Saiu esses dias uma nova estimativa das emissões de gases de efeito estufa nos municípios brasileiros – um ranking feito pelo Observatório do Clima, que usa as diretrizes do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e dados do Ministério de Ciência e Tecnologia para estimar os índices por cidade. (G1)
Como sempre, fomos dar uma olhadinha nos dados de Curitiba, e eis que descobrimos que o transporte motorizado é o responsável pela maior fatia de emissões em Curitiba: cerca de 62% dos nossos gases estufa vêm desse setor, e mais ou menos metade disso é de carros de passeio, movidos a gasolina 😱
- Os caminhões e ônibus, incluindo a frota do transporte coletivo, emitem menos gases que os carros de passeio: 26% das emissões totais da cidade, contra 32% dos automóveis a gasolina, como mostra este gráfico. (O Expresso)
- Os dados são referentes ao ano de 2019.
Tem outros achados bem interessantes também:
- Com 0,9% da população brasileira, Curitiba responde por 0,2% das emissões de gases do efeito estufa no Brasil;
- Isso nos coloca na 92ª posição no ranking das emissões, liderado pela cidade de Altamira (PA), de onde saem 1,8% das emissões brutas de gases do efeito estufa no país – uma consequência do crescente desmatamento da floresta amazônica;
- Os dados históricos do SEEG mostram uma leve queda das emissões em Curitiba nos últimos três anos (cerca de 9%), mas uma tendência de estabilidade se considerarmos os últimos 20 anos, quando a taxa variou, em média, 0,93% ao ano;
- Na quantidade total de emissões, estamos bem atrás de metrópoles como São Paulo, obviamente, e Manaus, na Amazônia – mas à frente de Porto Alegre e Recife, que têm mais ou menos o mesmo número de habitantes.
Emissões totais em Curitiba caíram 9% nos últimos três anos, mas permanecem relativamente estáveis nos últimos 20 anos. Veja o gráfico completo aqui.
O que Curitiba pode fazer: a cidade tem um Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas (PlanClima), publicado em dezembro de 2020. Lá está o ambicioso objetivo de alcançar a neutralidade de carbono em 2050, seguindo o Acordo de Paris – o que vai exigir uma grande mudança, estrutural e comportamental, com “mudanças de paradigmas, processos, comportamentos e tecnologias” 👀
No caso do setor de transporte, que lidera as emissões na cidade, vai ser preciso mudar o perfil de deslocamento na cidade (vale dar uma olhada na página 59 do PlanClima):
- Em 2050, para cumprir a meta de neutralidade de carbono, os automóveis responderiam por menos de 8% dos deslocamentos de Curitiba (hoje, eles respondem por quase a metade!);
- Já o transporte público, na prática, substituiria os carros, respondendo por 45% das viagens dos curitibanos (hoje, ele responde por cerca de 25%);
- Já as bicicletas ficariam com aproximadamente 10% dos deslocamentos, e andar a pé pularia de 23% para quase 30%.
Para isso, o plano conta com o aumento da eficiência dos veículos (com a mudança do combustível para a energia elétrica ou hidrogênio, por exemplo) e a implantação de um “sistema de transporte de alta capacidade” (o tão sonhado metrô?).
Isso sem falar da ampliação do uso de energia solar, da maior eficiência energética nas residências e da reciclagem de 95% dos resíduos de Curitiba. Ufa!
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