Andando a pé por Curitiba 🚶

Você já tentou imaginar até onde iria numa caminhada de 10 minutos, a partir de sua casa? E em 20 minutos a pé, aonde dá para chegar? A gente aposta: mais longe do que você imagina.

Hoje, vamos tentar responder a essa pergunta com um pouquinho de programação 💻 🤓 A super Caroline Attilio, nossa analista de dados, aplicou um algoritmo do Google no mapa de Curitiba, e desenhou anéis de caminhadas a partir do Marco Zero da cidade – a Praça Tiradentes.

Algumas das descobertas:

  • Em apenas 10 min de caminhada a partir do centro, dá para percorrer boa parte do bairro, visitar o Passeio Público, atravessar a Praça Osório ou pegar um ônibus para qualquer ponto da cidade na Rui Barbosa;
  • Em 20 min, já se pode chegar tranquilamente aos bairros do Mercês, Rebouças, Água Verde, Alto da Glória ou Centro Cívico – tudo a pé;
  • Em uma hora a pé, dá para ir do centro ao Parque São Lourenço, ao aeroporto do Bacacheri ou ao comecinho do Parque Tingui. Mais ao sul, dá para chegar até o Hauer, na altura da Linha Verde, ou aos bairros do Portão e Guaíra; e a leste, atravessar todo o Jardim Botânico ou ir até o Jockey, no Tarumã.


Em resumo: nossos pés conseguem nos levar mais longe do que a gente imagina.

  • Porém… apenas 23% das viagens diárias feitas pelos curitibanos são a pé. A grande maioria (46%) é feita de carro. (IPPUC)


E o que é preciso para incentivar a caminhabilidade por Curitiba? Este relatório superinteressante do Sampapé, feito em 2019 e que analisou alguns trechos de calçadas de Curitiba, aponta alguns caminhos:

  • Alargamento das calçadas, com uso de pavimentos adequados;
  • Sinalização nas calçadas, apontando localização e caminhos a serem percorridos a pé;
  • Iluminar as ruas para os pedestres;
  • Estimular fachadas ativas – ou seja, com comércios que desembocam diretamente na rua, ou com espaços com plena visibilidade para o pedestre;
  • Diminuir a velocidade nas ruas (algo que já está acontecendo).


📣 E você, leitor? O que sugere para Curitiba ser mais caminhável? Manda para a gente no oi@oexpresso.curitiba.br 

Pra terminar: em bom curitibanês

“Eu precisei buscar uma formação cultural ‘na marra’, na ‘unha’. Morava quase do lado da Biblioteca Pública do Paraná e ia lá praticamente todos os dias. Foi minha sala de aula.”

Terminamos a edição de hoje com Alexandre Nero, ator, músico e curitibano, que celebrou aniversário na semana que passou. Em uma entrevista à Revista Cândido, o artista falou sobre suas referências musicais e literárias – e tem muito curitibano na lista.

“A grande maioria dos livros da minha coleção é de autores da cidade ou nacionais”. Entram no rol os clássicos Paulo Leminski, Dalton Trevisan e Cristóvão Tezza, mas também Manoel Carlos Karam, Ricardo Corona, Luiz Felipe Leprevost, Alexandre França e Marcelo Sandmann.

Vale lembrar que a Biblioteca Pública do Paraná, citada por Nero, reabriu o atendimento presencial no início do ano. Uma boa oportunidade para atualizar as leituras de autores locais 📚

Uma ótima semana!

Os grafites que amamos: um mapa da arte urbana em Curitiba 🗺️

Já que estamos falando em andar a pé, vamos aproveitar a ocasião para reinaugurar a série de mapas “Lugares que amamos”. Já publicamos um mapa das árvores da cidade, das obras do Poty e, agora, é a vez da arte urbana de Curitiba.

Nos círculos, alguns exemplares de arte urbana em Curitiba. Clique para ver o mapa completo.

Por enquanto, dá para conferir mais de 20 grafites, do Bigorrilho ao Jardim Botânico – a maioria absoluta no centro. Mas a lista ainda é pequena perto da quantidade de artes que temos pelas ruas. Por isso, a ideia é fazer o mapa crescer nas próximas semanas.

