fd20f92098e5.jpg

Crédito: Levy Leiloeiro
 

Mudanças: Na década de 1970, a indústria saiu das instalações originais e migrou para o bairro Pinheirinho. A empresa continuou com a família até começar a enfrentar dificuldades financeiras, de gestão e mais concorrência, a partir dos anos 2000. Em 2006, a saída encontrada para não fechar as portas foi uma parceria com a Imcopa, processadora de óleo e farelo de soja com sede em Araucária. Mas, em 2013, a crise foi irreversível e a centenária empresa fechou as portas

Curiosidades:

  • terreno da antiga fábrica da Todeschini, na Sete de Setembro, abriga hoje um condomínio residencial — mas, nos anos 1990, foi sede do Shopping Todeschini. Quem aí se lembra?
  • Em 2017, a marca Todeschini voltou às gôndolas de supermercado: a indústria paulista Selmi, fabricante dos produtos Galo e Renata, licenciou a marca curitibana e começou a produzir massas e biscoitos com a embalagem Todeschini.
 

3. Curtas da semana

Inscrições abertas: a UFPR (Universidade Federal do Paraná) e o Sebrae/PR recebem até sábado (14) inscrições para o Programa de Pré-Incubação Garage UFPR. Os vencedores receberão mentoria, oficinas e consultoria gratuitamente por quatro meses, e terão a oportunidade de apresentar suas ideias para investidores. Serão selecionadas ideias de negócio consistentes, com uma seleção especial para quem tiver projetos em agronegócio. Inscrições aqui. (UFPR)

Falsa segurança: em tempos de coronavírus, o preço das máscaras cirúrgicas nas farmácias de Curitiba aumentou 500%. Antes, uma caixa com 50 unidades custava R$ 10. Hoje, sai a até R$ 49,90. Vale lembrar que de nada adianta: as máscaras não são recomendadas no combate ao vírus, a não ser para profissionais de saúde que têm contato direto com pacientes infectados. (Plural e Folha de S.Paulo)


Acesse esta nota avulsa

Ou envie por WhatsApp >>

4. O registro do registro

f5d5ca1c-61e0-4eb7-b7c1-798d540aee4b.jpg

Uma pausa para apreciar este trabalho (feito por Thiago Bueno Salcedo) que acontece quase que silenciosamente pelas ruas da cidade: o pessoal do Urban Sketchers Curitiba cria esses belos registros por onde passa. A iniciativa faz parte de um movimento global, que já acontece em mais de 20 países. 

Em Curitiba, ainda dá para conferir a exposição exclusiva no hall térreo da Biblioteca Pública do Paraná – como parte da comemoração do aniversário de 163 anos da instituição.
 

5. Pra fechar: em bom curitibanês

“É bom que essa geração de hoje tenha consciência do que era o radioteatro: eram histórias em que o espectador só imaginava o que estava acontecendo, por meio das inflexões de voz, da sonoplastia. O resto era imaginação.”

Esse é Sinval Martins, ator e astro de radionovelas paranaenses nos anos 1950, além de publicitário das lendárias lojas Hermes Macedo — ele faleceu nesta segunda (9), aos 86 anos. O mineiro que passou a infância no interior do Paraná veio a Curitiba para estudar, aos 17 anos, e nunca mais deixou a cidade.

As aspas dessa semana vieram de uma entrevista concedida ao jornalista José Wille, que mantém um precioso registro da memória curitibana e paranaense em seu site.
 

COMPARTILHE ESTA EDIÇÃO

Compartilhar no email
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no print

Sobre

O Expresso é um boletim de notícias locais sobre Curitiba enviado todas as segundas e sextas-feiras por e-mail. Assine!

2019 © O EXPRESSO TODOS OS DIREITOS RESERVADOS