Pra encerrar: em bom curitibanês

“Da mesma forma que alguém fala: ‘E aí, mano?’, tá tudo certo falar: ‘E aí, viado?’ A gente pode enriquecer esse diálogo de diversas maneiras.”

Terminamos a edição de hoje com o curitibano Gabriel Castro, criador da padaria O Pão Que o Viado Amassou – um negócio que começou na pandemia, virou sucesso entre amigos e hoje ocupa um casarão no Rebouças para servir pão com glitter (de verdade!) e abrir diálogos sobre o movimento LGBTQIA+.

Castro foi tema de uma reportagem da revista piauí, em que conta como sua reclusão de pandemia o levou a amassar pão. “O pão foi um grande amigo para manter a sanidade. E aí virou um esporte, porque eu queria acertar o diacho do pão”, disse ele à Isadora Rupp.

A padaria, que funciona de segunda a sábado, tem apenas funcionários LGBTQIA+, e na linha de frente do atendimento, só pessoas trans. Para ele, é uma forma de extrapolar a bolha e promover a convivência entre diferentes.

Que continuemos abrindo nossas vidas à riqueza dos outros!

Uma ótima semana pra você 🙂

Curtas ⚡

Um ano e meio depois: semana a semana, a gente vai tendo a certeza de que a vacinação contra a COVID-19 vem surtindo efeito. Curitiba já tem o menor número de casos ativos da doença desde junho do ano passado – além de ter registrado apenas uma morte entre os dias 11 e 12 de novembro (chegamos a ter entre 40 e 50 mortes por dia em março deste ano). Está tudo lá no nosso Monitor COVID-19 Curitiba.

Para ouvir: foi lançado o novo EP da banda curitibana ímã – produzido à distância e com quatro músicas que se originaram de poemas de escritores da cidade. Dá para ouvir tudo no YouTube ou no Spotify.

Natal ao ar livre: a gente piscou e… já faltam menos de 40 dias para o Natal. A programação oficial do Natal de Curitiba começa nesta quinta (18) e conta com voo de balão, luzes e projeções geradas por pedaladas em bicicletas, passeios iluminados e até uma caravana. Para agendamentos, é só clicar aqui.

O Expresso da História: A casa que resistiu a um incêndio 🔥

Hoje é dia da nossa já tradicional coluna O Expresso da História, com Diego Antonelli, que faz um resgate dos prédios históricos de Curitiba. Hoje, ele fala de uma construção centenária e muito bem preservada – que, pouca gente sabe, sobreviveu a um incêndio. Conta mais, Diego:

Localizada no Largo da Ordem, no centro histórico de Curitiba, a Casa Hoffmann foi construída em junho de 1890 e, na época, considerada um marco arquitetônico da transformação urbana da capital paranaense. Durante mais de 130 anos, as paredes da moradia resistiram ao tempo e até hoje continuam a embelezar o cenário de quem transita naquele espaço.

A casa foi construída no fim do século XIX pela família Hoffmann e representou a prosperidade da família de tecelões austríacos que se mudou para o Brasil naquela mesma época. O imóvel foi habitado pela família até 1974, que mantinha no local uma loja de tecidos e armarinhos.

  • Depois, a casa foi alugada e sofreu diversas adaptações ao longo dos anos.


O fogo: a Casa Hoffmann foi destruída por um incêndio em 1996. Apenas as paredes externas e a fachada sobreviveram. Mas o imóvel, catalogado como unidade de interesse de preservação do município, foi totalmente restaurado ao longo dos anos.

Desde 2003, a Casa Hoffmann é a sede do Centro de Estudos do Movimento, ligado à Fundação Cultural de Curitiba, referência na “exploração de novas estéticas do movimento”, segundo o site oficial da prefeitura. Em seus três andares, ela abriga estúdios para a realização de oficinas de dança, pesquisas e apresentações de pequeno porte.


Para quem quiser conhecer: as oficinas de dança da Casa Hoffmann já voltaram e estão com inscrições abertas, em formato online e presencial. Pra quem quiser apreciar o imóvel, basta uma caminhada pelo Largo da Ordem 😉

Um ciclo virtuoso 🔁 

Na semana passada, nós falamos aqui n’O Expresso sobre o recorde de investimentos em startups de Curitiba – as empresas de tecnologia local já atraíram mais de R$ 4 bilhões em aportes nacionais e internacionais só neste ano.

