Centro? Periferia? Norte? Sul? Pra cima?
Um pouco dessa resposta a gente pode encontrar num estudo recente que o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (o famoso IPPUC) lançou, com o objetivo de entender a produção imobiliária na cidade entre os anos 2000 e 2016.
Alguns insights
Um dos pontos mais interessantes é perceber como as regiões mais periféricas e afastadas do centro receberam mais construções com o passar do tempo.
Apesar de um movimento constante, é nos últimos 5 anos que os empreendimentos deixaram de se concentrar tanto no centro. Dá uma olhada no mapa e na descrição abaixo (retirados da página 16 e 17 do relatório).
“Se agrupada a série histórica em três momentos distintos – 2000 a 2005, 2006 a 2010 e 2011 a 2016, é possível verificar através da concentração de empreendimentos concluídos uma tendência de periferização ou espraiamento, direcionada especialmente no sentido sudoeste do município, onde a ocupação urbana ainda não está consolidada e onde o preço da terra é inferior”.
Outra consideração diz respeito à densidade dos empreendimentos imobiliários: apesar de um crescimento de construções em regiões periféricas, os imóveis que concentram um maior volume de pessoas ainda estão concentrados na região central de Curitiba.
Basicamente, quanto mais pessoas cabem num imóvel, maior a densidade. A facilidade de construir edifícios com mais andares no Centro é um dos fatores que ajudam com essa proporção.
E, pra finalizar, o terceiro ponto que consolida um pouco a percepção cada vez mais comercial e menos habitacional que temos do Centro mostra a produção imobiliária de imóveis destinados ao uso comercial.
São praticamente duas décadas de dados que sintetizam uma grande concentração de imóveis de serviço na área central e uma ENORME concentração nos bairros Hauer e Boqueirão.
O que tudo isso quer dizer?
Já falamos aqui do nova Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo da Cidade.
No dia 1º de agosto de 2018, quando o prefeito entregou o projeto para aprovação e votação da Câmara, ele destacou a necessidade de se pensar em revitalizar o Centro de Curitiba com habitação. Disse ele: “Só as famílias moradoras salvarão o Centro, que não pode ser uma carcaça que fecha com os bancos e com as portas metálicas às 16h30”.
Esse deve ser um dos focos da nova lei que deve ser aprovada ainda no primeiro semestre de 2019: pensar em espaços e soluções para revitalizar o Centro depois que todo mundo vai pra casa.
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Para aprofundar: aqui tem o relatório completo do IPPUC que mostra todos esses pontos que falamos aqui e mais detalhes.