  • Esta reportagem, aliás, apresenta dez grafiteiros de Curitiba que valem ser conhecidos e celebrados. E aqui, uma reflexão sobre o trabalho da arte urbana na cidade. Alguns deles estão no nosso mapa! (Plural)


📝 Quer ajudar O Expresso nesse mapeamento? Tem algum painel ou pintura importante que não está incluída aqui? Manda para a gente no oi@oexpresso.curitiba.br

Curtas ⚡

Visita ao MON: o Museu Oscar Niemeyer está com novas exibições. Uma delas exibe reproduções do genial Leonardo da Vinci, dando destaque aos seus talentos de inventor e engenheiro (em cartaz até maio). A outra celebra a arquitetura e o urbanismo de Curitiba, numa exposição idealizada por um escritório da cidade. (Plural e Revista Projeto)

De volta ao teatro: começaram ontem as vendas de ingressos para o Festival de Curitiba, que terá sua primeira edição presencial após dois anos de pausa pandêmica. Já tem atração com ingresso esgotado. Corre! (Plural e Bem Paraná)

Energia solar à vista: foi assinada nesta semana a ordem de serviço para o início das obras da “Pirâmide Solar do Caximba”, uma usina de energia solar que deve ajudar a abastecer a cidade e tornar mais renovável a matriz energética de Curitiba. O prazo para o início da geração de energia é de um ano. (BandNews FM e Prefeitura)

Direto aos pontos

Ilustração de alguns dos principais marcos da nossa cidade. Feita pela nossa leitora (e ilustradora) Mariana Karas, que gentilmente cedeu a arte para publicarmos aqui no O Expresso. Obrigado, Mariana!

Pra terminar: em bom curitibanês

A família de uma criança atípica deixa de viver o ordinário e passa a viver o extraordinário. E isso é um presente, porque a gente passa a viver tudo de forma singular, aproveitando cada dia como se fosse o último. A nossa filha não é a síndrome. Diagnóstico não é destino.

O relato é da curitibana e mãe Pérola Sanfelice, neste depoimento para a revista piauí. Junto com o marido, Pérola luta pelo fácil e gratuito acesso a medicamentos derivados da cannabis depois de vivenciar a burocracia para promover o bem-estar da própria filha, Pétala, diagnosticada com a rara Síndrome de Rett.

Em trâmite na Assembleia Legislativa do Paraná, a Lei Pétala permite que pais de crianças excepcionais não precisem requerer medicamentos à base de cannabis via ação judicial.

“A nossa vida com ela é singular, rara e especial. Graças aos óleos de canabidiol, ela tem tido mais qualidade de vida. Queremos isso para todos”, disse a mãe.

Que vejamos a vida sempre de forma excepcional.

Uma boa semana!

Curtas ⚡

Universidades vacinadas: as aulas voltaram ontem e de forma presencial na UFPR e na UTFPR. Para ambas é obrigatório o uso de máscaras e a comprovação do esquema vacinal. (Plural e G1)

Rumo ao elétrico: a Volvo, uma das indústrias mais longevas da cidade, anunciou um investimento de R$ 1,5 bilhão para a produção de caminhões e ônibus (inclusive elétricos) na fábrica de Curitiba, até 2025. Serão os primeiros veículos elétricos produzidos nacionalmente pela empresa. (Valor e Inside EVs)

Cinema modernista: neste fim de semana, tem evento em celebração à Semana de Arte Moderna de 2022, que completa cem anos. “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, “Macunaíma” e “O Capeta Carybé” serão alguns dos títulos exibidos pela Cinemateca de Curitiba, entre sexta e domingo. (BandNews FM)

Expresso da História: a primeira sede da prefeitura 🏫

Hoje é dia da primeira coluna do ano do nosso querido colunista Diego Antonelli, que tem revelado a história de prédios icônicos de Curitiba. Hoje, ele fala do edifício que abrigou a primeira sede da Prefeitura:

Por mais de 200 anos, Curitiba conviveu com uma administração pública itinerante e sem sede própria. Desde sua fundação, em 1693, até o início do século XIX, a prefeitura e a Câmara de Vereadores chegaram a funcionar em salões de igrejas e até a dividir espaço com a cadeia pública.

  • Em algumas sessões, os vereadores eram obrigados a usar guarda-chuvas devido às goteiras persistentes em alguns desses espaços improvisados.

👀 Hoje, isso pode parecer estranho, mas era uma prática comum na época. Tanto que Curitiba foi considerada uma das pioneiras no Brasil a constituir uma sede própria para a sua prefeitura – exatos 223 anos depois de sua fundação, com a inauguração do Paço da Liberdade, em 1916.

A construção: A vontade de construir uma sede própria era antiga, mas nunca havia dinheiro suficiente. Foi assim até o engenheiro Cândido de Abreu assumir o cargo de prefeito no começo da década de 1910. O prefeito incluiu a obra como uma “necessidade urgente”, e fez um empréstimo de 600 mil contos de mil-réis junto ao governo do Estado para realizá-la.

  • O local escolhido foi a atual Praça Generoso Marques, próximo da Catedral. Era lá o endereço do Mercado Municipal, que foi parcialmente demolido para a construção do prédio. A obra começou em 1914 e levou dois anos até a sua inauguração.

