Pra terminar: em bom curitibanês

“As pessoas vêm para o teatro e, depois que terminam os espetáculos, elas ficam no saguão. Não vão embora. Era uma ansiedade muito grande de voltar”.

Terminamos nossa edição com Cleverson Cavalheiro, diretor-presidente do Teatro Guaíra, comentando sobre o retorno dos espetáculos presenciais na cidade no início deste ano.

“Eu tenho 36 anos de Guaíra e nunca tinha visto algo assim”, contou, em entrevista ao programa É de Curitiba, da rádio Educativa. “Está sendo um retorno muito impactante.”

Nas últimas semanas, a cidade felizmente viveu a retomada das apresentações presenciais e do Festival de Curitiba – e haja shows e espetáculos pela frente. (CuritibaCult e Fundação Cultural de Curitiba)

Tome a sua dose de reforço e aproveite para curtir a agenda cultural da cidade 🙂

Uma excelente semana pra você!

Curtas ⚡

Responsabilidade no trânsito: Em Curitiba, as pessoas usam mais cinto do que no resto do país. A adesão ao cinto no banco de trás chega a quase 80% na capital paranaense, contra 50% no Brasil, de acordo com dados do IBGE. No banco da frente, o número de adeptos chega a 95,5% em Curitiba. (BandNews FM)

Fim das estações-tubo? Continua aberta a licitação para a implantação de um possível novo modelo de estação para o Inter II. A ‘estação-prisma’, de formato retangular, pretende integrar bicicletas, táxis e carros de aplicativo – mas está prevista para apenas 12 paradas na cidade. (Prefeitura)

Uma possível fábrica de vacina: a Fundação Oswaldo Cruz pretende investir R$ 100 milhões na instalação de uma fábrica de vacinas e medicações contra doenças autoimunes, como o câncer, em Curitiba. Seria a primeira fábrica do gênero no Brasil, a ser instalada na CIC. Não há previsão para a conclusão do investimento, porém. (Tribuna do Paraná)

Catadores, os protagonistas da reciclagem em Curitiba ♻️

Texto e apuração: João Frey | Edição: Estelita Carazzai

Desde que a Família Folhas voltou (e que aquele refrãozinho do Se-pa-re! não sai da nossa cabeça), ficamos pensando aqui n’O Expresso em retomar um desejo antigo de falar sobre a coleta de recicláveis em Curitiba.

E o que descobrimos é que, se a cidade quer manter vivo esse espírito de orgulho pela reciclagem, deve agradecer e valorizar o trabalho dos catadores informais: atualmente, os catadores coletam cerca de 86% do material reciclável de Curitiba. 😱

Os dados são da prefeitura de Curitiba, que realizou duas grandes pesquisas de campo, uma em 1990 e outra em 2017 – a partir delas, o município fez projeções para os outros anos. 

🛒 No gráfico aí de baixo, dá pra ver bem a curva ascendente da coleta pelos catadores – cujos volumes estão bem acima da coleta formal de recicláveis (aquela do caminhão com o sininho, contratada pela prefeitura).

Em verde, a coleta seletiva feita pelos catadores, e em azul, a oficial do caminhão do sininho. Veja o gráfico completo aqui.

👉 Alguns destaques:

  • Ao longo dos últimos 30 anos, nosso índice de reciclagem cresceu um pouquinho. Em 2020, Curitiba reciclou 22% do seu lixo. Em 1990, essa taxa era de 21%. A título de comparação, em São Paulo, o percentual é de 7%; em Porto Alegre, de 4,5%; e em Belo Horizonte, de 18%. (G1, Zero Hora e BH Verde)
  • A meta da prefeitura é chegar a 30% – o que faria o mercado de recicláveis de Curitiba movimentar R$ 44,2 milhões por ano na cidade com a venda desses materiais, segundo a estimativa oficial. É mais do que a cidade gera com agropecuária, por exemplo (cerca de R$ 13 milhões por ano, segundo os dados mais recentes do IBGE).

O curitibano também passou a produzir mais lixo. Em 1990, cada morador gerava 170 kg de resíduos por ano. Hoje, são quase 310 kg – um aumento de 82%! 

🗑️ Para dar conta de tanto lixo a mais, o mercado informal de catadores aumentou muito sua produtividade: em 1990, a prefeitura estimava que mil catadores saíam diariamente para trabalhar na cidade. Em 2020, esse número foi de 1.435 – um aumento de 43%, mas bem abaixo do salto de 161% na quantidade de recicláveis coletados.

  • A explicação, segundo a prefeitura, está no uso de veículos motorizados, que não eram tão comuns na década de 1990. Cerca de metade da coleta informal de recicláveis de Curitiba é feita com kombis, pampas e outros veículos, segundo mostrou uma pesquisa feita pela prefeitura em 2017.

Para onde vai o lixo reciclável? O material coletado informalmente pelos catadores é vendido diretamente para compradores privados, sem o intermédio da prefeitura.

