O Expresso na História: um macarrão curitibano

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Na terceira edição da coluna de reminiscências sobre as principais indústrias de Curitiba, o nosso parceiro e jornalista Diego Antonelli fala sobre a Todeschini, a fábrica de macarrão “sublime” que ficava na Av. Sete de Setembro, esquina com a Bento Viana, ali no Batel. Conta mais, Diego:

Crédito: Fundação Cultural de Curitiba/Curitiba Antiga

🛳 Aos 26 anos de idade, o italiano Giuseppe Todeschini decidiu atravessar o Atlântico com destino ao Brasil. Natural da província de Verona, ele chegou ao país em 1877, onde construiu uma grande indústria alimentícia que marcou a vida de gerações de brasileiros.

Quando tudo começou: em 1880, depois de anos trabalhando na construção de casas e juntando recursos, Giuseppe comprou um lote na atual Avenida Sete de Setembro. Foi ali que o italiano começou a botar seu sonho na prática: montou a primeira indústria de macarrão do sul do Brasil. Segundo o pesquisador Lúcio Borges, as primeiras máquinas usadas para fabricar o macarrão foram projetadas e construídas pelo próprio Giuseppe. 

🍝 A empresa surgiu com o nome “Fábrica di Paste Alimenticie”. Mas era modesta: tinha apenas seis funcionários, e a produção era feita na casa de Giuseppe. Havia resistência de parte da população contra alimentos industrializados ou pré-preparados. O comum era as pessoas produzirem suas próprias comidas.

O que o empreendedor italiano fez? Apostou na simpatia. Giuseppe chegava a ensinar a maneira de cozinhar a massa e até como enrolá-la no garfo. Não raro, ele próprio comia a macarronada acompanhado de algum freguês. 

🏭 A fábrica em si, em plena Avenida Sete de Setembro, surgiu em 1906, com a construção de um chalé de dois andares, de tijolos. A indústria passou a se chamar “José Todeschini & Filhos” — Giuseppe teve oito filhos e três filhas, que tocaram a empresa após a morte do pai, em agosto de 1922. A produção de macarrão se consolidou, ganhou o Brasil e avançou para o ramo de balas e depois, biscoitos, com atuação nacional.

Crédito: Levy Leiloeiro

Mudanças: Na década de 1970, a indústria saiu das instalações originais e migrou para o bairro Pinheirinho. A empresa continuou com a família até começar a enfrentar dificuldades financeiras, de gestão e mais concorrência, a partir dos anos 2000. Em 2006, a saída encontrada para não fechar as portas foi uma parceria com a Imcopa, processadora de óleo e farelo de soja com sede em Araucária. Mas, em 2013, a crise foi irreversível e a centenária empresa fechou as portas

Curiosidades:

  • O terreno da antiga fábrica da Todeschini, na Sete de Setembro, abriga hoje um condomínio residencial — mas, nos anos 1990, foi sede do Shopping Todeschini. Quem aí se lembra?
  • Em 2017, a marca Todeschini voltou às gôndolas de supermercado: a indústria paulista Selmi, fabricante dos produtos Galo e Renata, licenciou a marca curitibana e começou a produzir massas e biscoitos com a embalagem Todeschini.

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