Na semana que passou, o sistema de ônibus de Curitiba, mais conhecido pelas canaletas e biarticulados, completou 45 anos de existência. Em 22 de setembro de 1974, um domingo, o primeiro Expresso, que já era vermelhinho, circulou pela primeira vez.

Tempo vai, tempo vem, o sistema foi copiado pelo mundo e ficou conhecido como BRT (Bus Rapid Transit). Ele deixou seu legado — mas (ainda) enfrenta limitações.
A gente conversou com o engenheiro Ivo Reck Neto, especialista em transporte e mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento, pra fazer um balanço desses 45 anos.
O segredo do sucesso:
– Vias exclusivas para ônibus, ou, em curitibanês, canaletas (diminuíram o tempo de viagem e aumentaram a velocidade dos veículos);
– Embarque no mesmo nível do ônibus (parece bobagem, mas reduz o tempo de embarque do usuário, o que agiliza a experiência para todo mundo);
– Pagamento antecipado da tarifa, no tubo ou no terminal (também reduz o tempo de embarque);
– Implantação em vias estruturais da cidade, que se desenvolveram junto com o transporte público;
– Custo bem menor do que um metrô (não por acaso, o sistema foi copiado em várias cidades da América Latina, como Santiago e Bogotá);
– Integração entre terminais e com a região metropolitana (até uns anos atrás, pelo menos).
Mas… Apesar da fama, o sistema ficou “parado no tempo”, segundo o engenheiro. Não por acaso, vem caindo o número de passageiros dos ônibus de Curitiba — o que coloca em dúvida o título de ‘modelo’.
O que é que está faltando:
– Integração com outros modais de transporte, como bicicletas, VLTs ou patinetes;
– Integração temporal, ou transformar Curitiba em um grande terminal, com um bilhete que permita pegar vários ônibus em um determinado intervalo de tempo (algo que já existe em cidades como São Paulo, por exemplo);
– Bilhete único, com pagamento de valor fixo mensal, semanal ou diário;
– Frota elétrica em peso, algo que foi só ensaiado com a chegada dos hibribus;
– Novas formas de pagamento: no Rio e em São Paulo, por exemplo, o usuário já pode pagar pelo transporte direto no cartão de débito, só encostando o cartão na catraca;
– Conexão com a região metropolitana, igual antigamente, ao preço de uma mesma passagem.
Pra não dizer que só vemos o copo meio vazio, tivemos alguns avanços recentes:
– Tarifa menor fora do horário de pico, de que já falamos aqui n’O Expresso;
– Novas faixas exclusivas para ônibus, como as que devem ser implantadas no Inter 2;
– Renovação da frota, que estava pra lá de velhinha (o que é mais uma correção do que um avanço, propriamente).
Pra saber mais: vai rolar um workshop nesta quinta (26) sobre mobilidade urbana, de graça, aqui em Curitiba. Será a partir das 9h, até o final do dia. É só chegar. O evento é promovido pela APEAM (Associação Paranaense dos Engenheiros Ambientais), em parceria com o CREA-PR.
E você, o que acha? Conta pra nós sua experiência e opinião sobre os ônibus de Curitiba (que são até assunto de bar na capital)! É só responder a este e-mail. 
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