Quantas vezes você já sentou num banco de praça, num cantinho de um jardim ou entrou num dos vários bosques de Curitiba para observar as aves, borboletas e outras espécies nativas da região?
Sim, pode haver muita natureza dentro de uma cidade – e a curitibana Maristela Zamoner tem mostrado isso para o mundo. Bióloga do Museu Botânico Municipal, instalado dentro do Jardim Botânico, ela conquistou o recorde mundial de registro de borboletas vivas do iNaturalist, uma plataforma colaborativa de observadores de todo o mundo. (Prefeitura de Curitiba)
Zamoner tem atualmente 18 mil registros catalogados no site – e cerca de 15 mil deles estão em Curitiba. No total, ela encontrou 1.082 espécies diferentes de borboletas, fungos, moluscos e insetos variados no território municipal.
O mapa mostra os principais locais de observação de borboletas pela bióloga curitibana, e as espécies mais encontradas na cidade. Clique aqui para ver mais detalhes.
E eu com isso? Além de terem um intenso papel ecológico, as borboletas também são um indicador de qualidade ambiental — quanto melhor a conservação do ambiente, maior a diversidade de espécies. Mesmo após quatro anos de estudos, a bióloga continua encontrando espécies novas na cidade.
Em uma conversa com O Expresso, Zamoner contou que subestimou a diversidade de borboletas em Curitiba. Ela se surpreendeu quando, ao invés de encontrar dezenas de espécies diferentes, descobriu cerca de cinco centenas de espécies em área urbana – algo que, segundo ela, é fora do comum.
“Curitiba tem uma riqueza pouco conhecida, pouco explorada. Aqui é um lugar rico, divino. Estamos sentados em cima de um tesouro, que é nossa biodiversidade”, disse ela ao Expresso.
O ponto de Curitiba com mais borboletas registradas por Zamoner é o Jardim Botânico, seu atual local de trabalho, com 380 espécies catalogadas no iNaturalist. Mas também há uma quantidade significativa de observações no Bosque Municipal Capão da Imbuia e em pontos como o Passeio Público, a Estação Ecológica Teresa Urban e até em ruas no Alto da XV, Tarumã, CIC e Uberaba.
- Uma curiosidade: o trecho do Jardim Botânico que mais tem borboletas foi uma área que recebeu caminhões de terra de um terreno na região sul da cidade – uma das últimas áreas de campo de Curitiba. O local hoje abriga um empreendimento imobiliário, mas a terra original foi transposta, conservada e trazida para o parque em forma de um banco de sementes. “Foram mais de 200 espécies vegetais salvas, e é a área hoje que mais tem borboletas no Botânico”, disse Zamoner.
🔎 Para saber mais: a bióloga escreveu um livro sobre as borboletas do Jardim Botânico, mas diz não ter um local preferido para observar as espécies na cidade. “Cada um tem suas particularidades.”