Já o material coletado pelo caminhão do Lixo que Não é Lixo é destinado aos 40 barracões de triagem contratados pela prefeitura pelo projeto EcoCidadão. Nesse caso, o município paga pela triagem do material e, posteriormente, as cooperativas que administram esses barracões revendem os resíduos também a compradores privados.

O que a prefeitura acha disso: O município não vê problema no aumento do índice de coleta pelos catadores. Pelo contrário. “Nós induzimos a população, empresas, supermercados e comércios a doarem o material para os coletores. Queremos desviar esse material de aterro. Queremos que tenha circularidade, que volte para a cadeia”, contou ao Expresso Edelcio Marques dos Reis, diretor do Departamento de Limpeza Pública da Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba.

  • Ou seja, a prefeitura está focada no resultado final, que é impedir materiais recicláveis de chegarem aos aterros sanitários e serem tratados como lixo comum. Quem vai levar esses resíduos das ruas até as cooperativas ou ao mercado privado para serem reciclados e revendidos no mercado, importa menos.

Como a prefeitura pode ajudar os catadores: conversamos também com o Carlos Alencastro Cavalcanti, representante do Paraná na Coordenação Nacional do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis. Ele listou para nós as principais demandas dos catadores para a prefeitura:

  1. Contratos entre o poder público e os catadores com precificação adequada;
  2. Capacitar os catadores para gestão e gerenciamento de resíduos e gestão de seus empreendimentos;
  3. Fortalecer o associativismo e o cooperativismo, por meio de programas de desenvolvimento da economia solidária;
  4. Promover a educação ambiental para a população com a participação de catadores e catadoras, com remuneração prevista em contratos.

E como nós podemos ajudar os catadores? Sim, tem como – e muito. No papo que tivemos com o Edelcio, da prefeitura, ele contou que muitos rejeitos (como lixo de banheiro, bituca de cigarro, materiais adesivos e guardanapos) estão indo para os galpões junto com os recicláveis. Ou seja, estamos separando mal. Em Curitiba, esse índice de rejeitos já chegou a 10%, mas hoje estamos na faixa dos 30%. O que dá para fazer:

  1. Separar os resíduos adequadamente, em pelo menos três partes: recicláveis, orgânicos/úmidos, e rejeitos;
  2. Romper as barreiras de preconceitos;
  3. Visitar os empreendimentos de reciclagem e, se possível, destinar a eles os recicláveis. Veja aqui os endereços de todos os barracões;
  4. Realizar trabalhos voluntários para ajudar os catadores.

Pra terminar: em bom curitibanês

“Loucura é fingir que não nos desestruturamos nunca.”

Terminamos esta edição com Isabella Lanave, uma fotógrafa de talento incrível que lançou há poucas semanas um livro em que retrata pessoas neurodiversas, abordando com sensibilidade ímpar o tema da saúde mental.

Nesta entrevista, a artista diz que a busca começou a partir de sua relação com a própria mãe, diagnosticada com bipolaridade. “Quando eu pude conhecer minha mãe com minhas próprias impressões e sentidos, descobri a importância de levá-la a sério. Levá-la a sério é também levar meus sentimentos a sério, aprender a ouvir o corpo, a conversar com a própria mente”, disse ao Plural.

Vale dar uma explorada nos processos do livro, e conhecer mais o trabalho da fotógrafa.

Radares para quê? 🚘

Edição: Estelita Carazzai | Dados e visualização: Brenda Niewierowski e Gustavo Panacioni

Está na boca do povo (pelo menos, do povo que dirige) o comentário sobre a quantidade de novos radares em Curitiba. Desde o início do novo contrato, cerca de um ano atrás, já foram instalados pelo menos 150 radares pela cidade, e em breve chegaremos a 200. (Tribuna do Paraná)

Mas, radares para quê? Hoje queremos conversar com você, leitor, sobre como os radares podem ser um instrumento para melhorar a segurança no trânsito – seja de motoristas, pedestres ou ciclistas. 

👉 A gente resolveu comparar o mapa dos atuais radares, disponível no portal de trânsito da Prefeitura, com as ruas com mais acidentes de trânsito em Curitiba, que já mostramos há algumas edições. Afinal, será que nos cruzamentos mais perigosos da cidade é onde está a fiscalização?

O resultado foi o mapa abaixo – que compara as 15 ruas de Curitiba com mais acidentes em 2021 com os atuais radares (em verde) e lombadas eletrônicas (em vermelho).

Em Curitiba, os radares (em verde) se concentram na região central e nas vias de escoamento para os bairros. A maior parte das ruas com mais acidentes, marcadas em laranja, também tem equipamentos de fiscalização. Acesse o mapa completo aqui.