Hoje a gente vai mais um pouquinho a fundo neste assunto, mostrando como um pólo tecnológico se retroalimenta: uma startup investe em outra, que investe em mais uma, cujos fundadores formam um fundo… e assim se cria uma cadeia.

Segundo o levantamento deste Expresso, que mapeou quase 200 investimentos feitos nas empresas de Curitiba (com base na plataforma Crunchbase), pelo menos 10% dos cheques investidos na cidade vieram de fundos locais de venture capital (ou capital de risco) – ou seja, de investidores curitibanos que apostaram seus recursos aqui.

As ondas do investimento local em startups de Curitiba: na última década, foram pelo menos 20 aportes por investidores daqui. Acesse o gráfico completo aqui.

São eles:


💰 Esses quatro fundos já participaram de pelo menos 20 aportes em startups curitibanas nos últimos nove anos, investindo cerca de R$ 25 milhões até agora – é bom lembrar, considerando apenas os valores divulgados (já que nem todos os cheques são públicos) e apenas aqueles incluídos na plataforma da Crunchbase (ou seja, pode haver mais aportes curitibanos por aí).

  • O ano da pandemia (2020) foi o que registrou o maior número de apostas dos fundos locais: foram cinco no total.

🧾 Até aqui, os cheques dos investidores curitibanos foram destinados principalmente para empresas de SaaS (Software as a Service) e Marketing – mas também houve aportes em setores como moda, fintech, educação e RH.

  • A gente colocou tudo nesta tabela, que detalha quais são as startups de Curitiba financiadas por investidores locais.

Para Cris Alessi, presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação (órgão público responsável por fomentar o ecossistema local), isso é um sinal da maturidade do ecossistema – em que as conexões são fluidas e há uma “certeza de que se está no caminho certo”. “É uma aposta financeira, claro, mas vai além disso. É também resultado da confiança que o ecossistema tem nele mesmo.”

Para ir a fundo: disponibilizamos a íntegra do levantamento neste link. E você também pode ler os destaques da última edição – que mostrou como o setor de e-commerce tem se destacado na cidade, e como o funil do venture capital ainda é estreito e pouco diverso 👀

Quanto dinheiro movem as startups de Curitiba? 💵

Edição: Estelita Hass Carazzai | Dados e visualização: Brenda Niewierowski e Gustavo Panacioni

Alguns desses nomes você já deve ter visto por aí: Olist, MadeiraMadeira, Contabilizei, EBANX… Em fachadas de prédios, hackatons ou pela internet afora, as startups de Curitiba já formam o segundo maior ecossistema de inovação do Brasil, segundo o ranking do Startup Ecosystem Index Report – só ficam atrás de São Paulo.

💰 Mas quanto dinheiro essas empresas movimentam? Quantos cheques já foram aportados na cidade e na tecnologia criada por aqui?

Esta era uma curiosidade antiga deste Expresso – e fomos atrás dos dados, como sempre. Num levantamento com base na plataforma Crunchbase e em alguns links externos, mapeamos 174 acordos de investimento feitos por fundos nacionais e internacionais de venture capital (ou capital de risco), em 93 startups de Curitiba, desde 1999 até outubro de 2021. Ufa! 

E o que descobrimos? Atualmente, o setor de startups e tecnologia em Curitiba vive seu melhor momento: a soma dos aportes em startups da cidade, por fundos nacionais e internacionais, chegou a R$ 4 bilhões em 2021 – um recorde histórico.

A curva dos aportes nas startups de Curitiba sobe significativamente em 2021, e não é só por causa da alta do dólar. Veja o gráfico completo aqui.

Isso quer dizer que fundos, instituições e conglomerados financeiros como o japonês SoftBank, o americano Goldman Sachs, o Banco Mundial, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o Google, o BNDES, o BRDE e até um fundo liderado por ex-alunos brasileiros de Harvard abriram seus bolsos para injetar dinheiro (e muito dinheiro) em empresas fundadas em Curitiba.

É claro que nem todo esse dinheiro fica na cidade: muitas empresas têm atuação global, com filiais e pessoas espalhadas pelo mundo. Parte do dinheiro é usada para aquisições de outras startups. Ainda assim, os cheques não deixam de ser um indicativo de como o talento curitibano tem gerado valor em tecnologia.

O histórico: A curva dos investimentos em Curitiba começou a acelerar em 2014, quando as rodadas começaram a ficar mais numerosas, segundo os dados disponíveis (nem todos os investimentos têm o seu valor revelado).

