Hoje é dia da primeira coluna do ano do nosso querido colunista Diego Antonelli, que tem revelado a história de prédios icônicos de Curitiba. Hoje, ele fala do edifício que abrigou a primeira sede da Prefeitura:
Por mais de 200 anos, Curitiba conviveu com uma administração pública itinerante e sem sede própria. Desde sua fundação, em 1693, até o início do século XIX, a prefeitura e a Câmara de Vereadores chegaram a funcionar em salões de igrejas e até a dividir espaço com a cadeia pública.
- Em algumas sessões, os vereadores eram obrigados a usar guarda-chuvas devido às goteiras persistentes em alguns desses espaços improvisados.
👀 Hoje, isso pode parecer estranho, mas era uma prática comum na época. Tanto que Curitiba foi considerada uma das pioneiras no Brasil a constituir uma sede própria para a sua prefeitura – exatos 223 anos depois de sua fundação, com a inauguração do Paço da Liberdade, em 1916.
A construção: A vontade de construir uma sede própria era antiga, mas nunca havia dinheiro suficiente. Foi assim até o engenheiro Cândido de Abreu assumir o cargo de prefeito no começo da década de 1910. O prefeito incluiu a obra como uma “necessidade urgente”, e fez um empréstimo de 600 mil contos de mil-réis junto ao governo do Estado para realizá-la.
- O local escolhido foi a atual Praça Generoso Marques, próximo da Catedral. Era lá o endereço do Mercado Municipal, que foi parcialmente demolido para a construção do prédio. A obra começou em 1914 e levou dois anos até a sua inauguração.
Durante mais de meio século, o Paço da Liberdade abrigou cerca de 50 prefeitos. O último dia de despachos do Executivo Municipal no edifício foi 13 de novembro de 1969, sob o comando do prefeito Omar Sabbag.
E depois? O edifício foi restaurado nos anos 1970, abrigou temporariamente o Projeto Rondon e ficou por quase cinco anos sem função. Em janeiro de 1974, virou sede do Museu Paranaense – que lá permaneceu até 2002.
- Depois de alguns anos de abandono, em 2007, uma parceria do poder público com o Sistema Fecomércio/Sesc concedeu à entidade o uso do espaço. O edifício foi inteiramente restaurado: bisturis foram usados para raspar as tintas que encobriam a pintura original nas paredes internas, e um pedaço do piso do antigo Mercado Municipal foi redescoberto. O espaço foi reinaugurado em 2009 como o atual Centro Cultural Paço da Liberdade, administrado pelo Sesc.