Uma topografia urbana de Curitiba 🌆

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Quem já subiu na Torre Panorâmica ou espiou o centro de Curitiba a partir das alturas conseguiu perceber que tem muito prédio em Curitiba – mas que eles se concentram em determinados bairros ou corredores da cidade.

A gente já mostrou aqui n’O Expresso que a maioria dos curitibanos mora em casas. Ainda assim, os dados mais recentes mostram que 1 em cada 4 moradores de Curitiba vive em um apartamento, ou 26% dos moradores – um índice de verticalização bem maior que a média brasileira, de apenas 10%, e acima da mediana das capitais, de 18%. (IBGE)

  • Mais que isso, o número de curitibanos que vivem em prédios está aumentando: de acordo com o IBGE, entre 2016 e 2019, Curitiba passou de 23% para 26% das pessoas morando em apartamentos. Ou seja, quase 60 mil pessoas trocaram casas por apartamentos na cidade.

🗺️ Pra variar, a gente decidiu recorrer aos dados para colocar a verticalização no mapa, criando uma espécie de “topografia dos prédios de Curitiba”. O resultado, obtido por meio de dados sobre os condomínios da cidade (fornecidos pelo Ippuc via Lei de Acesso à Informação), é este do mapa abaixo:
A região central – e os eixos de transporte público – concentram os condomínios verticais de Curitiba. Confira os detalhes no mapa.

Dá para ver claramente que a região central e os bairros por onde passam as canaletas do expresso, como Água Verde, Bigorrilho, Portão e Juvevê, concentram os condomínios verticais de Curitiba.

🚌 Não é por acaso: os eixos de transporte orientam também o crescimento de Curitiba. “A prefeitura e o Ippuc buscam fazer uma maior liberação de potencial construtivo nas regiões que têm maior infraestrutura”, nos explicou Marcelo Gonçalves, analista de tendências e sócio-diretor da Brain Inteligência Estratégica

🔎 Outras curiosidades:

  • Em média, os edifícios de Curitiba têm 4 pavimentos – mas, em bairros como o Cabral, Batel e Bigorrilho, esse número chega a 13! 
  • O Centro e o Bigorrilho concentram os prédios mais altos da cidade: no Centro, há 21 prédios com mais de 30 andares, e no Bigorrilho, são 15.
  • O Mossunguê, apelidado pelo setor imobiliário de Ecoville, se notabilizou pelos espigões de luxo próximos à via do expresso. Na prática, porém, o bairro tem menos prédios por km2 e uma média de 9 pavimentos por edifício.
  • Em cinco anos, aumentou em 14% o número de condomínios verticais na cidade: mais de mil condomínios foram criados.


E os lançamentos? É também ao redor das canaletas do expresso que se concentram os lançamentos imobiliários de Curitiba nos últimos cinco anos, segundo os dados do Ippuc: Portão, Água Verde e Centro estão no “top 5” de bairros com os maiores aumentos absolutos de novos condomínios residenciais entre 2016 e 2021, junto com Cajuru (o campeão) e Xaxim, seguidos de pertinho pela CIC. 

💡 Para Gonçalves, da Brain, o processo de verticalização que aconteceu no eixo Água Verde-Portão tende a se repetir em bairros como o Cajuru e o Xaxim: “Essas regiões crescem especialmente porque têm uma grande população. Com o tempo, vai ficando mais raro encontrar casas na região, e as pessoas vão para um apartamento. Foi isso que aconteceu no vértice Água Verde-Portão, e que também começa a acontecer no Cajuru.”

  • Segundo ele, existem dois principais motivos para que as pessoas migrem de casas para apartamentos: os preços e a segurança.

Para encerrar, vale uma pequena problematização: é comum ver lançamentos grandiosos em bairros com alta renda per capita, como o Batel e o Cabral – mas tem sido cada vez mais raro o lançamento de moradias populares, não só em Curitiba como em todo o país. E aí pesam um monte de questões, como o recente aumento dos juros, a taxa de desemprego e a alta dos custos da construção. (Imobi Report e Folha de S.Paulo)

  • “O imobiliário residencial está indo, mas com um fator preocupante: ancorado nas classes média e média alta”, alertou o presidente da CBIC, José Carlos Martins, ainda em 2019. (Imobi Report)

🙋 Fica a sugestão para Curitiba: que tal incentivar a construção de mais moradias nos eixos de transporte para além do centro, como no próprio Xaxim, Cajuru, Boqueirão, Pinheirinho e Santa Cândida?

  • Este artigo de 2018 já defende isso, e critica a concentração de moradias populares em Curitiba em regiões sem eixos de transporte público. Vale a leitura. (Observatório das Metrópoles)

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