Espaço verde na cidade 🌳

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A gente começa o ano falando sobre um assunto que é quase conversa de bar em Curitiba: área verde. A nossa cidade se cunhou como “capital ecológica”, ainda lá nos anos 1990, com a criação de parques que viraram cartão-postal e resolveram problemas ambientais e urbanos.

Mas a quantas anda a criação de novas áreas verdes na cidade? E como elas estão distribuídas pelos bairros?

O Expresso recorreu à Lei de Acesso à Informação para obter dados atualizados sobre as áreas verdes de Curitiba, e conseguimos uma lista de todos os 1.172 espaços existentes na cidade – que incluem parques, praças, bosques, reservas particulares, largos e corredores verdes nas avenidas.

  • Importante: esses dados não consideram árvores, quintais e maciços florestais identificáveis por satélite, que entram no cálculo da metragem oficial de área verde por habitante de Curitiba (hoje, ela está em 64 m2).
  • Ainda assim, eles são um indicativo interessante de como o município tem atuado para fomentar espaços públicos verdes, para lazer e uso pela população espalhada pelos diversos bairros da cidade.\

O mapa de área verde por bairro de Curitiba deixa clara a carência desses espaços na região centro-sul da cidade, em cor mais clara. Confira o mapa completo aqui.

Resumo da ópera:

Neste cálculo, Curitiba tem cerca de 11m2 de área verde pública por habitante. São mais de 400 praças, e 28 parques no total. Dá para consultar a lista completa aqui.

O tipo de área verde mais comum são as praças e jardinetes. Mas também aparecem com destaque áreas de manutenção, os largos e as RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural).
A maior parte da área verde está concentrada em parques: o Parque Iguaçu é o maior, com cerca de 300 hectares, seguido pelo famoso Parque Barigui, com 140 hectares.
O maior espaço verde público da cidade é o Refúgio de Vida Silvestre Reserva do Bugio, na CIC, que foi inaugurado em 2015 e conta com mais de 8 milhões de metros quadrados.

O que salta aos olhos é que, mesmo que a quantidade de áreas verdes públicas seja expressiva, elas não estão distribuídas de forma proporcional entre os bairros de Curitiba. De maneira geral, a região norte da cidade tem uma concentração bem maior de área verde por habitante, enquanto que alguns bairros no centro e no sul de Curitiba, como o Prado Velho, o Umbará, o Novo Mundo e o Capão Raso, têm bem menos espaços verdes disponíveis.

Para Allan Rodrigo Nunho dos Reis, doutorando e mestre em engenharia florestal pela UFPR, esta é uma discrepância histórica: nos últimos 30 anos, a região norte de Curitiba concentrou os investimentos do poder público na construção de parques e reservas, a fim de extinguir ocupações irregulares (nos parques Tingui e Barigui), restaurar áreas degradadas por antigas pedreiras (casos do Parque Tanguá e da Ópera de Arame), controlar enchentes e conservar as nascentes dos principais rios da cidade.

  • Jean Brasil, superintendente de Obras e Serviços da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, afirma que parte dessa dessemelhança se dá por conta do arranjo dos biomas na cidade. A região norte já tinha uma formação com um aspecto mais de floresta e mata, e assim se beneficiou com a criação de áreas em relação à região do Boqueirão, por exemplo, que tem áreas mais úmidas e plantas mais rasteiras.


Isso tem mudado nos últimos anos, com a criação de novas reservas em bairros como a CIC e o Boqueirão, além do futuro superparque na região sul e o parque Pinhal do Santana, no Campo de Santana. Segundo a prefeitura, tem havido um esforço de identificar e promover áreas de preservação na região sul – e, assim, diminuir os “vazios verdes” do mapa. (Gazeta do Povo e Tribuna do Paraná)

E eu com isso?
Investir em áreas verdes não é apenas uma questão estética: “A floresta urbana é um componente de uma cidade funcional: ela é [tão importante] como uma rede de saneamento ou de eletricidade”, comenta Reis, da UFPR.

As áreas verdes melhoram o bem-estar e a saúde física dos moradores; trazem conforto térmico, redução de ruído e a mitigação das mudanças climáticas, além de promover a conservação da biodiversidade. Por fim, também têm benefícios econômicos, como a valorização monetária dos imóveis ao seu redor. “Isso é nítido em Curitiba. A região centro norte tem imóveis bastante valorizados, e isso tem relação direta com a presença de áreas verdes no local”, afirma o pesquisador.

🔎 Fique de olho: a gente vai voltar a esse assunto na próxima edição, mostrando como o adensamento da cidade tem trazido desafios para a criação de novas áreas verdes em Curitiba.

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