A tarifa de ônibus mais cara entre as capitais 💸

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Na semana passada, Curitiba se tornou, juntamente com Brasília, a capital com a tarifa de ônibus mais cara do Brasil. O valor da passagem sofreu o primeiro reajuste desde a pandemia, subindo de R$ 4,50 para R$ 5,50 – um aumento de 22%.

Entre as capitais brasileiras, Curitiba tem a tarifa de transporte coletivo mais cara, empatada com Brasília. Veja o gráfico completo aqui.


Em resumo: a prefeitura argumenta que a alta no preço dos combustíveis, entre outros fatores, elevou significativamente o custo do transporte, e por isso foi necessário o aumento. (Prefeitura de Curitiba)

Como isso impacta o bolso dos curitibanos? A gente aqui d’O Expresso calculou o peso do transporte público em relação ao salário mínimo nacional – para ter uma ideia de quanto a passagem de ônibus pesa no bolso da população.

O que descobrimos: lá em 2004, pagar duas passagens de ônibus por dia útil (ou 40 por mês) representava quase 30% do salário mínimo. Na última década, porém, este valor se manteve praticamente o mesmo, atingindo 18% do salário mínimo com este último reajuste. Dá para ver o gráfico completo aqui. (O Expresso)

  • É como se quase 1/5 do seu salário fosse destinado ao seu ir e vir diário, para trabalhar ou estudar.


E como fica o sistema de ônibus com tudo isso? O fluxo de passageiros nos ônibus de Curitiba ainda não se recuperou totalmente do impacto da pandemia. No início de março, só 70% dos passageiros haviam voltado a usar o transporte público como meio de locomoção. (Gazeta do Povo)

  • A dúvida agora é: haverá alguma mudança no número dos passageiros depois do reajuste?


“[O reajuste] alimenta o chamado ‘ciclo vicioso’ do transporte público: a tarifa fica mais cara, há cada vez menos passageiros pagantes e, por isso, a tarifa tem que ficar mais cara. Isso está colocando em xeque o sistema há muito tempo, e por isso o número de passageiros em Curitiba e no Brasil tem diminuído.” É o que comenta Luiz Calhau, mestre em Planejamento Urbano e diretor do Senge (Sindicato dos Engenheiros do Paraná).

Em outras palavras, o número de passageiros é fundamental para a sustentabilidade do sistema. Com menos usuários, o sistema arrecada menos e fica mais dependente de subsídio público – e aí, se não tiver dinheiro em caixa ou vontade política de financiar o sistema, a passagem sobe.

Um cálculo rápido: Curitiba não tem uma pesquisa específica que mostra o impacto do aumento da tarifa na redução do número de passageiros pagantes. Mas, segundo uma metodologia desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco, um aumento de 10% no valor da tarifa reduz a demanda entre 3,89% e 5,95%.

  • É claro que a aplicação exata dessa metodologia em Curitiba depende de ajustes nos parâmetros metodológicos – mas, fazendo um exercício livre, seria possível dizer que uma alta de 22% na tarifa de Curitiba pode representar uma perda média de 9,84% dos passageiros de ônibus.


Para ficar de olho: a eventual queda de passageiros ainda pode ser amortizada pela retomada das aulas presenciais e pelos ventos de retomada da normalidade que têm soprado neste 2022 – a depender do cenário econômico e da retomada dos empregos.
Aqui em Curitiba, a Urbs espera atingir 80% dos níveis pré-pandêmicos de passageiros até o fim do ano. A ver. (Gazeta do Povo)

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