Durante mais de meio século, o Paço da Liberdade abrigou cerca de 50 prefeitos. O último dia de despachos do Executivo Municipal no edifício foi 13 de novembro de 1969, sob o comando do prefeito Omar Sabbag.

E depois? O edifício foi restaurado nos anos 1970, abrigou temporariamente o Projeto Rondon e ficou por quase cinco anos sem função. Em janeiro de 1974, virou sede do Museu Paranaense – que lá permaneceu até 2002.

  • Depois de alguns anos de abandono, em 2007, uma parceria do poder público com o Sistema Fecomércio/Sesc concedeu à entidade o uso do espaço. O edifício foi inteiramente restaurado: bisturis foram usados para raspar as tintas que encobriam a pintura original nas paredes internas, e um pedaço do piso do antigo Mercado Municipal foi redescoberto. O espaço foi reinaugurado em 2009 como o atual Centro Cultural Paço da Liberdade, administrado pelo Sesc.

Uma cidade que ajuda a ser mais saudável 🍏

Você já pensou em como a cidade ou o bairro em que você vive pode determinar o seu estilo de vida – e, por isso, a sua condição de saúde?

  • Já é ponto pacífico entre pesquisadores: a possibilidade de caminhar pelas ruas, usar ou não o carro, ter acesso a equipamentos de lazer e a ar puro pode ter impactos no seu bem-estar, na balança e no seu próximo check-up. (Fiocruz)

👉 Dá para ver um pouquinho disso nos últimos resultados do Vigitel, uma pesquisa feita anualmente pelo Ministério da Saúde, que investiga a condição de saúde dos brasileiros – e que, em sua última edição, mostrou como a pandemia aumentou a obesidade e a incidência de doenças crônicas no país. (G1)

E como ficou a saúde dos curitibanos com a pandemia? Apesar de estar bem posicionada em relação a outras capitais, Curitiba viu uma piora nos hábitos de saúde de seus habitantes entre 2019 e 2020, como mostra este gráfico.

  • No ano da pandemia, a diabetes, a hipertensão arterial e o consumo abusivo de álcool aumentaram em Curitiba. A hipertensão, em especial, atinge agora 25% da população adulta da cidade;
  • Já a obesidade, apesar de ter diminuído no ano a ano, segue em tendência de alta, chegando a 18% da população (contra 12% em 2006);
  • Por outro lado, o percentual de fumantes na cidade continua a cair – algo que não mudou com a pandemia. 

🏠 Os dados se referem ao ano de 2020 – quando boa parte das pessoas ficou confinada dentro de casa. Por isso, mostram o peso que o local de residência tem sobre o estilo de vida de seus moradores.

Segundo Andressa Gulin, médica curitibana que atua numa incorporadora e estuda como promover a saúde por meio da arquitetura, o ambiente em que vivemos é responsável por 70% do impacto na nossa saúde.

“O acesso à alimentação, áreas verdes, serviços de saúde, educação, emprego e locomoção, tudo isso impacta indiretamente nas microdecisões do dia a dia das pessoas e determina diretamente o seu estilo e qualidade de vida”, disse ela ao Expresso.

  • Neste TEDx, ela explica mais sobre como nossos fatores genéticos representam apenas 30% dos resultados da nossa saúde. “Um dos maiores determinantes da sua saúde é o seu CEP. Depende do país, da cidade, do bairro, da quadra. É o lugar que você mora que determina as coisas que te cercam.”


O que dá para fazer?
Em conversa com o Expresso, Alain Grimard, oficial sênior da ONU-Habitat (braço das Nações Unidas), disse que podemos ter cidades mais saudáveis criando bairros integrados, onde os habitantes não dependam de carros. O ideal é trabalhar, morar e desfrutar de lazer e serviços perto de casa, caminhando ou de bicicleta, diminuindo o peso sobre o meio ambiente e os desafios de mobilidade das cidades.

🚶 Em Curitiba, apesar de todo o planejamento urbano, ainda falta investir mais na caminhabilidade, segundo Gulin. “Por mais que você esteja no Batel ou no Cabral, mesmo que tenha serviços próximos, o hábito dos curitibanos ainda é pegar o carro para comprar pão.” Além da criação de hábito, já falamos aqui n’O Expresso de como as calçadas de Curitiba precisam ser melhoradas.

Ainda há outras soluções que podem ser pensadas coletivamente:

  • Os parques podem ser mais usados, com incentivo à atividade física e ao ar livre;
  • Os rios que cortam a cidade poderiam ser locais de prática de esportes aquáticos, como a canoagem, retomando a sua conexão com a cidade;
  • Investir em mais segurança em lugares públicos, para que as pessoas usem mais os espaços urbanos. 

E você? Tem alguma sugestão? Manda para a gente no oi@oexpresso.curitiba.br