👀 O que salta aos olhos:

  • A maioria das ruas mais perigosas de Curitiba tem radares. Entre as cinco vias com mais acidentes, todas têm radares. São, em média, três pontos de radares por avenida.
  • As exceções ficam com a Av. Juscelino Kubistchek (que, segundo a prefeitura, passará por obras e deve receber radares em breve) e a Avenida Victor Ferreira do Amaral (cujos radares estão em etapa de implementação).
  • Ainda falta fiscalização em ruas como a Izaac Ferreira da Cruz, no Sítio Cercado, que entrou recentemente para a lista de mais perigosas, e a Manoel Ribas, no caminho de Santa Felicidade, que não recebeu radares novos (pelo menos por enquanto).
  • Também se destacam no mapa dos radares as vias rápidas (a do Portão e a do Mossunguê estão cheias de pontinhos verdes) e a Linha Verde. Há uma explicação: elas são as ruas com maior limite de velocidade em Curitiba, de 60 e 70 km/h.
  • Dá para perceber que a velha lombada eletrônica, um equipamento com DNA curitibano e que foi sinônimo de educação no trânsito por muitos anos, está muito mais presente nas bordas da cidade. A prefeitura ainda estuda voltar a implementá-las com mais força após a instalação completa dos radares (Tribuna do Paraná).


Qual é o critério para a instalação de um radar?
“Os radares não são cabíveis e pertinentes para todos os pontos críticos da cidade”, disse Gustavo Garrett, gerente de programas de segurança viária do Setran, ao Expresso. O que determina o local de instalação de um radar é, além do risco de acidentes, a geometria da via: se é uma rua com curva, inclinação ou uma área de pouca visibilidade, a chance de se instalar um radar aumenta, já que ele será um instrumento importante para controlar o fluxo e a velocidade no trecho.

E afinal, aumentou o número de radares na cidade?
Sim. Se antes da nova licitação, cerca de 600 faixas de trânsito em Curitiba eram monitoradas, agora, serão 800 – um aumento de cerca de 30%. Na contagem feita pelo Expresso, baseada no mapa da Setran, pelo menos 150 equipamentos já estão operando, e outros ainda serão instalados até a metade do ano.

É um caça-níquel?
Virou notícia o fato de que Curitiba arrecadou R$ 119 milhões com multas em 2021. Mas o que poucos comentam é que esse valor, além de englobar as infrações anotadas por agentes de trânsito (e não só as dos radares), também soma as multas de 2020 cujo pagamento foi postergado em função da pandemia. (BandNews Curitiba)

  • Mais que isso, por lei, os valores arrecadados com multas no país devem voltar para o trânsito, sendo destinados a ações de sinalização, educação e engenharia de tráfego – ainda que, graças a uma emenda constitucional de 2016, 30% deles possam ser destinados a outras finalidades, até dezembro de 2023.


Por fim, são vários os estudos que demonstram uma clara associação entre o uso de radares e a redução dos acidentes no trânsito – como este, dos Estados Unidos, que mostrou que cidades com radares em sinais vermelhos têm 24% menos acidentes, e este, que afirma que, para cada aumento de 1% na velocidade, há um aumento de 4% nos acidentes fatais. Nesta reportagem, especialistas destacam que a fiscalização é fundamental para a segurança no trânsito, associada à educação e à engenharia de tráfego inteligente. (Folha de S.Paulo e WRI Brasil)

🗣️ E você, leitor? O que acha dos radares pelas nossas ruas? Converse conosco pelo oi@oexpresso.curitiba.br 

Curtas ⚡

Doe para quem precisa: Se você é pessoa física e tem imposto de renda a declarar, é possível doar até 3% deste valor para diferentes projetos, mantidos por instituições privadas ou pelo poder público. Já estão com campanhas abertas o Instituto Beija-Flor, o Hospital Pequeno Príncipe, o Erasto Gaertner, a Santa Casa, a Pastoral da Criança e a APAE, entre outras instituições. Neste ano, a declaração vai até dia 31 de maio. (InfoMoney)

Bicicletas para alugar: está em fase final de elaboração uma concorrência que pretende instalar o serviço de aluguel de bicicletas com estações fixas em Curitiba – aos moldes do que já existe em São Paulo e no Rio. Uma potencial concorrente promete entre 400 e 500 bikes na cidade. (Gazeta do Povo)

Curtas ⚡

Vacina no braço: 80% da população já está vacinada com pelo menos duas doses contra o coronavírus em Curitiba, como mostra o nosso Monitor COVID-19 Curitiba. Quem já foi convocado para tomar outra dose e ainda não apareceu pode aproveitar a repescagem, que agora é permanente. A vacina pode ser aplicada em 11 postos de saúde na cidade. (Prefeitura de Curitiba)

Chegou o 5G: chegaram na cidade as primeiras antenas 5G (instaladas na região do Parque Barigui e do Palácio Iguaçu), que prometem entregar uma velocidade 20 vezes maior do que a 4G. Para os demais bairros, o sinal deve chegar apenas a partir de junho. (Tribuna do Paraná)

Comida mais cara: Curitiba teve o segundo maior aumento, entre as capitais, no preço da cesta básica em março. Segundo o Dieese, a cidade tem a 8ª cesta mais cara do país, chegando a custar mais de R$ 700. Entre os produtos que mais aumentaram no nosso bolso, estão o feijão, o óleo de soja e o pão francês. (BandNews FM)