Os novos núcleos imigrantes de Curitiba 🌎

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Edição: Estelita Hass Carazzai | Dados e visualização: Brenda Niewierowski e Gustavo Panacioni

Curitiba é, historicamente, uma cidade de migrantes: os sobrenomes, bosques e parques alemães, japoneses, poloneses, ucranianos, além dos monumentos em homenagem a inúmeras nacionalidades, estão aí para provar. 

Mas a imigração não é coisa do passado. A onda migratória recente de venezuelanos e haitianos também tem transformado a cidade – e essa população tem o potencial de modificar profundamente a cultura, os costumes e as cores de Curitiba.

🤔 E afinal: onde estão esses imigrantes? Que bairros e regiões da cidade estão sendo mais marcadamente transformados por eles?

O Expresso começou essa investigação pelos bancos escolares. Afinal, onde estão as crianças estão também suas famílias e comunidades – e, mais importante, as escolas onde elas estudam costumam estar próximas do seu local de residência, o que nos dá um bom indicativo de quais regiões da cidade estão sendo mais impactadas pela onda migratória.


O que descobrimos:

  • De longe, as maiores comunidades de imigrantes em Curitiba são de venezuelanos e haitianos. Há quase 2 mil alunos dessas nacionalidades matriculados nas escolas da cidade – 1.115 venezuelanos e 778 haitianos.
  • Os bairros com o maior número de imigrantes matriculados são CIC, Cajuru, Boqueirão, Sítio Cercado e Xaxim – que formam um “U” na região Sul da cidade.

Um cinturão na região Sul de Curitiba concentra as comunidades de imigrantes venezuelanos e haitianos, segundo dados do Censo Escolar. Veja o mapa completo aqui.


E na cidade, como isso se reflete?
Quem caminha ou vive em alguns bairros de Curitiba já consegue perceber a mudança. No Fazendinha, por exemplo, “há venezuelanos por todos os lados”, como contou a dentista Maria Nina Muñoz Salas em uma entrevista recente ao jornal O Globo.

É neste bairro que fica o El Patio, restaurante fundado por uma venezuelana que vende comidas típicas de seu país, como a cachapa e o sopa de res (sopa de carne) – e que virou ponto de encontro, aos domingos, da comunidade local.


Área externa do restaurante El Patio, no Fazendinha, que virou ponto de encontro da comunidade local aos domingos. Foto: divulgação.

Já os haitianos se concentram em algumas regiões da CIC e, em especial, do Boqueirão, para onde a comunidade tem ido desde o terremoto que abalou o país em 2010. A unidade de saúde Waldemar Monastier, do Boqueirão, chegou a usar aplicativos de tradução para conseguir atender à população haitiana. (Thais Porsch e Prefeitura de Curitiba)

Para Viviane Mueller Xavier, coordenadora do Instituto Nova Vida, que atua dando suporte e assistência aos imigrantes no Boqueirão, os haitianos têm um senso de comunidade muito forte, o que ajuda a explicar a concentração de imigrantes no bairro. Além disso, alguns deles dividem casas em até quatro famílias para conseguirem se manter, e muitos têm dificuldades de se abrir à comunidade local.

  • Vale lembrar que os haitianos têm ainda que lidar com um outro fator: o racismo, que infelizmente já virou notícia por aqui. (G1 e Gazeta do Povo)

“Eles têm medo de serem julgados por sua cultura; qualquer refugiado passa por isso. Por outro lado, a sociedade cria rótulos. E esses rótulos se espalham e segregam”, afirmou Xavier ao Expresso.

Para a venezuelana Rockmillys Basante, fundadora da ONG Hermandad Sin Fronteras e moradora de Curitiba há três anos, a cidade tem sido receptiva e estendido os braços para os imigrantes, com ofertas de comida até empregos. Ela não esconde a existência de preconceito e exclusão, mas afirma que isso é a minoria do tratamento. 

“Em uma cidade construída por imigrantes, não é de se acreditar que existam coisas como xenofobia ou racismo. A imigração é uma oportunidade de compartilhar culturas”, disse ela ao Expresso.

E nós, como podemos acolher essas pessoas?

  • Uma das formas de contribuir é com doações para instituições de acolhimento e apoio aos imigrantes, como a ASHBRA, que atende haitianos; a Hermandad Sin Fronteras; o Instituto Nova Vida; a Cáritas e a UCEPH (União de Profissionais e Estudantes Haitianos).
  • Você também pode apoiar negócios locais, como restaurantes e comércios, erguidos por imigrantes. Se olhar bem, logo vai perceber como eles estão por toda a cidade.
  • Se você é empreendedor, pode compartilhar as informações de vagas da sua empresa com o CEIM (Centro de Informação para Migrantes e Refugiados), do governo estadual, que orienta imigrantes em busca de moradia e emprego.

E, acima de tudo: acolhamos com sorrisos e braços abertos 🙂

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