Levantamento d’O Expresso Curitiba mostra, pela primeira vez, a diferença salarial entre homens e mulheres em Curitiba e outras capitais brasileiras.
A análise foi feita com base em dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados pelo Ministério do Trabalho, que consideram apenas empregos com carteira assinada.
Ao final de 2021, as mulheres de Curitiba ganhavam, em média,
E os homens,
Isso dá uma diferença de
A cultura de que a mulher recebe menos precisa ser rompida. É uma coisa velada, uma preferência machista, baseada nos papéis tradicionais. Enquanto não houver igualdade nas atividades domésticas, a mulher terá um fator limitador em sua inserção no mercado profissional.
O gap salarial entre homens e mulheres em Curitiba é maior do que a média da maioria das capitais, como mostra o mapa. Curitiba é a quarta capital em desigualdade salarial de gênero, segundo dados do quarto trimestre de 2021: fica atrás apenas de Belo Horizonte (15,8%), Cuiabá (9%) e Vitória (8,7%).
Com a pandemia, a situação piorou em Curitiba: o gap salarial de gênero aumentou. Entre março de 2020 e dezembro de 2021, o salário mediano das mulheres aumentou menos que o dos homens – e a diferença salarial foi de 4,6% para 8,35%.
A expectativa de responsabilidade pelas atividades de cuidado recai sobre a mulher. E isso impacta muito: o emprego, sob essa ótica, vira secundário, e isso restringe a participação da mulher no mercado de trabalho.
Essa diferença salarial varia de acordo com vários fatores. Um deles é a raça.
Quando se fala em diferença salarial de gênero e raça, há dois fatores de discriminação que se somam: o racismo e o machismo. Mulher e negra. Isso torna a situação pior.
Outro fator muito interessante é o grau de escolaridade: de forma geral, os dados mostram que, quanto mais instruída é a mulher, maior a diferença salarial em relação aos homens (à exceção de quem tem diploma de doutorado).
A mulher tem mais escolaridade do que os homens, segundo o IBGE, mas isso não diminuiu a diferença salarial, que é ainda maior em cargos altos. É uma questão cultural, de que a mulher não precisa receber tanto quanto o homem.
As mulheres geralmente têm mais dificuldade de galgar postos mais altos e que consequentemente pagam melhor.
A diferença salarial também varia de acordo com o setor de ocupação: atividades relacionadas à informação e comunicação (como produção de rádio e TV, cinema e serviços em tecnologia da informação) tinham o maior gap salarial de Curitiba ao final de 2021.
Se essa discussão não chegar na mesa do diretor, do presidente, nós sempre iremos esbarrar na mesma tecla. Na hora de promover alguém, quase sempre olham para um homem, e não para uma mulher. É aquele pensamento pejorativo de que a mulher vai engravidar, vai pegar licença maternidade.
Para muitos, o trabalho da mulher é visto como custo, e não como investimento.
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