Na semana passada, O Expresso esteve no Fórum Sistema de Transporte Coletivo, um dia de debates promovido pelo Setransp (Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba) para discutir o futuro do nosso tão falado busão curitibano.
Todo mundo reconheceu que Curitiba, que ficou conhecida como modelo mundial em transporte público, agora está correndo atrás do prejuízo, enquanto enfrenta uma constante queda de passageiros.
Por quê? A concorrência com os apps de transporte, o preço da passagem, o aumento da taxa de desemprego e a falta de segurança foram alguns dos motivos apontados durante o evento como razões para a queda.
Uma provocação: no meio do evento, Luiz Gustavo Comeli, professor da FAE e gestor do Distrito CWB, perguntou aos presentes: “Quem aqui veio de ônibus?” Entre cerca de 150 pessoas, a maioria executivos das empresas de ônibus, apenas cinco levantaram a mão. “E quem tem cartão-transporte?”, questionou. Pouco menos de 15 pessoas.
E agora? “A nossa meta é passar Bogotá. Se eles nos copiaram, podemos copiá-los e melhorar ainda mais”, disse Maurício Gulin, presidente do Setransp — no que nos pareceu um objetivo um pouco melancólico, vindo da cidade que já foi referência mundial em transporte público.
O que pode ser solução:
- Bilhetagem eletrônica: permite pagar o ônibus de novos jeitos, como no cartão de débito ou por meio de um aplicativo de celular. O novo sistema deve virar realidade em seis meses, prometeu a Urbs (Metro Curitiba);
- Novas formas de receita: os empresários defendem que se faça publicidade na plotagem dos ônibus, por exemplo, ou outras parcerias comerciais;
- Redesenho das linhas: a sugestão é do professor Cassius Scarpin, da UFPR. Ele, que vem estudando o tema há anos, defende que o percurso das linhas pode ser repensado com base em dados de origem-destino, que podem ser obtidos em tempo real, com geolocalização — para tornar os trajetos mais economicamente viáveis e atender melhor às necessidades da população;
- Modernização dos contratos: essa proposta é da Urbs, que defende medidas como instituir o leasing de ônibus, em vez de obrigar as empresas a terem frota própria, e a própria bilhetagem eletrônica.
Em resumo: “Não use gordura velha pra fritar polenta”. Ou, nas palavras do prefeito, não tenham medo de inovar. A frase, segundo Greca afirmou no evento, é da matriarca Flora Madalosso, do famoso restaurante de Santa Felicidade.
O que você acha, leitor? Pode funcionar? Há luz no fim do túnel? Você ainda pega ônibus em Curitiba, ou já desistiu? Conta pra nós aqui no oi@oexpresso.curitiba.br
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