Ônibus livres do fiu-fiu

Ainda não recebe O Expressso?

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no whatsapp

A mobilidade das mulheres em Curitiba é novamente o tema da coluna de hoje da Adriana Baggio, que fala sobre a dificuldade de ser mulher e… pegar um ônibus, livre de assédio. Quem aqui sabe do que estamos falando? 🙋‍♀️ Diga lá, Adriana:

Muita gente pode não se dar conta, mas são as mulheres quem mais caminham e usam o transporte público em grandes cidades (Gênero e Número). São elas, majoritariamente, que vão pegar os filhos na escola, que saem para as compras do mês, que levam um parente ao médico.

E em Curitiba, não por acaso, o transporte público é campeão em ocorrências de assédio sexual de rua, com 31% dos registros na Guarda Municipal nos últimos dez anos. Parques vêm em segundo lugar (15%) e escolas, em terceiro (5%).


Veja que interessante: os registros de assédio nos ônibus coincidem com os eixos de transporte público da cidade. O eixo do Pinheirinho e o terminal do Cabral se destacam. O mapa completo está na nossa página especial Deixa a guria em paz.

🚌 O assédio acontece dentro do ônibus, nos pontos ou estações-tubo, nas imediações deles e até mesmo nos terminais. Impossível não perceber o profundo impacto que isso provoca na mobilidade das mulheres, na sua saúde física e mental e, consequentemente, no acesso às oportunidades de estudo, trabalho e lazer.

Como resolver o problema? Educação e punição são fundamentais e urgentes, mas uma prefeitura tão empenhada em obras de infraestrutura poderia começar com medidas mais pontuais – e bem simples. Uma pesquisa realizada pelo projeto Meu ponto seguro (Think Olga), por exemplo, mostra que iluminação adequada e a presença de outras pessoas nos pontos de ônibus aumentam a sensação de segurança e a segurança real.

🚲 Há mais pessoas nas ruas e no entorno dos equipamentos de transporte público quando o próprio transporte é de qualidade e acessível, quando há estímulo ao uso da bicicleta, quando as ruas são pensadas também para pedestres e não apenas para carros, quando se incentiva o comércio e atividades de lazer diversificados, especialmente os pequenos negócios. Será que Curitiba tem dado a devida atenção a essas medidas?

Last, but not least: no momento, é melhor não estarmos nas ruas. Mas há quem precise sair de casa para trabalhar, usar o ônibus, cuidar dos seus. Aliás, interessante notar: em 2020, diminuíram as ocorrências atendidas pela Guarda Municipal em escolas — por motivos óbvios —, mas aumentaram aquelas nos equipamentos públicos de saúde. É uma soma de vulnerabilidades.

São mulheres, principalmente das camadas mais pobres da população, as que mais utilizam e dependem de ônibus, unidades de saúde e escolas públicas. Binários e asfalto não resolvem os problemas de mobilidade urbana que afetam essas curitibanas e que acentuam a desigualdade social em nossa cidade.

Quer receber mais notícias sobre assédio de rua Curitiba?

Outras notas