  • Em 2021, vale dizer, os recordes são globais: além da pandemia, que acelerou a digitalização dos negócios – e o apetite dos investidores –, pesa também na conta a redução das taxas de juros pelo mundo (que torna o investimento de risco mais atrativo do que simplesmente apostar em papéis de rendimento fixo). (InfoMoney)

“Foi uma linha do tempo que nos trouxe até aqui”, comenta Cris Alessi, presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação – o órgão municipal que ajuda a fomentar o ecossistema. “Hoje a gente tem o melhor dos mundos. Temos uma cidade pronta, preparada, com incentivos fiscais, organização do ecossistema, conexão.”

Onde está o dinheiro? Os setores mais investidos em Curitiba são e-commerce e fintech (tecnologia financeira), que já receberam mais de R$ 4,5 bilhões em aportes nos últimos cinco anos. Se considerarmos a quantidade de investimentos, é possível perceber uma concentração de startups também nos setores de SaaS (Software as a Service), educação, marketing, logística e saúde.

  • Isso tem a ver tanto com a vocação da cidade (com a herança de um parque industrial e uma significativa quantidade de universidades) quanto com a maturidade do próprio ecossistema, segundo Alessi. Quando uma startup cresce, ela investe em talento, demanda fornecedores, fomenta outras startups, e assim o ciclo segue.

Os setores de e-commerce, SaaS e fintech (em roxo, azul escuro e azul claro) são os que mais receberam aportes em Curitiba. Veja os detalhes neste gráfico.

Porém… O funil é estreito: quase 90% dos recursos foram investidos em cinco empresas (EBANX, MadeiraMadeira, Olist, Pipefy – cuja sede fica atualmente nos EUA – e Wiser Educação). É um mundo extremamente competitivo e acessível para poucos.

  • Para que este funil se torne um pouco mais amplo e democrático, Curitiba precisa trabalhar mais na capacitação dos empreendedores locais, com programas de educação empreendedora, parcerias com instituições públicas e privadas, hackatons e troca entre as empresas. “A gente ainda tem muito essa cultura de empreendedorismo como necessidade, e não como oportunidade. Isso é uma barreira para grandes aportes. Temos que trabalhar na base”, diz Alessi, da prefeitura.

Semana que vem a gente ainda vai detalhar um pouco mais este levantamento, cuja íntegra você encontra aqui. Tem alguma curiosidade sobre este universo? Mande pra nós no oi@oexpresso.curitiba.br

Pra encerrar: em bom curitibanês

“A gente convive com a finitude o tempo todo, e foi isso que a pandemia nos trouxe. É esse choque de que você não tem mais segurança”.

Luci Collin, escritora curitibana próxima dos 40 anos de carreira, fala à revista Cândido sobre o impacto da pandemia nas nossas vidas e, também, no seu processo criativo. “Em tempos de crise, com toda humildade que cabe, temos que assumir o compromisso de iluminar o leitor, no sentido de oferecer um caminho”.

Collin, que foi uma das finalistas curitibanas do Prêmio Jabuti 2020 com o livro “Rosa que está”, recentemente lançou uma nova coletânea de contos com a publicação “Dedos Impermitidos”.

Aliás, se quiser dar uma conferida e compreender a finitude com a qual Luci flerta acima, aqui tem um dos contos que estão no novo livro e provocam a reflexão.

Uma boa semana para você!

Curtas⚡

Desaceleração: a pandemia do coronavírus continua dando sinais de arrefecimento em Curitiba, felizmente, como mostra o nosso Monitor COVID-19 Curitiba. Um estudo da UFPR estima que a cidade terá menos de quatro mortes diárias por COVID em novembro. Esperamos que esse número chegue a zero em breve. (Plural)

Grandes curitibanos que nos deixam: nas últimas semanas, perdemos alguns curitibanos icônicos (de nascença ou de coração). No último fim de semana, foi o Sicupira, um dos maiores artilheiros do Athletico e que teve sua biografia lançada no ano passado. Algumas semanas antes, foi Cícero Cattani, jornalista que foi do linotipo ao Twitter e cujas manchetes fizeram história na cidade. (Globo Esporte e Gazeta do Povo)

Pra passear: oito visitas guiadas para fazer – de graça – em Curitiba, e um café local que reinaugurou em plena Rua Riachuelo, no centrão. (Gazeta do Povo e Plural)