Dia desses, a gente se deparou com uma reportagem bem interessante e que nos fez pensar muito no futuro das cidades – e da nossa cidade, em especial: o conceito de carro popular no Brasil acabou.
- Por quê? Porque, dos dez carros mais vendidos no país neste ano, sete custam mais de R$ 100 mil 😱 “Esquece, isso [de carro popular] é passado”, disse o presidente da Anfavea, a associação nacional das montadoras. (Neofeed)
Existem vários motivos para os carros estarem mais caros: a escassez global de semicondutores, leis que obrigam os veículos a serem menos poluentes, normas de segurança do passageiro… Mas o que queremos pensar aqui é:
Num mundo onde o carro é acessível a cada vez menos gente, em que tipo de cidade devemos investir para o futuro?
Para tentar pensar sobre essa transformação, a gente foi olhar os números da frota de carros de Curitiba. Vale lembrar que, há alguns anos, Curitiba recebeu o ‘título’ de capital mais motorizada do Brasil: tinha um carro a cada dois habitantes. (Exame)
Pois é: basta olhar o gráfico para ver que a escalada dos carros… desacelerou.
Desde 2016, o crescimento da frota de veículos em Curitiba desacelerou. Veja o gráfico completo aqui.
Se, entre 2004 e 2009, a frota de carros de Curitiba cresceu 7% ao ano, nos últimos cinco anos, esse ritmo caiu para 1,45%.
- A frota de automóveis de passeio, em especial, está praticamente estável desde 2016, com uma variação média de 0,93% ao ano;
- O número de motocicletas, em compensação, tem acelerado mais que a média, a 2,85% ao ano.
⚠️ Ainda assim, Curitiba ainda tem uma proporção bastante alta de carros por habitantes: quase um veículo por morador! Mais precisamente, 1,2 morador por carro, segundo os dados de março de 2021 extraídos via Base dos Dados. A média brasileira é de 1,96.
Ou seja: sim, temos bastante veículos nas ruas… Mas para quem? E ainda, por quanto tempo, dada a desaceleração a olhos vistos da frota?
Resumo da ópera: está mais do que na hora de investir em soluções de transporte público eficientes e acessíveis a todos, em calçadas pensadas para a mobilidade do pedestre, e em ruas que acolham a bicicleta como um modal de transporte.